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Os leões sagraram-se campeões nacionais pela segunda vez em quatro anos
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Os leões sagraram-se campeões nacionais pela segunda vez em quatro anos

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Os leões sagraram-se campeões nacionais pela segunda vez em quatro anos

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

O mercado, o plano A e as recuperações: as três chaves que tornaram o pior Sporting de Amorim no melhor Sporting de Amorim

Há um ano, Rúben Amorim estava em 4.º e tinha uma equipa curta. Um ano depois, é novamente campeão. Entre mercado, Gyökeres e jogadores recuperados, o pior Sporting tornou-se no melhor Sporting.

Depois de 19 anos de desilusões, surgiu alguém que trouxe o que poucos adeptos do Sporting achavam possível: dois Campeonatos em quatro anos. Rúben Amorim chegou a Alvalade em março de 2020, revolucionou um clube que estava preso a duas décadas de apostas ao lado, decisões em falso e esperanças infundadas.

Há apenas um ano, porém, Rúben Amorim estava a terminar a temporada no 4.º lugar da Liga, fora do apuramento para a Liga dos Campeões e longe do rendimento recente. Um ano depois, Rúben Amorim comanda uma equipa que é campeã a duas jornadas do fim, que venceu Benfica e FC Porto e que está perto de quebrar o próprio recorde de pontos.

Ou seja, o pior Sporting de Rúben Amorim tornou-se o melhor Sporting de Rúben Amorim. Como? Através de três decisões-chave, entre um mercado de transferências resolvido muito cedo nas saídas, um plano A que nunca teve plano B e jogadores verdadeiramente reabilitados.

Rúben Amorim é o treinador mais novo de sempre a conquistar duas vezes o Campeonato

A diferença entre Matheus e Ugarte: a importância de um mercado resolvido cedo

No verão de 2022, poucos dias antes do encerramento do mercado de transferências e sem que o Sporting tivesse sequer capacidade para contratar um substituto à altura, Matheus Nunes saiu para o Wolverhampton. O internacional português significou um encaixe de 45 milhões de euros, tornando-se a terceira maior venda da história dos leões, mas Rúben Amorim ficou sem uma peça fulcral na equipa — e não escondeu o desagrado.

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“É óbvio que estou insatisfeito. Se não estivesse, alguma coisa se passaria. É um jogador que faz falta, não contava perdê-lo. O Matheus foi vendido para fazer face a coisas básicas do clube. Foi a ideia que nos transmitiram e não seremos nós a estragar esse conforto financeiro à direção. Não iremos fazer grandes mudanças na equipa, é difícil contratar nesta altura e conto com os que cá estão. Não iremos gastar o dinheiro do Matheus Nunes”, disse o treinador leonino na altura.

A ideia materializou-se e o Sporting, que já tinha perdido Feddal, Nuno Mendes e João Palhinha, só acrescentou Sotiris Alexandropoulos ao plantel. Morita já tinha chegado, é certo, mas mais para compensar a saída de Palhinha do que propriamente a contar com a saída de Matheus. E a ausência do internacional português fez-se sentir ao longo de toda a temporada, com os leões a não conseguirem recuperar a verticalidade que este oferecia ao jogo da equipa e Pedro Gonçalves a recuar muitas vezes até ao meio-campo para complementar o critério ofensivo.

"É óbvio que estou insatisfeito. Se não estivesse, alguma coisa se passaria. É um jogador que faz falta, não contava perdê-lo. O Matheus foi vendido para fazer face a coisas básicas do clube. Foi a ideia que nos transmitiram e não seremos nós a estragar esse conforto financeiro à direção."
Rúben Amorim no verão de 2022, depois da saída de Matheus Nunes para o Wolverhampton

Um ano depois, de forma natural, o Sporting não cometeu os mesmos erros. Pedro Porro saiu logo no mercado de inverno, tornando a direita da defesa numa óbvia prioridade no mercado de verão — a escolha, porém, acabou por ser a mais infrutífera. Os leões apostaram no jovem Iván Fresneda, que tinha impressionado no Valladolid, mas a ausência de rendimento e as lesões prolongadas fizeram com que o espanhol nem sequer chegasse a lutar pela titularidade com Ricardo Esgaio e depois com Geny Catamo, que ganhou o lugar durante a época.

