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Duarte Cordeiro pode estar de saída da FAUL. Marta Temido apontada como possível adversária de Moedas
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Duarte Cordeiro pode estar de saída da FAUL. Marta Temido apontada como possível adversária de Moedas

ANTÓNIO COTRIM/LUSA

Duarte Cordeiro pode estar de saída da FAUL. Marta Temido apontada como possível adversária de Moedas

ANTÓNIO COTRIM/LUSA

PS agita-se em Lisboa. Cordeiro de saída e Temido faz caminho para a Câmara

Líder da distrital de Lisboa considera não se recandidatar nas eleições para as federações do PS, mas mantém influência na estrutura. Ex-ministra ganha força para CML. PS-Setúbal também vai mudar.

Completado um ciclo eleitoral, Duarte Cordeiro está a considerar não se recandidatar à liderança da maior estrutura distrital do PS, a Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL). Numa altura em que os partidos já preparam o próximo ciclo autárquico, com eleições agendadas para 2025, o também ministro do Ambiente prepara-se para deixar essa tarefa nas mãos de outro socialista, embora mantenha a influência e a popularidade entre os socialistas de Lisboa. A saída de Cordeiro não o coloca de parte numa futura corrida à Câmara Municipal de Lisboa, mas, nessa frente, o PS já conta com um nome que está a consolidar-se: Marta Temido.

Segundo apurou o Observador, no PS/Lisboa vai correndo a ideia de que Duarte Cordeiro pode aproveitar a “mudança de ciclo” para “justificar a não recandidatura à FAUL”, com alguns socialistas a sugerirem que o cansaço do atual dirigente distrital, que foi eleito pela primeira vez em 2018, mas sobretudo o seu empenho no cargo que atualmente desempenha no Governo podem pesar na ponderação do ministro.

Cordeiro foi nomeado ministro do Ambiente há apenas um ano, depois de ter sido o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares responsável por uma relação já moribunda entre o PS e a esquerda no segundo governo de António Costa. Esse cargo, no entanto, não lhe enchia as medidas, como foi reconhecido pelo próprio primeiro-ministro na altura. O desafio do Ambiente, pelo contrário, está a motivá-lo mais, como o próprio tem confidenciado aos seus mais próximos.

A eventual saída da FAUL, a dois anos das autárquicas, não significa que o socialista tenha já descartado uma candidatura à Câmara de Lisboa nas próximas eleições, frente em que é apontado frequentemente como uma das hipóteses mais fortes para derrotar Carlos Moedas. Mas, com as eleições previstas para 2025, a candidatura teria de se começar a desenhar no próximo ano e o mandato do Governo vai até 2026, pelo que Duarte Cordeiro teria de interromper as atuais funções a meio, cenário que nesta altura não o anima.

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Além disso, nos últimos meses, a solução “Marta Temido“, que foi eleita líder da concelhia do PS em julho, tem ganhado força e até o próprio líder da FAUL apareceu em público a fazer-lhe rasgados elogios — o que reforçou a tese de que a ex-ministra da Saúde pode mesmo vir a entrar na disputa contra o social-democrata.

Se não foi uma candidatura às autárquicas, pareceu: Marta Temido “disponível” para o que o PS quiser

A ex-ministra que pode ser a “alternativa ao PSD”

Marta Temido não tem escondido a sua vontade e disponibilidade para o combate político no PS, nomeadamente na Câmara de Lisboa. Quando apresentou a candidatura para a concelhia socialista de Lisboa, questionada sobre a disponibilidade para se candidatar à autarquia, Temido respondeu: “Os militantes devem estar disponíveis para servir o partido. E da mesma forma que estive disponível para este trabalho na concelhia, estarei disponível se o partido precisar de mim”. Nesse mesmo momento, Duarte Cordeiro também deu gás a essa hipótese: “Estamos aqui todos porque acreditamos na Marta” para “unir o PS e a partir daqui criar dinâmica e força que nos faça ganhar a Câmara Municipal de Lisboa nas próximas eleições”.

A frase de Cordeiro é suficientemente aberta para ser lida como um apoio a Temido ou uma forma de manter a porta da sua própria candidatura entreaberta caso venha a concluir que, afinal, é mesmo o seu tempo em Lisboa — o Observador sabe que, a esta distância, a decisão ainda não está fechada. Uma coisa é certa: o PS percebeu que tem de avançar em 2025 com um nome forte em Lisboa para fazer esquecer o trauma de 2021 e reconquistar a Câmara a Carlos Moedas.

Temido já vai lançada no terreno, onde está a dar sinais de querer entrar rapidamente nas lógicas da estrutura socialista. “A concelhia está animada e ativa. Há um grau de irrequietude por causa da Marta”, diz ao Observador um dirigente do PS. A ex-ministra tem “promovido bastantes reuniões da concelhia, já se reuniu com todos os presidente de Junta” e vereadores do PS, descreve um dirigente concelhio.

