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O primeiro-ministro, António Costa (D), e o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, durante a cerimónia de assinatura do Sistema de Mobilidade do Mondego, consignação do Troço "Linha do Hospital Aeminium - Hospital Pediátrico" E Remodelação das Redes de Drenagem de Águas Residuais, em Coimbra, 22 de julho de 2022. PAULO CUNHA/LUSA
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Pedro Nuno Santos é conhecido por trabalhar o aparelho. "Conhece o partido de trás para a frente", assegura um dirigente

PAULO CUNHA/LUSA

Pedro Nuno Santos é conhecido por trabalhar o aparelho. "Conhece o partido de trás para a frente", assegura um dirigente

PAULO CUNHA/LUSA

Pedro Nuno sólido na luta pelo controlo do PS, mas ninguém quer fragilizar Costa

Dirigentes querem mostrar partido "unido" e não dar palco a disputas locais pelo aparelho. Com eleições marcadas para federações e concelhias, mantém-se influência de Pedro Nuno Santos.

O terramoto político que atingiu Pedro Nuno Santos no Governo não terá causado danos de maior à lealdade que o possível sucessor de António Costa recolhe nas estruturas do PS. Com eleições para os órgãos concelhios e distritais no horizonte, a tendência será a de consolidação interna da já muito expressiva influência interna do ministro. No entanto, com o Governo e António Costa a atravessarem um momento particularmente delicado, o sentimento dominante entre dirigentes é um: este não é o tempo de expor feridas nem fazer notícia de disputas dentro do partido.

“Se Costa arrancar o ano em grande, cheio de iniciativa, com élan, vai condicionar mais as pessoas. Ninguém quer criar problemas“, resume ao Observador um dirigente socialista, que prefere o anonimato.  Embora as eleições para a liderança das federações e concelhias socialistas só estejam marcadas para depois do verão (concelhias em outubro, federações em novembro), os motores socialistas das próximas disputas internas já começaram a aquecer.

Entre reuniões locais quentes e idas a banhos para refrescar as ideias, vão se contando espingardas — com a calma e discrição possíveis. A ideia agora é passar a imagem de um “partido unido”, frisa outro dirigente socialista, sobretudo depois do cenário caótico que se desenhou à volta do Governo nos primeiros meses de maioria absoluta, fosse graças aos serviços de urgências fechados, à inflação a subir ou ao drama Pedro Nuno Santos, que acabou com um mea culpa televisionado do ministro.

“Se Costa aparecer cheio de energia na rentrée” e com propostas para lançar o próximo ano, tentando sufocar as polémicas dos últimos tempos… “vai sufocar algumas intenções” no partido, nota o mesmo dirigente. Ninguém quererá que que disputas locais no PS abafem a tentativa de Costa para relançar o Governo e mostrar liderança — como já tentou fazer durante o auge da preocupação com os fogos e continuou a ensaiar com o Conselho de Ministros informal do último sábado, onde quis lançar as bases para o ano e o Orçamento do Estado que aí vêm.

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De resto, o primeiro-ministro assumiu no último debate do Estado da Nação que quer regressar do verão com um conjunto de medidas para combater os efeitos da inflação. Ou seja, o mês de setembro será um período importante para António Costa, onde quererá dar um sinal político claro e conter os avanços da oposição e o aparente desencanto da opinião pública que as sondagens indiciam.

Cientes disso mesmo, as estruturas tudo farão para não ofuscar o brilho e o regresso que se quer em força do líder todo-poderoso. Isto porque, apesar dos sentimentos de algum desamparo no PS e de preocupação com o aparente cansaço do Governo que vão crescendo no interior do partido, ninguém contesta verdadeiramente autoridade de António de Costa.

O que não significa, no entanto, que as inimizades locais e que a lealdade ao homem que lidera as casas de apostas quando o assunto é a sucessão no PS estejam suspensas: Pedro Nuno Santos continua a estender a sua influência no aparelho socialista, de Norte a Sul do país.

“Se Costa arrancar o ano em grande, cheio de iniciativa, com élan, vai condicionar mais as pessoas. Ninguém quer criar problemas“, resume ao Observador um dirigente socialista, que prefere o anonimato. A ideia agora é passar a imagem de um “partido unido”, frisa outro dirigente socialista.

Pedro Nuno fragilizado? “Conhece o partido de trás para a frente”

Quanto ao retrato das disputas federação a federação, a convicção entre vários dirigentes nacionais e locais é que Pedro Nuno Santos continua a assegurar um controlo no aparelho superior a qualquer um dos outros possíveis sucessores no PS.

“A grande maioria está com ele porque ele fala com todos, mantém a proximidade, conhece as pessoas”, justifica ao Observador um dos atuais presidentes de federação. “Está muito presente” — e faz questão de estar próximo do aparelho.

“Até pode agora estar fragilizado, mas quando for preciso volta a ter os mesmos apoios que tinha há dois anos”, prevê um dirigente. E porquê? Vários socialistas, pedronunistas ou não, oferecem as mesmas explicações: “Conhece o partido de trás para a frente”, tem “canais de comunicação” com todas as estruturas, faz por manter esse contacto. E o partido gosta disso.

Olhando para o mapa das federações socialistas no país, o cenário é maioritariamente de continuidade, uma vez que as transições de poder estão quase circunscritas às poucas distritais em que os presidentes atingiram o limite de mandatos. Entre as maiores federações, os vários dirigentes nacionais e locais contactados pelo Observador traçam o mesmo cenário.