Ainda em julho do ano passado, com mais de um mês de janela de transferências pela frente, o Sporting fechou a saída de Manuel Ugarte para o PSG. A venda do médio uruguaio significou um encaixe de 60 milhões de euros, o segundo maior da história do clube, e Rúben Amorim e respetiva equipa técnica tinham tempo para procurar um substituto à altura. O eleito foi Morten Hjulmand, dinamarquês de 24 anos formado no Copenhaga que estava no Lecce desde 2020.

Hjulmand custou perto de 20 milhões de euros e só ficou atrás de Viktor Gyökeres, tornando-se a segunda contratação mais cara da história do Sporting. No dinamarquês, Rúben Amorim procurava a inteligência técnica e tática que tinha perdido com Ugarte, mas também uma dimensão ofensiva que encaixasse com Morita e Daniel Bragança e que pudesse combinar com o trio da frente. O bónus aparecia na qualidade da meia distância de Hjulmand, uma capacidade goleadora que faz com que o médio já tenha marcado quatro golos na atual temporada.

Hjulmand agarrou a titularidade no início da temporada e não deixou de ser indiscutível para Amorim

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

“É um jogador de quem andávamos atrás há algum tempo. Tem características completamente diferentes dos nossos médios e também complementa muito bem os nossos médios. É mais um para ajudar numa época longa. Não podia estar mais satisfeito com as opções que tenho”, disse Rúben Amorim ainda em agosto do ano passado, pouco depois de a contratação ser oficializada.

Se Iván Fresneda ainda não conseguiu ter o impacto pretendido, algo que tem sido mascarado pela subida de rendimento de Geny Catamo e pela presença de Ricardo Esgaio, a verdade é que Morten Hjulmand tornou-se um verdadeiro indiscutível para Rúben Amorim. O dinamarquês é um titular crónico no meio-campo, formando dupla com Morita ou Daniel Bragança, e um dos elementos mais importantes do Sporting campeão nacional. Dividendos claros e notórios retirados de um mercado de transferências abordado com tempo, critério e intenção: e onde Viktor Gyökeres, obviamente, é o maior arquétipo.

Gyökeres, o plano A que nunca abriu espaço a um plano B

Paulinho chegou ao Sporting em janeiro de 2021 e foi um pedido explícito, expresso e claro de Rúben Amorim, que o tinha orientado no ano anterior no Sp. Braga. Sem grande concorrência ao longo das temporadas seguintes, mesmo com o pouco memorável regresso de Slimani a Alvalade, agarrou a titularidade enquanto referência ofensiva dos leões — mas nunca deixou de ser uma espécie de filho mal amado, um jogador muito querido pelo treinador mas com grande dos adeptos por conquistar.

Em Hjulmand, Rúben Amorim procurava a inteligência técnica e tática que tinha perdido com Ugarte, mas também uma dimensão ofensiva que encaixasse com Morita e Daniel Bragança e que pudesse combinar com o trio da frente.

Apesar de ter marcado o golo que carimbou a conquista do Campeonato em 2021, ao garantir a decisiva vitória contra o Boavista, Paulinho nunca foi o goleador por que Alvalade suspirava. O Sporting foi contratando vários avançados nos últimos anos — Trincão, Edwards, Sarabia e Rochinha chegaram todos já com Rúben Amorim no comando –, mas nunca encontrou uma verdadeira alternativa ao ‘9’ puro que Paulinho era. Até ao passado verão.

O nome de Viktor Gyökeres começou a surgir ainda antes de a temporada passada terminar. Com 25 anos, o avançado sueco surgia no radar do Sporting depois de uma época em que marcou 40 golos pelo Coventry City, do Championship, e após passagens por Brighton, St. Pauli e Swansea. De ilustre desconhecido, até por atuar no segundo escalão inglês, Gyökeres depressa passou a protagonista do mercado de verão.

