Conta a lenda que, ao nascer do dia 14 de setembro de 1182, D. Fuas Roupinho caçava pelo litoral envolto por um denso nevoeiro, quando avistou um veado e de imediato o começou a perseguir, isolando-se dos seus companheiros no meio do nevoeiro. Já no cimo da falésia, reconheceu o local onde estava: mesmo ao lado de uma gruta onde se venerava a imagem da Virgem Maria com o Menino Jesus. Apercebendo-se do perigo mortal em que se encontrava, na beira do precipício, rogou em voz alta “Senhora, Valei-me!”. De imediato, o cavalo estacou, fincando as patas no penedo rochoso, suspenso sobre o vazio, salvando- se, assim, a montada e o cavaleiro de uma queda de mais de 100 metros. Para agradecer o milagre, D. Fuas mandou erguer, por cima da gruta, uma capela – a Ermida da Memória.
![](https://bordalo.observador.pt/v2/q:84/rs:fill:853:852/c:853:852:nowe:71:0/plain/https://s3.observador.pt/wp-content/uploads/2022/09/22154742/mc-observador00015.jpg)
Estamos no Sítio, o local com uma das panorâmicas mais famosas da costa portuguesa. Situado no topo de uma formação rochosa, que desce 318m a pique até ao mar, é aqui que encontramos muitos dos vestígios da tradição e cultura nazarena. Além da Ermida da Memória, que conta a história da sua lenda, foi construído também nesta praça o Santuário de Nossa Senhora da Nazaré, uma visita imprescindível para os crentes.
![](https://bordalo.observador.pt/v2/q:84/rs:fill:824:824/c:824:824:nowe:0:205/plain/https://s3.observador.pt/wp-content/uploads/2022/09/22155644/mc-observador00024-1-1.jpg)
Neste largo, encontramos também as tradicionais nazarenas a venderem os doces e artesanato locais. Na sua pequena oficina, o Senhor Teixeira esculpe barquinhos de madeira, reproduções dos barcos típicos da pesca da Nazaré, há mais de 30 anos. “Já o faço há uns bons anos porque gosto do que faço”, confessa. Estas esculturas não são apenas um bom souvenir, são também a lembrança daquilo que é um traço marcante da cultura nazarena: a sua ligação com o mar.
![](https://bordalo.observador.pt/v2/q:84/rs:fill:809:809/c:809:809:nowe:0:108/plain/https://s3.observador.pt/wp-content/uploads/2022/09/22160114/mc-observador00007-1.jpg)
A Nazaré sempre foi, e ainda é, uma vila piscatória. A arte xávega é um dos mais antigos e característicos processos de pesca artesanal da Nazaré. Foi introduzida em meados do século XVIII pelos pescadores vindos de Ílhavo e da Costa de Lavos, que se fixaram na nova praia. Com eles trouxeram as grandes redes de arrasto, que aqui foram modificadas e adaptadas às condições da costa nazarena, tornando-se mais pequenas e mais eficazes na faina. As embarcações saem ao mar durante a manhã para lançar as redes que, à tarde, são “aladas” (puxadas) a partir de terra, por homens, mulheres e crianças. Esta arte ainda é por vezes recriada, e abraçada pelos turistas que participam nestas recriações.
![](https://bordalo.observador.pt/v2/q:84/rs:fill:799:799/c:799:799:nowe:0:0/plain/https://s3.observador.pt/wp-content/uploads/2022/09/22160545/mc-observador00005-1.jpg)
A ferocidade do mar da Nazaré fez com que a pesca fosse uma atividade extremamente sazonal e pouco lucrativa. As nazarenas, para sustentarem a família, dedicavam-se a vender o peixe nos mercados da região. O mercado da Nazaré continua a ser um local a não perder para quem visita a região, onde encontramos ainda peixe fresco e local, vendido por quem herdou o conhecimento agregado por gerações. Marta Meca, mais conhecida por Marta do Berbigão, vende marisco no mercado há mais de 11 anos – um negócio que herdou da tia, que o fez por mais de 45 anos. Bela, de 71 anos, é peixeira desde os 12 e conta-nos que os prediletos continuam a ser o safio, a raia, as lulas – ingredientes para a famosa Caldeirada, a especialidade em restaurantes da região.
![](https://bordalo.observador.pt/v2/q:84/rs:fill:815:815/c:815:815:nowe:0:0/plain/https://s3.observador.pt/wp-content/uploads/2022/09/22160857/mc-observador00008-1.jpg)
Na praia, Idalisa vende o peixe seco há mais de 25 anos (antes disso vendeu peixe fresco por mais de 30). Secar o peixe é uma tradição que nasceu noutros tempos, em que a secagem do peixe era um importante método de conservação, para sobreviver em tempos de escassez, ou em que a fúria do mar impedia a faina dos homens. É também um saber maioritariamente feminino, passado de geração em geração, e que continua a acontecer todos os dias na vila. O peixe é arranjado e posto a secar nos paneiros ao sol – os peixes mais comuns de encontrar aqui são o carapau, a sardinha e o polvo. O Museu do Peixe Seco é um museu vivo – podemos encontrar esta tradição mesmo à beira da Praia da Nazaré.
