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Quando Garret McNamara surfou a maior onda do mundo na Nazaré em 2011, colocou a pequena vila do oeste no mapa.
Existe uma Nazaré pré-Garret e uma Nazaré pós-Garret.
De que forma mudou esta jóia da costa portuguesa?

Mercedes-Benz e Nazaré: um passado, um presente e um futuro

“Quando chegámos à Nazaré, era muito silenciosa, uma vila lindíssima”, explicou-nos Garrett McNamara, o surfista americano de 55 anos, que chegou, pela primeira vez, à Nazaré, em 2011. “Depois da onda record, tornou-se muito ativa. Não tanto como nos meses de verão, mas de repente, todo o mundo queria ver a Nazaré.”

Cada vez que se aproxima a época do inverno, e as previsões indicam grandes ondas, centenas de visitantes, portugueses e estrangeiros, convergem no promontório da Nazaré para ver um verdadeiro espetáculo da natureza: as ondas gigantes da Nazaré. “Foi uma grande e bonita transformação, trazendo oportunidades para todos, para os nazarenos e para os portugueses”, concluiu.

Pelos seus olhos, viu a Nazaré transformar-se – de um local onde os jovens partiam para o estrangeiro para perseguirem os seus sonhos, para um local de orgulho – o local das maiores ondas do mundo – e onde os jovens encontram novas oportunidades de negócio e carreira e parece que todos querem “voltar a casa”.

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Garrett McNamara

Também para o americano, natural do Hawaii, a pequena vila do oeste português se tornou uma segunda casa. “A Nazaré é a minha segunda casa, e quando lá estou, parece a minha primeira casa”, contou. Foi no Hawaii, onde cresceu, que começou no surf, mas é um Portugal que encontrou o seu maior desafio e onde os seus projetos futuros se concentram.

Os locais abraçaram o surf de ondas grandes como seu e, por extensão, também Garrett e a sua família. “É difícil ganhar a confiança dos nazarenos, e sinto-me privilegiado por ter sido aceite como um deles. Gosto muito de todos na Nazaré e são como uma segunda família para mim”.

Quando se propôs a surfar as ondas gigantes da Nazaré, Garrett tinha “uma visão muito clara do que queria alcançar”, e isso só foi possível graças a uma equipa grande, composta por profissionais do surf e agentes locais, que tornaram o projeto possível.

“Eram necessários, jet skis, procedimentos de segurança, previsões meteorológicas, equipas…”, explicou o surfista. E tudo isso aconteceu, através da colaboração com empreendedores locais, figuras-chave na Câmara Municipal, e da Marinha Portuguesa, que forneceu mapas do fundo do mar e das correntes marinhas, e dos bombeiros locais e equipas de emergência, o que tornou possível a criação das condições seguras à prática deste desporto.

A onda gigante da Nazaré

“Existe uma Nazaré pré-Garret e uma Nazaré pós-Garret”, explica Lino Bogalho, um empreendedor local e uma das pessoas responsáveis pelo desenvolvimento do surf de ondas grandes na Nazaré, referindo-se ao momento em que Garret McNamara surfou a maior onda do mundo em 2011, batendo um record mundial e levando a Nazaré a todas as televisões do mundo.

Nas últimas décadas, a Nazaré tornou-se um ponto turístico relevante em Portugal, mesmo antes do surf. “A Nazaré, enquanto praia, tem algo que não encontramos nas redondezas. À distância de uma rua, a marginal, temos tudo”. Durante os meses de junho a setembro, a pequena vila recebe mais de 100.000 pessoas. Os negócios turísticos e restauração florescem durante esta época.

Lino Bogalho

Então, o que a onda de McNamara mudou? Segundo Lino, tudo. “Estamos a falar de uma região que deixou de ter a sazonalidade que tinha, e isto reflecte-se no volume de todas as atividades e negócios”, explica. A Nazaré continua a ter um pico nos meses de Julho e Agosto, no entanto, começou a ser procurada pela sua qualidade de vida nos restantes dez meses do ano.

O impulsionamento e crescimento do surf de ondas grandes na Nazaré foi um projeto começado pela autarquia, chamado North Canyon Project, para aproveitar o recurso natural – o canhão da Nazaré – que cria ondas gigantes na Praia do Norte, e colocar a Nazaré no mapa como um ponto de interesse para o desporto do Surf. Este processo está bem documentado na série “100 Foot Wave”, protagonizada por Garret McNamara e com a participação de vários heróis locais, e está disponível em streaming na HBO.

As ondas grandes, muito desejadas por estes surfistas, acontecem entre os meses de Outubro e Março. O tow surf (o surf praticado nas ondas gigantes, em que os surfistas são “rebocados” através de jet ski) é um desporto que necessita de logística, equipamento e tempo. Aqui se encontrou a mistura perfeita para revitalizar e impulsionar o crescimento de negócios já existentes, como o imobiliário, os sazonais, como a restauração e o alojamento local, e novos, em torno do surf, durante os meses de inverno.

“Tinhamos hóteis que fechavam durante seis meses e isso deixou de acontecer. Não havia procura de imóveis com valores acima de 500k e agora existe. A comunidade residente passou a falar todas as línguas da Europa. É uma mudança de volumetria em todos os negócios”, explica Lino, também ele um empreendedor que “veio com a onda” de McNamara e que atualmente tem um negócio de atividades de lazer e experiências aquáticas na Nazaré.