Os golos que tinha marcado no Championship, assim como a impressionante capacidade física e um potencial que parecia estar ainda por cumprir, tornaram-no um dos alvos mais apelativos da janela de transferências. De acordo com a Sky Sports, Fulham, Everton, Brighton, Wolverhampton, Crystal Palace, Brentford e Burnley apresentaram propostas formais pelo sueco, com o Eintracht Frankfurt e o AC Milan a manifestarem o respetivo interesse. No meio de tudo isso, o Sporting ganhou — não só por lutar ativamente por títulos e por ter a possibilidade de regressar à Liga dos Campeões, mas também por ter sido quem mais queria Gyökeres.

Desde Mário Jardel que ninguém marcava 40 ou mais golos pelo Sporting numa única temporada

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Tal como ficou claro, até pelas declarações do avançado na altura em que assinou contrato, o Sporting nunca fez bluff e nunca escondeu que Gyökeres era o único, principal e absoluto alvo para reforçar o ataque. Os leões não tinham um plano B, só um plano A: e esse plano A sempre foi o avançado sueco. Rúben Amorim deixou tudo isso bem claro quando conversou pessoalmente com o jogador, sublinhando que a ideia era torná-lo a referência da equipa e adaptar o modelo de jogo às suas características, e Gyökeres aceitou a viagem para Lisboa e a mudança para Alvalade.

“É um sentimento fantástico. Estava à espera disto e é muito bom ter tudo fechado e estar finalmente aqui. Estou muito feliz. Vários grandes jogadores passaram por aqui e o Sporting produz muitos jogadores bons. O clube tem muita história e quando soube do interesse foi uma escolha fácil. Tive outras opções, mas senti que o Sporting era a equipa que estava mais interessada em mim. Quando alguém te quer, isso significa que te querem muito e que vão cuidar de ti. Esta era a melhor opção”, disse o avançado na primeira entrevista à Sporting TV, pouco depois de assinar contrato.

Gyökeres custou 20 milhões de euros fixos mais quatro em cláusulas variáveis, tornando-se a contratação mais cara da história dos leões — mas nunca permitiu que essa etiqueta causasse uma pressão adicional. Com o que marcou ao Portimonense este sábado, em Alvalade, leva agora 41 golos e 14 assistências em todas as competições na atual temporada, estando obviamente a realizar o melhor ano da carreira e sendo um de apenas três jogadores a marcar mais de quatro dezenas de golos em 2023/24 na Europa, a par de Kylian Mbappé e Harry Kane.

Tal como ficou claro, até pelas declarações do avançado na altura em que assinou contrato, o Sporting nunca fez bluff e nunca escondeu que Gyökeres era o único, principal e absoluto alvo para reforçar o ataque.

Para consumo interno, naturalmente, o avançado sueco ainda não parou de quebrar recordes. Já é o destacado melhor marcador do Campeonato, com 27 golos contra os 21 de Simon Banza, fez o bis mais rápido de sempre de um jogador do Sporting na estreia, marcou ao Benfica e ao FC Porto e tornou-se apenas o sexto nome a chegar aos 40 golos numa única temporada pelos leões, juntando-se a Manuel Soeiro, Peyroteo, Jesus Correia, Yazalde e Mário Jardel.

Sem que seja possível antecipar desde já quais serão os números finais da época extraordinária de Viktor Gyökeres, assim como não é possível antecipar se o avançado sueco vai ou não ficar em Alvalade para lá do verão, a verdade é só uma: o plano A do Sporting, que nunca foi plano B, tornou-se a principal explicação para a conquista do Campeonato.

Bragança, Catamo e Quaresma, os jogadores “inventados”

Quando chegou ao Sporting, em março de 2020 e à beira de ver o futebol parar devido à pandemia de Covid-19, Rúben Amorim foi forçado a revitalizar uma equipa que estava desmotivada, um plantel que era curto e um grupo onde a margem de investimento era reduzida. Com todos esses fatores em mente, o treinador adotou a única abordagem possível — honrando, até, um ADN leonino que parecia esquecido.