![](https://bordalo.observador.pt/v2/q:84/rs:fill:801:801/c:801:801:nowe:384:24/plain/https://s3.observador.pt/wp-content/uploads/2022/09/22163327/mc-observador00022-1.jpg)
Para quem a conhece, a vila sempre foi uma jóia do turismo português. A Nazaré, enquanto praia, tem algo que não encontramos nas redondezas: proximidade. À distância de uma rua, a marginal, temos tudo. A parte antiga da vila concentra em pouco espaço, todo o comércio e serviços necessários a dois passos da praia, tornando-a um destino de férias desejável, em que é possível fazer o dia a dia, visitar espaços culturais, e ir à praia ou praticar desportos aquáticos, deslocando-se sempre a pé. As casas desta zona, pequenas e construídas num espaço que antes eram antigos locais de armazenagem de pesca, tornaram-se alojamentos locais, que durante os meses de junho a setembro, recebem mais de 100.000 pessoas.
![](https://bordalo.observador.pt/v2/q:84/rs:fill:853:853/c:853:853:nowe:213:0/plain/https://s3.observador.pt/wp-content/uploads/2022/09/22162629/mc-observador00018.jpg)
A praia da Nazaré oferece águas cristalinas e um longo areal que se estende do promontório até ao Porto de Abrigo. O porto, construído apenas na década de 80, veio facilitar a entrada dos barcos de pesca no mar e é agora também a porta de entrada para inúmeras atividades aquáticas possíveis na Nazaré – desde excursões de barco para ver golfinhos, a jet ski’s e desportos aquáticos até às experiências de adrenalina nas ondas grandes da Nazaré.
![](https://bordalo.observador.pt/v2/q:84/rs:fill:799:798/c:799:798:nowe:180:52/plain/https://s3.observador.pt/wp-content/uploads/2022/09/22163649/mc-observador00021.jpg)
Não podemos falar das ondas grandes da Nazaré, sem falar da onda surfada por Garret McNamara em 2011, que colocou os olhos internacionais nesta pequena vila portuguesa. E a melhor forma de o fazer é descer o promontório até ao farol. A descida em si já vale a pena pelas vistas de cortar a respiração – do lado esquerdo a calma praia da Nazaré oferece-nos águas cristalinas que apelam a um bom dia de praia. Do lado direito as ondas da Praia do Norte incitam os mais aventureiros.
![](https://bordalo.observador.pt/v2/q:84/rs:fill:853:853/c:853:853:nowe:0:65/plain/https://s3.observador.pt/wp-content/uploads/2022/09/22163859/mc-observador00019.jpg)
Pelo caminho, passamos pelo Veado, uma estátua de mármore e aço que é um
homenagem à lenda de Nossa Senhora da Nazaré – representado no veado que levou D. Fuas Roupinho a ser salvo pela Santa – e aos surfistas que enfrentam as ondas de mais de 30m da Nazaré. O Forte de São Miguel, agora aberto ao público, alberga o antigo farol e é agora o local mais procurado pelas centenas de pessoas que vêm para observar as ondas gigantes da Nazaré, causadas pelo fenómeno do Canhão da Nazaré.
![](https://bordalo.observador.pt/v2/q:84/rs:fill:853:853/c:853:853:nowe:0:213/plain/https://s3.observador.pt/wp-content/uploads/2022/09/22164226/mc-observador00012.jpg)
Da pesca, passando pelo turismo até ao surf, a Nazaré sempre será um local de eterna ligação ao mar. Não há dúvidas de esta ligação é um dos principais atratores de visitantes à pequena vila, o que leva à criação de novas oportunidades, novos negócios e novos espaços de logística – desde a utilização de velhos armazéns para arrumar os materiais que são necessários à Internal prática de towin surfing, mas também à criação de espaços de lazer e de trabalho para os surfistas nacionais e internacionais – como o Mercedes-EQ Lounge.
É neste âmbito que a Mercedes-Benz e o Observador se unem para celebrar esta ligação, com o projeto Nazaré de A-Z, uma série de conteúdos que descobre a história, a cultura, os projetos desenvolvidos na Nazaré e o seu futuro e culmina a 29 de setembro, numa celebração do Dia Mundial do Mar, com uma emissão especial da Rádio Observador na Nazaré.
Conheça a iniciativa aqui