786kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

PORTUGAL-VIRUS-LISBON-HEALTH
i

AFP via Getty Images

AFP via Getty Images

Portugal está com mais casos do que Espanha, um risco de transmissão maior que o de Itália mas é dos que têm menos internamentos

A realidade epidemiológica em Portugal é das mais preocupantes da Europa e, mesmo com mais testagem, ela é pouco eficaz. O ponto de situação português em comparação com a União Europeia e Reino Unido.

Numa altura em que as medidas de contenção estão a ser cada vez mais apertadas pelo Governo e em que os especialistas calculam para os próximos dias a chegada ao pico da segunda vaga do novo coronavírus, Portugal regista uma das situações epidemiológicas mais preocupantes da União Europeia. E o cenário também não é positivo quando comparado com o Reino Unido.

Os dados reportados pelas autoridades de saúde nacionais às entidades europeias evidenciam que, depois de ter ultrapassado Espanha e Reino Unido, o país superou este fim de semana o número de novos casos ao longo de duas semanas por 100 mil habitantes de Itália e regista agora um risco de transmissão superior ao dos britânicos.

Mas também há boas notícias: há menos internamentos gerais por milhão de residentes do que na maioria dos outros países, Portugal tem uma taxa de letalidade por Covid-19 inferior à média europeia e fazem-se cada vez mais testes semanais por 100 mil habitantes — mais até do que em países com situações tão tensas como Itália. O problema é que o país é pouco eficaz na testagem, revelam os dados publicados até ao último domingo.

Proporção de casos

Depois de Espanha e Reino Unido, Portugal também está pior que Itália

De acordo com os dados reportados esta segunda-feira ao Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças, Portugal registou no domingo 792 novos casos acumulados ao longo das duas semanas anteriores por 100 mil habitantes, o que faz de si o sétimo país com a pior prestação nesta métrica na União Europeia e Reino Unido.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A proporção de novos casos registados em Portugal ultrapassou a italiana na última sexta-feira, mas a diferença é de apenas oito novos casos em duas semanas por 100 mil habitantes. No entanto, é quase duas vezes maior do que a métrica reportada por Espanha (que ultrapassou a 9 de novembro) e pelo Reino Unido (ultrapassada cinco dias antes).

Esta comparação é especialmente expressiva tendo em conta que, há dois meses e meio, no início da segunda vaga da Covid-19, Itália e Reino Unido eram precisamente os países com maior número de novos casos em 14 dias em proporção de habitantes.

Novos casos

Quase 10 vezes mais que a Finlândia, o bom exemplo europeu

A Finlândia é o país com com a mais baixa proporção de novos casos: 69,6 novos casos acumulados ao longo de duas semanas por cada 100 mil habitantes. Tem pouco menos de metade da população que Portugal mas, com 423 novos casos no domingo, teve 10 vezes menos casos que os identificados pelas autoridades portuguesas (4.788 casos).

Na última semana, a média de novos casos identificados diariamente em Portugal foi de 5.848. São valores superiores aos registados na última semana nos Países Baixos, que tem uma população 1,7 vezes maior do que a portuguesa, mas inferior à média de 6.090 registada na Áustria, que tem menos 1,4 milhões de residentes que Portugal.

Taxa de letalidade

Portugal está abaixo da média em óbitos por Covid-19

Portugal é dos países que, em termos absolutos, tem menos óbitos por Covid-19 quando comparado com a maioria dos países em análise neste artigo — outros, como Itália ou Polónia, têm registado centenas de vítimas mortais por Covid-19. A taxa de letalidade em Portugal está nos 1,7%, menos 0,1 pontos percentuais que a média europeia.

Ainda assim, a taxa de letalidade registada no país tem diminuído paulatinamente e situa-se agora em 1,5% — ou seja, por cada 100 pessoas que já estiveram infetadas pelo novo coronavírus, duas morreram por complicações consequentes da doença provocada pelo SARS-CoV-2. A média da União Europeia e Reino Unido está nos 1,8%.