Desde logo, em Lisboa, está assegurada a recandidatura de Duarte Cordeiro, atual líder da estrutura, e um dos homens mais próximos de Pedro Nuno Santos. E mesmo que venha a tenha concorrência — nos bastidores circularam nomes como os dos socialistas André Moz Caldas ou Marcos Perestrello — são várias as fontes locais que falam em Cordeiro como o líder “incontestado”, até pela gestão interna que tem feito na federação, puxando para si e atribuindo cargos a vários desses putativos adversários. A comprovar essa convicção, lembram os resultados da última votação local interna: Cordeiro obteve uns quase absolutos 95% dos votos em 2020.

Sessão plenária na Assembleia da República, com a presença do Governo para o debate do estado da Nação. Ministro do Ambiente e da Ação Climática Duarte Cordeiro e Ministro das Infraestruturas e da Habitação Pedro Nuno Santos Lisboa, 20 de Julho de 2022. FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Duarte Cordeiro e Pedro Nuno Santos são próximos desde a 'jota'

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

No Porto, é dada como certa a recandidatura de Manuel Pizarro, que se lançará assim ao seu último mandato como presidente de distrital. Isto não significa que não venha a ter concorrência, uma vez que a luta com a fação associada ao ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, é antiga e deverá até ter reflexo na própria concelhia do Porto (onde se calcula que poderão concorrer o atual presidente, o deputado pedronunista Tiago Barbosa Ribeiro, e Ricardo Bexiga, ligado à ala adversária).

Mesmo assim, entre os aliados de Pizarro não se antecipa uma luta renhida. Há quem recorde, a esse propósito, a facilidade (70% dos votos) com que venceu José Manuel Ribeiro, presidente da câmara de Valongo e associado à ala de José Luís Carneiro, em 2020 — depois desta exeperiência, o autarca não deverá voltar a candidatar-se.

Analisando estes dois casos, os pedronunistas mostram-se, desde logo, satisfeitos: Cordeiro é há muito, desde os tempos da JS, reconhecidamente o braço-direito de Pedro Nuno, forte conhecedor do aparelho socialista e até responsável por muitas das pontes com dirigentes locais; Pizarro é igualmente identificado como um dos dirigentes que mantêm a simpatia pelo ministro e rosto da ala esquerda do PS.

Braga, por outro lado, poderia representar um problema — era outra das federações lideradas por pedronunistas, neste caso por Joaquim Barreto, que sai agora por força da limitação de mandatos e que já nas últimas eleições tinha assegurado uma vitória com pouca margem.

No entanto, apesar de em Braga as lutas serem tradicionalmente quentes — e de a última reunião da comissão política distrital, apurou Observador, ter acabado com trocas de acusações entre os detratores de Barreto, que o acusavam de se querer “agarrar ao poder”, e os apoiantes, que saíram do encontro para que deixasse de ter quórum — haverá acordo para que avance o presidente da Câmara de Póvoa de Lanhoso, Frederico Castro.

Acontece, ainda assim, que a saída de Barreto não representa necessariamente um revés para Pedro Nuno Santos: entre quem os conhece bem garante-se que são amigos pessoais há muito tempo e que, mesmo não sendo a escolha mais natural de continuidade para Barreto (o preferido seria o deputado Luís Soares), não será esta eleição a beliscar o poder do ministro naquela região.

Nas distritais onde ainda não é certo se haverá ou não disputa, o veredito dos vários socialistas é semelhante: as lutas terão mais a ver com problemas locais e circunscritos (perdas de autarquias, confusões na composição das listas de deputados) do que propriamente com lógicas nacionais.

Em Aveiro, federação que Pedro Nuno Santos, natural de São João da Madeira, liderou e onde o seu sucessor, Jorge Sequeira, lhe sucedeu sem oposição, a perspetiva é de continuidade, com a recandidatura de Sequeira.

E em Viseu, onde há dois anos o pedronunista e ex-secretário de Estado João Paulo Rebelo perdeu contra o atual presidente, José Rui Cruz — que também é, na verdade, próximo de Pedro Nuno — as duas fações parecem pacificadas, esperando-se uma candidatura única.

António Mendonça Mendes, secretário de Estado dos Assuntos Fiscais e irmão de Ana Catarina Mendes, outra hipotética candidata à sucessão de António Costa, manterá a sua influência em Setúbal, onde será recandidato.

Quanto ao resto do país, em estruturas como Faro, Santarém, Guarda ou Alto Minho, o mais certo é que venham a acontecer candidaturas únicas ou, no limite, disputas eleitorais sem dramas sem para os incumbentes.

Nas distritais em que se antecipa algum ruído, como Coimbra (onde haverá um princípio de acordo para uma lista liderada pelo atual presidente, Nuno Moita), Portalegre (muito marcada pelas tensões entre o ex-líder, Luís Testa, e o atual, Ricardo Pinheiro), Leiria ou Bragança, o veredito dos vários socialistas é semelhante: as lutas terão mais a ver com problemas locais e circunscritos (perdas de autarquias, confusões na composição das listas de deputados) do que propriamente com lógicas nacionais.

Daí que a preocupação de alguns dirigentes seja que esses confrontos não extravasem as fronteiras de cada concelho ou distrito. É altura de deixar o Governo respirar e proteger politicamente António Costa — o pedronunismo terá todo o tempo para continuar o seu caminho no aparelho socialista.

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