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O motor de uma ópera: 80 anos do Coro do Teatro Nacional de São Carlos

No dia em que se celebra mais um Dia Mundial da Ópera, mostramos o trabalho do único coro profissional de ópera do país, que este ano completa oito décadas de palco.

Com as atenções geralmente centradas nos solistas, a verdade é que o Coro do Teatro Nacional de São Carlos é o motor que leva as obras operísticas ao seu mais alto esplendor. É das vozes dos sopranos, meio-sopranos, tenores e baixos que nasce a alma de uma ópera. Neste ano, a alma do Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa, completa 80 anos de uma história repleta de momentos retumbantes. “O Coro tem um tal potencial, uma tal riqueza de cores, uma tal potência emocional que é realmente capaz de apaixonar todo o público”, diz Giampaolo Vessella. Desde 2021, o italiano é o maestro do Coro desta casa que, também este ano, celebra 23 décadas de existência.

Sob a direção de Mario Pellegrini, o Coro foi criado em 1943 e, desde então, cumpre o papel fundamental de assimilar obras operísticas de todo o mundo e também fomentar e dar voz a obras da música portuguesa. Entre 1962 e 1975, colaborou regularmente nas temporadas da Companhia Portuguesa de Ópera, sediada no Teatro da Trindade, também em Lisboa. Com o conjunto, viajou à Madeira, aos Açores e a Angola. Obteve, em 1965, o Prémio de Música Clássica conferido pela Casa da Imprensa de Oviedo, em Espanha, onde se apresentou a convite do Teatro Campoamor.

A história do Coro também se mistura com a história da música erudita portuguesa. O corpo artístico participou, na década de 1970, nas estreias de importantes autores portugueses nos palcos mundiais, destacando-se Fernando Lopes-Graça, autor da cantata-melodrama D. Duardos e Flerida, inspirada na peça D. Duardos, de Gil Vicente, e António Victorino d’Almeida, idealizador de Canto da Ocidental Praia, baseado em textos de Luís de Camões.

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Em 1980, teve início um processo de profissionalização: foi criado um primeiro núcleo coral a tempo inteiro e, sob a direção artística de Antonio Brainovitch, este novo passo foi completamente consumado. Foram criadas condições de trabalho até então inéditas em Portugal para um corpo artístico coral, o que permitiu que Gianni Beltrami, sucessor de Brainovitch, fundamentasse a importância e o valor musical do conjunto no contexto da música erudita mundial.

Ao longo da sua história, o Coro do São Carlos já fez as mais diversas intervenções em óperas renomadas como Oedipus Rex, de Stravinski, e L’enfant et les sortilèges, de Maurice Ravel. Em digressões internacionais, participou da Grande Messe des Morts, de Hector Berlioz, em Turim; deslocou-se a Bruxelas para participar do festival de artes Europália com Requiem, de Giuseppe Verdi; e foi até à China apresentar-se no Festival Internacional de Música de Macau.

Entre os grandes nomes que já dirigiram o Coro do Teatro Nacional de São Carlos figuram prestigiados maestros, caso de Antonio Votto, Franz Konwitschny e Tullio Serafin. As batutas de grandes portugueses como Pedro de Freitas Branco também já regeram as vozes que compõem o conjunto.

“Cantarmos muitos a uma só voz é uma coisa mágica”, diz Isabel Biu, soprano do Coro do São Carlos. A sua estreia com O Navio Fantasma, de Wagner, coincidiu com o ano do nascimento do seu primeiro filho, hoje com 37 anos. No seu caderno de memórias, a soprano coleciona momentos gloriosos como a passagem da diva italiana Mirella Freni pelos palcos do teatro, e outros tantos corriqueiros e divertidos. “Havia uma colega que se apaixonava por todos os cantores; outra que se apaixonava por todos os maestros”, lembra. “Isto é vida, muita vida! Nós passamos aqui muito tempo e isso mexe muito com as nossas emoções.” Que o diga a soprano Angelica Neto, que veio do Porto preencher a única vaga do Coro aberta em 1987. “Cantei com Plácido Domingo num Otello (ópera de Giuseppe Verdi) quando estava grávida de cinco meses do meu filho!”, recorda-se. O ano era 1989.

Apaixonado por Mozart desde a infância, Frederico Santiago resume bem a relação dos músicos com a ópera: “É uma coisa de afición – pela música, pelo teatro e pela voz”, diz o barítono, membro do Coro do Teatro Nacional de São Carlos desde os 17 anos. “Tenho muitas memórias desta casa sentado na plateia, desde miúdo…”.

Assista à websérie “30 anos de música, maestro” sobre os 230 anos do Teatro Nacional de São Carlos aqui.

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