891kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

i

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Medina em modo construtor, mas (ainda) sem sistema para fiscalizar que as rendas se mantêm mesmo acessíveis

Exemplos de intervenção da CML na habitação para a classe média acabaram por ser desvirtuados, mas o socialista ainda não tem forma de evitar que aconteça o mesmo a programa de rendas acessíveis.

Frente a um painel com pontinhos vermelhos espalhados pelo mapa da cidade que mostra o plano de Fernando Medina para o investimento em habitação pública, o candidato socialista fala longamente das casas construídas, distribuídas, das que estão em projeto e em estudo. Fala do conturbado processo de licenciamento, no falhanço da meta (que agora é mais controlada), do exemplo europeu de política da habitação a que aspira e também de um buraco negro neste sei programa de renda acessível: não há fiscalização depois da atribuição das casas.

O sonho é Amesterdão. No terraço do prédio que está a ser construído de raiz mesmo ao lado do famoso bloco de edifícios da EPUL, construídos em 2008, Medina está de colete reflector e capacete e pó de obras por todo o lado e vai desfiando projetos e projetos, bolinhas pequenas e maiores no mapa de Lisboa que aponta e explica detalhadamente cada um. Fala no exemplo holandês: “Amesterdão tem 42% dos fogos com condicionamento de rendas”. Em Lisboa, “não há um número mágico, mas tem de chegar a ser significativo”, assume. E isto quando o objetivo é ter “impacto nos preços do mercado”, coisa que não acontecerá tão rapidamente já que do total de 330 mil fogos de Lisboa, a CML conta ter 20 mil seus para o ano, uma gota de 6% no oceano. Quando chegar aos 10 mil, Medina diz que o tal impacto no mercado começará a acontecer.

Entretanto, espera que, até ao final do ano, possa começar a entregar as primeiras casas, a rendas acessíveis, das 128 que estão naquele primeiro bloco (são quatro e ao todo serão 476 casas, um jardim, área comercial e uma creche). Num programa bem diferente do que está ali ao lado, da EPUL, e que hoje já não tem praticamente a morar os proprietários originais.

O candidato e presidente da CML lembra que nos tempos em que foram construídos “era construção para vender, com o apoio da CML sobre o preço dos terrenos que depois revertiam para o proprietário”. O que aconteceu foi que as casas acabaram por serem vendidas, alugadas ou colocadas no mercado de alojamento local. E se os preços de compra foram abaixo do de mercado, os praticados no negócio que se seguiu já não o eram. “Aqui não será assim”, garante Medina.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Os concorrentes têm de cumprir várias condições, que cruzam rendimentos com o número de pessoas no agregado familiar, e a taxa de esforço de referência, para o cálculo da renda, é de 30%. O contrato é sempre de arrendamento e revisto a cada cinco anos para verificar se as pessoas se mantêm dentro do mesmo patamar de rendimentos, caso seja diferente, a situação muda. Ao fim de 75 anos de concessão, a propriedade dos edifícios passa para a CML, não passa para os privados.

Mas como vai controlar que as casas distribuídas por sorteio para as rendas acessíveis não acabam no mercado paralelo a preços bem mais elevados? Ainda não se sabe. Já há casas distribuídas ao abrigo deste programa, no entanto, “ainda não está montada uma equipa de fiscalização do sistema. Mas a questão tem de ser resolvida”, responde Medina ao Observador. Por agora só mesmo a pressa em dar a chave a quem se candidatou e teve casa atribuída, foram cerca de 500 até aqui, muito abaixo das 6 mil prometidas pelo socialista há quatro anos. “Nos edifícios grandes haverá um zelador para controlar as situações”, detalha Inês Ucha, a presidente do conselho de administração da SRU faz parte da lista de Medina e que o candidato aponta como futuro responsável por este tipo de obras.

A litigância, queixa-se o autarca, é o maior inimigo do avanço destes projetos. Depois há a fiscalização do Tribunal de Contas que Medina já criticou amplamente. A experiência destes anos leva-o a ser mais contido nas promessas para o mandato a que se candidata: “A expectativa é ter 5 mil atribuídas ao longo do mandato”. Como garante que desta vez é que é? Agora muitas destas casas prometidas já estão em obra. Quanto ao retorno, Medina garante que começa a acontecer assim que a Câmara recebe rendas e Inês Lobo, que é a número dois da sua lista, acrescenta ao Observador que os espaços comerciais existentes em alguns dos condomínios que estão a ser criados são essenciais para esta receita, tendo em conta que a renda praticada aí já será aos preço de mercado.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Os “cérebros” e os “descontozinhos” de Moedas

É o programa que Medina mais tem apontado à cabeça das suas políticas e particularmente quando quer atingir a direita na disputa pelo eleitorado de classe média. A Carlos Moedas, seu adversário mais direto nessa frente, o candidato do PS acusa ter apenas como plano alternativo  a este programa “propor-se dar uns descontozinhos às famílias”. “Tantos meses e tantos cérebros a pensar e ainda não conseguiu dar resposta ao problema de habitação” em Lisboa, atirou ao social-democrata a meio da iniciativa de campanha onde mostrou obra da CML.

Isto tudo no mesmo terraço. Depois seguiu num do mini-autocarros descapotáveis da sua candidatura até à Avenida Estados Unidos da América, visitou o andar modelo de um dos dois prédios, que totalizarão 96 casas também para arrendamento acessível, e que estão também em obra. Subiu pala escada de serviço até ao primeiro andar, mas quis ir ao último andar ver a vista. Doze andares (por agora) sem elevador que o candidato galgou para sublinhar a localização privilegiada do edifício, face às rendas que serão cobradas a quem calhar com a casa em sorte.

É um programa de que Medina se tem gabado nesta campanha — e que tem sido muitas vezes abordado com casos concretos de problemas de habitação pela cidade, de jovens e idosos — e que não gosta que ninguém reclame para si. Aliás, foi por isso que na segunda-feira, num comício ao fim do dia em Arroios, se atirou ao Bloco de Esquerda que colocou o pé, em campanha. num dos edifícios puxando a si alguns dos louros. É tema que transtorna o socialista que nesse comício disparou sem apelo nem agravo sobre a esquerda: “Não teria havido uma única casa de rendas acessíveis se o PS  não tivesse ganhos as eleições”.

E esta terça-feira, no terraço de uma das obras que quer associadas à sua gestão da CML, cravou fundo a diferença para o BE nesta matéria. Diz que ao contrário do partido liderado por Catarina Martins “não tem nenhum dogma” e é que isso mesmo que o “afasta do Bloco. Não tenho preconceitos”. Medina é contra deixar os privados fora disto e que a concessão a privados “tem virtudes”. O argumento distancia-o da esquerda e, mais uma vez, pisca o olho ao centro.

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça até artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.