De modo a manter a emoção, o ideal é só colocar ao minuto 90 os jogadores que vão decidir (Martinez bem). Pedro Neto e Francisco Conceição decidiram, Vitinha foi maestro e Ronaldo tem de aprender a encolher os ombros para as câmaras do VAR.


6 PONTOS: Passou a primeira parte toda a apanhar chuva, sem ser testado uma única vez. Quando o foi, aos 62 minutos, no remate em arco que deu golo à Chéquia, nem de foguete chegava lá. Ainda apanhou um susto, com um remate que roçou o poste – e depois apanhou mais chuva.

7 PONTOS: Foi importante, aos 37 minutos, quando se antecipou e resolveu um cruzamento perigoso, e talvez não estivéssemos a comemorar agora se, aos 81 minutos, não se tivesse atirado ao chão para bloquear um remate perigoso. Certinho e voluntarioso.

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6 PONTOS: Até à segunda parte, quando o jogo se tornou caótico, pouco teve de fazer, apesar da Chéquia atuar com dois avançados e optar pelo futebol direto. Nos momentos de maior aperto, oscilou entre andar atarantado e despachar de qualquer maneira. Não comprometeu.

7 PONTOS: Como lateral adaptado a central esquerdo tinha como função subir para apoiar, transportar, experimentar passes de rutura – e tentou tudo isso mas, sem erros de maior, nada lhe saiu propriamente bem. Como prémio, ganhou de cabeça, aos 69 minutos, provocando o auto-golo que deu o empate (e a pontuação vale pelo esforço nesse golo).

5 PONTOS: Aos 23 minutos ainda não havia merecido uma nota nos apontamentos, muito por culpa da tendência da Seleção de explorar sobretudo o lado esquerdo. Saiu depois do golo, para entrar Gonçalo Inácio, sem uma intervenção que fosse digna de registo.

9 VITINHA: Bernardo que nos perdoe, mas talvez estejam aqui os pés mais delicados da Seleção, que fazem de uma receção uma escultura e de um passe poesia, como o prova a desmarcação maravilhosa, aos 31 minutos, a isolar CR7. Um minuto depois recebeu uma assistência do colega, mas não conseguiu rematar. Foi dele o cruzamento, aos 69 minutos, que deu o golo do empate. Saiu quando Roberto Martinez lançou todos os extremos que tinha no banco, e mereceu o prémio de MVP.

7 PONTOS: O seu estilo de jogo (arriscar constantemente para recolher a mais alta das recompensas) não encaixa com facilidade em blocos baixos, como o da Chéquia. Sendo dos jogadores à face da terra com menos paciência para engonhar, tentou de tudo: tabelas, remates, passes, cruzamentos — um deles, rasteiro, aos 25 minutos, ia oferecendo o golo a Rafael Leão.

7 PONTOS: Não foi propriamente um ala, antes jogou mais pelo meio, sendo por vezes 6, 8 e até 10. Tentou fintar, tabelar, cruzar e rematar, sem grande êxito face à imensidão de checos empenhados em fazer da sua área uma trincheira. Até que aos 86 minutos sacou um grande cruzamento, que só não foi golo por fora de jogo de CR7.

6 PONTOS: Na 1ª parte parecia um limpa-pára-brisas — estava no meio, ia à direita, voltava ao meio, ia à esquerda, regressava ao meio, sem nunca descobrir a fórmula para romper a muralha checa. O seu futebol cerebral precisa das rotinas dos clubes, das trocas posicionais, de muito treino. Muito esforço, quase sempre inglório.

7 PONTOS: Foi um jogo capaz de frustrar um budista. Sozinho entre três centrais, procurando ganhar bolas de cabeça, isolar-se (aos 31 minutos), servir os companheiros de calcanhar (aos 32 minutos) ou inventar as suas próprias oportunidades (aos 45). Deixa uma questão interessante aos físicos e matemáticos: se aos 86 minutos, quando cabeceou ao poste, antes do lance ser anulado por fora-de-jogo, ele estivesse 10 cm atrás, teria ainda assim chegado à bola e cabeceado ao poste? Se sim, aí está uma arte a aprimorar.

6 PONTOS: No papel, Portugal jogava 3-5-2, mas na prática este avançado caía na esquerda, a dar largura. Não teve medo de ir à procura de um momento de magia, partiu para o 1 contra 1 cheio de fé vez após vez, mas por norma o último passe ou o cruzamento ou o remate saíram-lhe mal. Faltou-lhe um bocadinho de sorte – ou um esquema tático menos complexo.

5 PONTOS: Entrou para dar largura, fez falta sobre um checo, que ficou caído no chão, mas o árbitro não marcou, e viu de lugar privilegiado o golo de Francisco Conceição.

6 PONTOS: Entrou para que Nuno Mendes encostasse à linha, de modo à equipa ganhar largura. Dá-se o caso de o jogo a partir daí se ter tornado caótico, pelo que tentou despachar tudo o que se lhe apresentasse pela frente. Cumpriu.

6 PONTOS: Não é o mais rápido, não é o mais visionário, não é o mais habilidoso, mas tem a rara capacidade de estar no lugar certo à hora certo – ou ao minuto 86, quando marcou, antes de o golo ser anulado por fora de jogo de CR7.

9 PONTOS: Inventou a jogada do lado esquerdo que deu o 2 a 1. Merece uma estátua.

10 PONTOS: É conhecido pelos dribles diabólicos, mas desta feita foi tão objetivo e pragmático quanto era exigido: estava no meio da área para encostar e fazer o 2 a 1. Merece duas estátuas.