Sem que ninguém estivesse à espera, Geny Catamo tornou-se um dos protagonistas da época leonina

LUSA

Sem a injeção financeira da Liga dos Campeões, depois de ter ficado no 4.º lugar do Campeonato, Amorim apostou em jovens como Nuno Mendes, Gonçalo Inácio, Matheus Nunes ou Tiago Tomás, nunca deixou cair Daniel Bragança, Bruno Tabata ou João Palhinha e realizou um mercado cirúrgico, entre as contratações de Pedro Gonçalves, Nuno Santos e Adán. No inverno, ainda com a almofada alcançada com as vendas de Wendel ao Zenit e Acuña ao Sevilha, chegou Paulinho. E o Sporting acabou a ser campeão nacional em maio de 2021, pouco mais de um ano depois de Rúben Amorim chegar.

Em 2023, novamente sem Liga dos Campeões depois de mais um 4.º lugar no Campeonato, Rúben Amorim viu-se numa posição semelhante: apesar dos investimentos fortes em Hjulmand e Gyökeres, o Sporting continuava a ter um plantel demasiado curto para as ambições do clube e uma escassez de soluções demasiado larga para ser competitivo em todas as provas. E o treinador, dois anos depois, repetiu a fórmula.

Desde logo, com a recuperação de Daniel Bragança. Depois de uma temporada inteira afastado dos relvados, devido à rotura total do ligamento cruzado anterior do joelho, o médio permaneceu na equipa e foi sendo utilizado de forma regular e como única alternativa clara a Morita. A partir de janeiro, com a ida do japonês para a Taça Asiática e alguma irregularidade exibicional, Bragança foi conquistando cada vez mais espaço: ganhou a titularidade no último mês, tem sido constantemente o jogador mais esclarecido dos leões e leva cinco golos e quatro assistências.

Apesar dos investimentos fortes em Hjulmand e Gyökeres, o Sporting continuava a ter um plantel demasiado curto para as ambições do clube e uma escassez de soluções demasiado larga para ser competitivo em todas as provas. E o treinador, dois anos depois, repetiu a fórmula.

Depois, de forma óbvia, Geny Catamo. Chegou ao Sporting em 2019, vindo de Moçambique, e estreou-se pela equipa principal em dezembro de 2021 e já pela mão de Rúben Amorim. Esteve depois emprestado ao V. Guimarães e ao Marítimo, mas já não voltou a sair de Alvalade após a pré-época: sem substituto imediato para Pedro Porro, com Ricardo Esgaio a assumir a titularidade e Iván Fresneda ainda sem impacto, o treinador leonino adaptou um avançado de raiz a um ala potente e ofensivo e ganhou a aposta. Geny Catamo é agora dono e senhor da direita leonina, somando seis golos e cinco assistências esta temporada, com óbvio destaque para o bis apontado ao Benfica no dérbi de Alvalade.

Por fim, Eduardo Quaresma. Embora tenha chegado à equipa principal do Sporting com uma aparente vantagem em relação a Gonçalo Inácio, o jovem central depressa perdeu espaço e confiança e não conseguiu manter-se à tona à boleia da irregularidade exibicional. Esteve emprestado ao Tondela, passou depois pelo Hoffenheim da Alemanha e regressou a Alvalade no verão, também devido às lesões de Jeremiah St. Juste e à crescente indisponibilidade de Luís Neto.

Voltou aos seus melhores dias no Clássico da primeira volta contra o FC Porto, surgindo como principal surpresa no onze inicial face a uma lesão de última de hora de Coates, e juntou à grande exibição um lance mágico em que assistiu Gyökeres para um golo que acabou anulado. Não escondeu as lágrimas e de lá para cá leva 29 jogos e até um golo, já que se estreou a marcar pelo Sporting na goleada contra o Sp. Braga, tornando-se uma solução clara e de utilização recorrente para o trio de centrais.

 
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