O não é definitivo. Miguel Poiares Maduro está indisponível para abraçar uma candidatura à Câmara Municipal de Lisboa. O ex-ministro de Pedro Passos Coelho continua a ser apontado insistentemente como possível alternativa do PSD a Fernando Medina embora já tenha dado sinais públicos e privados de que não tem condições para entrar nessa corrida eleitoral.
O último a fazê-lo foi o jornal “Expresso”. Na sexta-feira, o semanário voltou a insistir na tese de que Poiares Maduro estava a ser equacionado para Lisboa — apesar de, em setembro, o próprio ter garantido que não seria candidato. Nessa altura, aliás, o antigo ministro chegou mesmo a lançar Paulo Portas para a contenda.
Agora, em declarações ao Observador, Poiares Maduro volta a desmentir categoricamente: “Não fui contactado nem estou em condições, por diferentes motivos, de poder sequer ponderar essa hipótese”, diz. Assunto arrumado.
Diferente é o caso de Ricardo Baptista Leite. O deputado social-democrata é uma das figuras da linha da frente do partido na resposta à crise pandémica e é há muito encarado como um possível candidato à autarquia. A hipótese, aliás, não é exatamente nova: foi avançada em junho de 2020. Nesse verão, em entrevista, Baptista Leite nunca chegou a contrariar essa “ambição”.
“Quando acabarmos com a pandemia terei todo o gosto em voltar a conversar e a discutir todas as questões políticas e de ambições que todos os políticos têm. Neste momento, temos de estar todos focados no objetivo comum. Sem resolvermos a pandemia, não há ambição que nos valha”, disse.
Desde aí, as coisas têm evoluído a favor de Baptista Leite. Carlos Moedas, tal como o Observador escreveu, pôs-se definitivamente fora da corrida e arrumou todas as especulações — e ele seria, em teoria, a hipótese mais forte do PSD para a autarquia.
Baptista Leite, por sua vez, manteve o protagonismo que lhe tem granjeado elogios dentro e fora da máquina social-democrata e ainda foi promovido a inimigo da nação por António Costa, que o acusou de, a par de Maduro e de Paulo Rangel, “liderar uma campanha internacional contra Portugal”.
A acusação de Costa teve o efeito contrário: nas hostes sociais-democratas, quem não estava particularmente convencido com Baptista Leite começou a vê-lo com outros olhos. “Pode ser o candidato certo no momento certo”, comenta-se na cúpula do partido.
CDS não torce nariz a Baptista Leite
Para já, está tudo na cabeça de Rui Rio. O líder do PSD avocou os processos eleitorais de Lisboa e Porto e será ele, e só ele, a ter a última palavra sobre os candidatos às duas autarquias politicamente mais importantes do país. Ainda assim, no núcleo duro de Rio já há quem dê como garantida a solução “Baptista Leite”, figura que o líder do PSD respeita e aprecia.
A única coisa certa é que o assalto ao castelo de Fernando Medina será protagonizado por uma coligação entre PSD e CDS. Apesar de ter ficado à frente dos sociais-democratas nas últimas autárquicas, o partido liderado por Francisco Rodrigues dos Santos parece disposto a abdicar do lugar de cabeça de lista nessa coligação, o que permitiria eliminar qualquer constrangimento que pudesse existir.
Aliás, na última entrevista que deu ao Observador, o líder do CDS falou sem qualquer reserva sobre o tema. “Para mim, a prioridade é a direita conseguir fazer uma plataforma que derrote o PS e Fernando Medina. Isso obriga a que eu e Rui Rio tenhamos um diálogo estruturado para chegar à melhor solução possível. Mesmo que essa possibilidade [de ser apenas número dois] venha a acontecer”, disse.
Agora, os dois partidos vão continuar a discutir soluções concretas para Lisboa. Rui Rio ainda não apresentou formalmente qualquer nome a Rodrigues dos Santos, mas o Observador sabe que o líder do CDS não desconsidera a hipótese de vir a apoiar Ricardo Baptista Leite. Os próximos dias e semanas serão decisivos para fechar o processo.