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JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

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Passos tira coelho da cartola e ataca o "ilusionista" António Costa para ajudar Rangel

Passos, mas também Sócrates, desceram à campanha. O antigo primeiro-ministro lembra o "ilusionista" Costa que, por magia, até foi de "fraque" aos estaleiros de Viana.

Paulo Rangel andou num veículo autónomo em Cascais e comentou com os outros tripulantes que está “confiante” que vai ganhar porque ele próprio é “um veículo autónomo” que pensa pela própria cabeça, ao contrário de Pedro Marques, que é um “side car” de Costa. Mas hoje era Rangel que tinha um apoio de peso ao seu lado ao almoço: Pedro Passos Coelho. O antigo primeiro-ministro não deixou a política em mãos alheias e acusou António Costa de promover o “truque do ilusionista”.

Passos há muito que não aparecia e justificou às pessoas  que tem estado numa “posição discreta” conforme “convém” a um antigo presidente do PSD. Mas não se ficou por um apoio pró-forma. Entrou no combate político a António Costa, ao criticar políticos que acham que “estão demasiado ameaçados pelo eleitorado”, que fazem a “fuga em frente”, lembrando que em Portugal já aconteceu algumas vezes.

O presidente do PSD critica os governos que fazem “o truque do ilusionista”, que são exímios a falar  “de coisas laterais ao assunto” que está em debate para desviar as atenções. E referia-se a governos socialistas anteriores, mas também ao atual.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

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E questiona: “Onde é que está o truque do ilusionista?” E respondeu logo a seguir que: “Eu digo onde está o truque e o ilusionista: diziam que acabavam a austeridade mas têm mais cativações que qualquer outro governo, muito mais quebra de investimento e a mais alta carga fiscal que Portugal ganhou em democracia”. E acrescentou: “Agora  já não falam no enorme aumento de impostos de Gaspar”.

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Passos lembra que “há hoje membros do governo que ameaçavam banqueiros alemães” e “são exatamente os mesmos que hoje se orgulham da responsabilidade orçamental”. O antigo presidente do PSD diz que “orgulham-se tanto que não reagiram quando os jornais disseram que Costa e Centeno andavam a fazer as vezes de Gaspar e Passos”.

O antigo primero-ministro diz que “os que faziam funerais aos estaleiros de Viana do Castelo são os mesmos que vão lá de fraque dizer que é fantástico” e que os que “acusavam [o governo PSD/CDS] de destruir o Serviço Nacional de Saúde são aqueles que vêm aumentar a dívida do SNS e a degradação dos serviços que são prestados porque não há dinheiro no SNS.” E acrescenta: “Hoje investe-se menos do SNS, do que no tempo quando eu era primeiro-ministro e não havia dinheiro.” Mais um, destaca, “truque de ilusionista”.

Passos voltou a recuperar os fantasmas das governações socialistas, lembrando que “durante muitos anos andaram a vender ilusões às pessoas, a endividar o país, a colonizar o Estado, a trazer as clientelas do amiguismo para a área pública e a endossar o cheque de quem vai pagar a despesa da festa. Sabemos que é um truque”.

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Passos foi sendo muito aplaudido na sala e recebido com saudosismo por alguns militantes. De Paulo Rangel despediu-se no discurso com um “força, Paulo”. Mas antes disso, fez-lhe rasgados elogios. Alguns que encaixam nos argumentos de campanha. Lembrou que, antes do atual quadro comunitário de apoio, conseguiu com Paulo Rangel “uma articulação impecável” quando negociaram “as perspetivas financeiras do Portugal 2020“.

Nessa altura, recorda o antigo primeiro-ministro, “os países estavam em piores condições de poder fazer transferências para a União Europeia, mas conseguimos melhorar a proposta da Comissão Europeia, que era melhor que a do Conselho Europeu e terminar como um dos países que tinha conseguido um reforço positivo das perspetivas financeiras.” Ora o governo ainda está a negociar, mas para já só existe ainda a primeira proposta da comissão, em que Portugal perde 7% dos fundos face ao anterior quadro comunitário de apoio.

Depois, sabendo que muita gente vai votar no PS pelo partido e não por Pedro Marques, Passos diz que “Paulo Rangel é um candidato de confiança, um homem de palavra, um político combativo. E que teve na Europa, historicamente a visão do PSD.”

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

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Num piscar de olho ao espaço não socialista, Passos Coelho avisa que o PSD não tem a mesma visão do PS na Europa e que o PS defende que quem não alinha no “diapasão socialista, deve ser suprimido ou desqualificado” e que quem está, por exemplo, preocupado com a imigração da Europa é acusado de “xenofobismo e racismo.” E depois brincou: “Eu antigamente era fascista, depois era neoliberal, agora desde que Centeno foi para o Governo já não falam do neoliberalismo”.

