Um dia em tudo semelhante a uma montanha russa: começou calmo, acelerou ao almoço, travou à tarde e a velocidade máxima ficou guardada para o jantar, com a presença de Jerónimo de Sousa no jantar em Lisboa.

A primeira ação do dia, junto da população no Montijo só não foi mais fria porque o calor atirou as pessoas para as esplanadas e João Ferreira aproveitou a oportunidade para substituir nas mãos dos clientes as bebidas frescas por panfletos. Ouviu ainda um ex-trabalhador da Lisnave, apoiante fervoroso do PCP: “Deviam ser 100 no Parlamento Europeu” gritou logo após uma breve troca de palavras com o eurodeputado.

Depois de meia hora de viagem até Palmela, foi recebido em grande festa por cerca de 150 funcionários da câmara municipal de executivo CDU na Sociedade Filarmónica Palmelense. O discurso foi animado, as reações dos que se atropelavam entre mesas e cadeiras bastante audíveis e as bandeiras da CDU estiveram quase em permanência a ondular sobre as cabeças.

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Numa tentativa de aproximação aos muitos trabalhadores da Autoeuropa, a CDU ficou com a hora estratégica de troca de turno, logo após uma ação do BE (que alterou a hora para que as duas caravanas não se cruzassem), mas nem por isso a receção foi a melhor. Muitas críticas dos trabalhadores à política e aos políticos, vários convites para que “apareçam quando fazem falta e não quando precisam de votos” e algumas menções também às recentes notícias sobre os ordenados dos eurodeputados. Se servir de consolo, a receção ao Bloco de Esquerda não foi melhor.

Para a noite foi agendado ainda um jantar só com mulheres, na Casa do Alentejo, em Lisboa onde se espera que campanha volte a aquecer já que o primeiro dia, entre receções frias e receções quentes, não foi mais que morno.

“Não há tempo para deixar conversas por fazer”

A frase foi deixada aos apoiantes da CDU que acompanharam João Ferreira no início do primeiro dia. O discurso a eles dirigido foi breve, mas mais direto era difícil. Aos apoiantes o candidato às Europeias disse que mais que duas semanas intensas, não há tempo a perder e conversas por calar. João Ferreira tem apelado a todas as pessoas com quem se tem cruzado: dia 26 é dia de ir às urnas votar e conta com os apoiantes da CDU para mobilizarem quem os rodeia e, claro, para deixarem o voto no último quadrado.

Altos: A recetividade dos trabalhadores da Câmara Municipal de Palmela, manifestamente entusiasmados com a visita de João Ferreira e pelo momento de convívio proporcionado tinha sido o único momento do dia em que foi possível ver o entusiasmo da caravana. À chegada ao jantar, numa sala que reúne mais de 400 pessoas, completamente lotada a aclamação à CDU foi grande, resta saber se a chave foi a presença de Jerónimo de Sousa.

Baixos: Durante a ação na Autoeuropa João Ferreira optou por não responder diretamente às interpelações dos trabalhadores e reservar um momento no final apenas para falar aos jornalistas. Foi mais de meia hora junto aos torniquetes de controlo de entradas e saídas na empresa que acabou por saber a pouco a quem escutava algumas críticas diretas à CDU e aos eurodeputados. Terá sido uma oportunidade perdida para esclarecer mais de um milhar de trabalhadores muitos deles descontentes com as condições de trabalho? “Valorizar o trabalho dos trabalhadores, mais força à CDU”, mas não seria melhor ter esclarecido as questões com que foi confrontado?

João Ferreira aqueceu assim os motores da campanha, no primeiro dia oficial. Entre os discursos da noite e do dia, as ações de campanha eram sempre de panfleto na mão a tentar meter conversa com os eleitores. João Ferreira dizia, aliás, que nestas duas semanas “não há tempo para deixar conversas por fazer”. E foi o que tentou fazer com mais ou menos sucesso. Sempre de panfleto na mão.


Quilómetros percorridos hoje: 67. A caravana da CDU iniciou a viagem no distrito de Setúbal às 10:30 e terminou no almoço em Lisboa às 20:00. Montijo – Palmela – Autoeuropa – Lisboa.