“Há um novo impulsionador de toda a região, e esse impulsionador são ondas gigantes”, declarou. Elas sempre existiram graças ao fenómeno do canhão da Nazaré, mas a diferença é que uma comunicação global do fenómeno, trouxe uma nova perspectiva sobre ele, as ondas gigantes que impediam os pescadores de se fazerem ao mar durante grande parte do ano, são agora uma fonte de orgulho e de desenvolvimento.

A pandemia e as possibilidades trazidas pelo teletrabalho fizeram com que a Nazaré tivesse uma procura por nómadas digitais, amantes do surf, atletas profissionais e da indústria cinematográfica em torno do surf de ondas grandes. Tudo isto tem uma repercussão positiva no desenvolvimento da região.

“Mas não é tudo um mar de rosas”, explica Lino. É preciso fazer um trabalho de acompanhamento deste desenvolvimento, porque ao ritmo de crescimento que estamos a ter, a pressão imobiliária irá afastar os locais e isso pode levar, a médio-prazo, à descaracterização da região. É necessário controlar e garantir a acessibilidade dos locais”.

No entanto, mantém uma posição otimista e vê um futuro que, bem alavancado, pode ser um salto para a Nazaré e os nazarenos. “Isto é ainda um bébé, e que só irá crescer”, conclui.

Uma vila sustentável, em harmonia com o mar

A visão de Garrett para a Nazaré não era apenas que se tornasse o local onde os recordes são batidos, mas sim o desenvolvimento de uma comunidade que cresce em conjunto e de uma forma sustentável e ecológica.

Este é um projeto que conta com o apoio de algumas parcerias estratégicas – uma delas com a Mercedes-Benz Portugal, que o apoia neste projeto há mais de 10 anos. Quando Garrett bateu o record da maior onda alguma vez surfada, foi a Mercedes-Benz que entrou em contato. Juntos, desenharam e construíram o protótipo da melhor prancha de surf para as ondas grandes, e partilharam-na com o mundo: hoje está nas mãos (e debaixo dos pés) de surfistas em todo o mundo.

De acordo com Jorge Aguiar, Diretor de Marketing e Comunicação Mercedes-Benz, a marca está num processo de transição para o que considera ser o futuro. Com a sustentabilidade como pano de fundo, a Mercedes-Benz está focada no objetivo de 0% de emissões. No processo, estão a transitar a sua frota para modelos 100% elétricos, para fábricas neutras em emissões (através da utilização de energia verde, auditorias rigorosas de fornecedores com práticas sustentáveis e offset das restantes emissões através de outros projetos) e energia verde em todos os carros c.

Não é um caminho curto, mas há 10 anos atrás a visão de Garrett convergiu com a da marca. Juntos, construíram o Mercedes-EQ Lounge, na Nazaré. Trata-se de um antigo armazém reconvertido num espaço totalmente sustentável. A decoração do espaço é totalmente feita com produtos reaproveitados da vila, incluindo redes de pesca e outros objetos recuperados do mar da Nazaré. A eletricidade é fornecida através de painéis solares e é armazenada em antigas baterias de carros elétricos Mercedes-Benz.

A primeira função do espaço é ser a “base” de Garrett – é aqui que o seu equipamento é guardado, que se prepara a si e às equipas para enfrentar as ondas, dá formação sobre segurança no surf da Nazaré e entrevistas enquanto embaixador de tow surfing e da vila.

“No entanto, este espaço está aberto a outras entidades e a projetos locais, não é apenas nosso”, explica Jorge Aguiar. Em conjunto com Garrett, desenvolvem e apoiam várias iniciativas – desde conferências sobre sustentabilidade a iniciativas de awareness para pescadores para que se coloque fim à prática de abandonar redes de pesca no oceano. Estas ações e eventos recorrem sempre a fornecedores e negócios locais. “O que faz sentido é continuar sempre a devolver à vila, impactar localmente alavancando a sua economia”, termina.

“Procuro trabalhar com pessoas que liderem através do exemplo, com uma boa missão”, diz Garrett. E foi isso que encontrou nesta parceria. É também a partir do lounge que coordena as ações da McNamara Foundation, cuja missão é, também, que todos vivam ecologicamente. “Queremos ser os guardiães da terra, e empoderar outros a serem-no também”. Assim, através do projeto da fundação, Waves of Life, criam experiências para várias audiências – pescadores, crianças e até refugiados – para que conheçam as ondas da Nazaré e descubram como as podem proteger. “Fazemos com que se apaixonem pelo oceano e pela mãe natureza, e depois ensinamos como os podem proteger. Como podemos esperar que protejam algo que não conhecem?”, explica.

Na perspetiva do surfista, ainda há muito a fazer: criar leis que protejam a vila de um crescimento desmesurado de novas construções, empoderar agricultores dedicados à agricultura biológica, apoiar projetos ecológicos, transitar para 100% energia verde através de apoios da União Europeia.

“Provavelmente tomará 10 anos de trabalho árduo e eficiente e em 30 anos toda a vila poderá ser sustentável e ecológica. Só é necessário pessoas decididas e com um grande coração”, termina. “A mudança é difícil, é assustadora, mas assim que acontece da forma correta, todos beneficiam e ficam felizes. Estou confiante de que estamos na direção certa.”

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