Para já, a tarefa principal de Marta Temido é assegurar que o PS tem condições para fazer uma oposição forte a Carlos Moedas. Isto porque, em apenas dois anos de mandato, os socialistas já viram sair nove nomes que faziam parte da sua lista. Na semana passada, juntou-se à lista dos desistentes o vereador Rodrigo Lino Gaspar, que preferiu candidatar-se aos órgãos sociais da Ordem dos Arquitetos. Assim, o PS acabou por ficar com o mesmo número de vereadores que o movimento Cidadãos por Lisboa, parceiro nas últimas eleições – um aspeto que provocou alguma irritação junto de parte do PS em Lisboa.

Mas isso é apenas parte do trabalho — e talvez o mais delicado. Nas ruas, a popularidade da ex-ministra tem surpreendido os socialistas que a têm acompanhado pela cidade de Lisboa, com elementos do partido a darem nota do “impacto que a Marta tem tido”. Esse efeito está a ser registado ao mais alto nível e o seu nome já é considerado internamente como “uma alternativa ao PSD” em na cidade.

Apesar da provável saída de cena de Duarte Cordeiro, a influência do socialista que dirigiu as três campanhas de António Costa para as legislativas não diminui no PS Lisboa. “O Duarte continuará a ser sempre o verdadeiro líder da FAUL, nós somos todos cordeiristas”, assume um dirigente do partido ao Observador sublinhando o peso político do socialista e reconhecendo influência na sua própria sucessão.

Nesse ponto, há dois nomes na calha: Ricardo Leão e Carla Tavares. Os presidentes das Câmaras de Loures e Amadora, respetivamente, são os mais apontados à sucessão de Cordeiro, por lideraram as duas maiores autarquias da área metropolitana de Lisboa que estão nas mãos do PS. Leão, ainda assim, é visto como uma solução de continuidade em relação ao atual líder, o que lhe confere especial peso na estrutura.

Ricardo Leão conseguiu roubar ao PCP a Câmara de Loures em 2021.

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

As outras contas que se vão fazendo no partido

As eleições na federações distritais do PS estavam previstas para o final do próximo ano, mas a direção do partido entendeu antecipar todo o calendário de eleições internas. A cúpula socialista decidiu marcar o congresso para o primeiro trimestre de 2024, aproveitando esse momento para o lançamento das europeias desse ano, e, com isso, antecipou também as eleições das estruturas distritais, evitando disputas internas, muitas vezes politicamente delicadas, tão em cima das eleições autárquicas. Desta forma o partido também ganha tempo para preparar as autárquicas, já com os novos presidentes de estruturas locais em funções.

Lisboa não é a única das maiores distritais do PS que terá mudanças no arranque desse novo ciclo. Em Setúbal, António Mendonça Mendes, presidente e secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, está impedido de se recandidatar, devido à regra de limitação de mandatos, e, no PS, já se aponta como provável sucessor André Pinotes Batista. O atual deputado, próximo da ministra Ana Catarina Mendes, poderá, assim, vir a liderar uma distrital que tem algumas das mais importantes disputas autárquicas para o PS — nas últimas eleições, em 2021, foi em Setúbal que o PS conseguiu roubar mais câmaras conseguiu roubar ao PCP.

Antecipa-se que a distrital do Porto também venha a agitar-se devido às investigações judiciais que envolvem Eduardo Vítor Rodrigues, líder da estrutura e presidente da Câmara de Gaia, e que tem como principal alvo o seu vice-presidente.  No entanto, no PS/Porto, garante-se que o atual presidente tem o apoio da “concelhia do Porto e também de um grupo político mais alargado no distrito” para continuar no cargo. “É o candidato [à liderança do PS/Porto]. Só não será se não quiser“, garante a mesma fonte ao Observador.

Quanto a decisões sobre autárquicas — e o Porto é um caso sério para o PS nas próximas eleições, com a saída de Rui Moreira –, a decisão é atirada para mais adiante. “As europeias serão a fronteira“, admite um dirigente local, que fala até na necessidade de se clarificar, depois dessas eleições, a situação do próprio Governo — a saída de Costa para um cargo europeu continua a não estar completamente descartada dentro do PS. O assunto dos dos futuros candidatos autárquicos no distrito é, assim, empurrado para o segundo semestre do próximo ano ou mesmo o início de 2025.

Mesmo com estas mudanças certas em distritais de peso, não é de esperar que a lealdade política do aparelho mude. Enquanto António Costa for o líder do partido, as estruturas não vão dar sinal de qualquer dessintonia com a atual linha política. Já é conhecida a influência pedronunista no PS profundo e o seu trabalho de preparação do terreno, mas os mais próximos de Pedro Nuno Santos garantem que o clima é de “total unidade à volta de Costa no Governo“. Seja como for, o ex-ministro tem o seu espaço assegurado. “Não vejo nenhum distrito onde, no seguimento das eleições internas, Pedro Nuno fique numa posição mais recuada“, adianta outro apoiante do socialista.

Neste grupo de apoiantes de Pedro Nuno Santos está entranhada a perceção de que uma boa prestação do Governo garantirá ao PS melhores hipótese de continuar no poder no futuro. “Qualquer pessoa que queira ser futuro depende do sucesso do presente”, diz um apoiante do ex-ministro. Por agora, as águas estão serenas no aparelho socialista. No dia em que António Costa abrir a porta da sucessão, as tropas avançarão no terreno.

 
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