Apesar da má prestação portuguesa no que toca à proporção de casos quando comparada com Itália, Reino Unido ou Espanha, o país está com métricas muito mais positivas do que estes países: as autoridades de saúde britânicas reportaram uma taxa de letalidade de 3,6%, os italianos registam 3,5% e os espanhóis estão nos 2,7%.

Risco de transmissão

É maior em Portugal do que no Reino Unido

É uma das contas mais importantes para compreender a situação epidemiológica de um país: quantas pessoas é que um paciente infetado pode contaminar com o novo coronavírus. E, de acordo com os dados organizados pelo Our World in Data, Portugal tem um risco de transmissão praticamente igual ao de Itália (1,40) e superior ao do Reino Unido (1,11).

Segundo os números de 6 de novembro, os últimos publicados por aquela fonte, o risco de transmissão (Rt) em Portugal era de 1,42. Em suma, isto significa que, em termos matemáticos, uma pessoa infetada pelo novo coronavírus pode transmiti-lo a outras 1,42.

Ou seja, 100 infetados podem contagiar um total de 142, que por sua vez podem infetar mais 202 e assim sucessivamente. No fim de setembro, quando a segunda vaga de Covid-19 tinha arrancado no país, o risco de transmissão era muito inferior e chegou a ser tão baixa quanto 1,14. Mas, apesar de algumas diminuições pontuais desde então, a tendência foi sempre crescente.

Proporção de testes

Fazem-se mais testes por 100 mil habitantes do que em Itália, mas há pouca eficácia

Portugal está a fazer mais testes por 100 mil habitantes por semana do que Itália, Suécia, Espanha ou Alemanha — o que sinaliza um maior esforço para testar mais pessoas. Desde a semana de 01 de setembro até à semana de 15 de novembro (os dados mais recentes), a proporção tem aumentado até aos 2616,4 testes semanais por 100 mil habitantes. Em Itália e Espanha, os valores têm até diminuído.

Mas testar mais não é o mesmo que testar bem. A 14 de novembro — a data da última atualização do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças — Portugal reportava 7,1 testes por cada novo caso positivo. É pouco, avisa o Our World in Data: quanto menor este valor, menos adequada está a ser testagem. Para a Organização Mundial de Saúde, considera-se um valor razoável os 10 a 30 testes por novo caso positivo.

Em sentido contrário está a taxa de testes positivos, que quanto maior for, melhor. Portugal tem cerca de 14% de testes positivos — o dobro do Reino Unido (7,44%), mas consideravelmente abaixo de países como a Polónia (47,7%) ou da Bulgária (37,9%). Para as contas não entrou a Suécia, que não reportou estes dados às autoridades de saúde internacionais.

Proporção de internamentos

Portugal é dos que tem menos internamentos por milhão de habitantes

Se na primeira semana de setembro Portugal tinha apenas 11,8 internamentos por Covid-19 semanalmente por milhão de habitantes, a proporção subiu para 37 na semana de 15 de novembro. Apesar da preocupação com a pressão da Covid-19 sobre o Sistema Nacional de Saúde, esta é das melhores prestações entre os países da União Europeia.

Na Hungria, por exemplo, a métrica foi de 4678,6 na semana de 15 de novembro; na Polónia foi de 4019,8; e em Itália, que viu os hospitais colapsarem durante a primeira vaga de Covid-19, os valores são agora de 3843,2 internamentos semanais por milhão de habitantes. Por outro lado, na Alemanha, que só reportou dados até à última semana de outubro, o último balanço ficava-se pelos 14,1.

Apesar da proporcionalidade dos casos em função da população de cada país, as comparações com esta métrica devem ser cautelosas, uma vez que o sistema de saúde de cada país pode ter funcionamentos diferentes — ou seja, valores mais baixos de internamentos semanais por milhão de habitantes pode ainda assim significar uma pressão demasiado grande para os hospitais desse país.

Assine por 19,74€

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Assine por 19,74€

Apoie o jornalismo independente

Assinar agora