Rangel diz que o PSD não esconde Passos (como o PS esconde Sócrates)

Rangel não disse o nome de Sócrates, talvez a palavra que mais disse na campanha de há cinco anos. Mas indiretamente lembrou-o. Aproveitando o facto de Passos Coelho estar presente, o cabeça de lista do PSD diz ter “muito orgulho” no legado de Passos e que o PSD não esconde ninguém. “Nós podemos dizer uma coisa que os socialistas não podem dizer: Não precisamos de esconder os nossos antigos líderes e temos muito orgulho neles”, disse numa alusão ao incómodo que José Sócrates traz ao PS.

Depois repetiu que o PSD também não precisa de esconder o candidato, como sugere que o PS faz com Pedro Marques: “Não precisamos de o pôr no side car. De irmos nós a conduzir e o candidato ao lado, muito escondidinho. Não precisamos de os pôr à boleia ou a reboque de seja de quem for”.

Rangel acusa o PS de fazer “jogos de sombra” e, pegando nas palavras de Passos, os “truques e ilusionismo que o PS anda a fazer nesta campanha”. Denunciou ainda que os socialistas têm uma proposta utópica de “criar um mega Estado Social que dá todos os direitos a todos”, o que considera “impossível”.

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Passos tinha dito antes que se os “últimos dias têm trazido um ataque mais violento dos adversários à campanha [de Paulo Rangel] cabe dizer que, quando é assim, essas críticas assentam-lhe como medalhas”. É sinal, garante, “que alguma coisa está a fazer na sua campanha para os adversários reforçarem tanto o ataque ao cabeça de lista”.

Também Rangel diz que esses ataques são a “prova de que algo vai mal no reino do PS, algo não está a correr bem, sentem a dinâmica e a força da campanha”. A campanha do PS, acusa o cabeça de lista do PSD, está a ser feita de “forma pouco séria, ilusionista, própria de artista”. E volta ao ataque inicial: ” Não temos ninguém para pôr atrás do biombo e dos arbustos.”

No comboio (em pé por opção) e o veículo autónomo

Rangel já tinha andado em muitos tipos de transporte, mas faltava o comboio. Ao meio dia entrou num urbano no Cais do Sodré até à estação de Carcavelos, onde saiu para uma visista-relâmpago à Nova School of Business and Economics. O comboio estava relativamente calmo àquela hora e não sobrelotado, como o PSD tem denunciado quando critica o efeito do aumento da procura. Foi a comitiva a provocar a confusão total. Paulo Rangel seguia com os “jotas” atrás, aos quais ainda se juntavam dirigentes da concelhia e da distrital, sempre próximos do candidato e ainda um batalhão de jornalistas.

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Esteve sentado apenas até a viagem arrancar, perto de Sandra Pereira e do secretário-geral José Silvano, que estava a comentar a campanha de Pedro Marques: “Eu gosto é daquela do [e começa a fazer gestos de enviar beijos, como Pedro Marques fez no infantário]”. Foi de pé não por o comboio estar completamente cheio, mas por opção. Rangel sorriu e assim que o comboio arrancou começou a distribuir canetas. Eram mais turistas que eleitores portugueses e o barulho não permitia grandes conversas.

Fez três carruagens e, quando estava quase a chegar ao destino, falou aos jornalistas para dizer que os comboios são “o exemplo acabado justamente dos falhanços e fracassos deste Governo e, em particular, daquele ministro que agora é cabeça de lista do PS”. E que aquelas viagem de 26 minutos, sem atrasos, pretende “chamar a atenção par a situação altamente degradada em que está a ferrovia” e “em particular para o caos que foi criado pela questão dos passes sociais”.

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Rangel acusa o governo de “para cumprir as metas europeias, uma das escolhas foi desinvestir e abandonar os transportes públicos”. E acrescenta que “não há passes sociais que iludam a realidade.” À chegada havia mini bus à espera, mas Rangel quis ir a pé até ao próximo ponto: um veículo completamente autónomo que anda para trás e para frente de um determinado ponto até ao pólo da Universidade Nova, em Carcavelos. Só cabiam doze pessoas, ia avisando o vice-presidente da câmara municipal de Cascais, Miguel Pinto Luz.

Entrou Rangel, Pinto Luz e alguns jornalistas. Foi aí que Rangel disse ser, ele próprio, um “veículo autónomo”, que “pensa pela própria cabeça”, ao contrário do seu “adversário, que é um side car”. Saiu-lhe de forma espontânea, mas acabaria por repetir a ideia pouco depois num almoço com apoiantes sem explicar de onde lhe vinha a inspiração: “Não precisamos de o pôr o nosso candidato no side car. Vamos nós a conduzir e o candidato ao lado, muito escondidinho”.

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