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JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Recuperados. A enfermeira que Hélder reconheceu da escola e o colega de trabalho: dois encontros inesperados, antes e depois do coma

Hélder Gomes, 47 anos, ficou 52 dias em coma. Antes de ficar inconsciente, reconheceu a voz de uma enfermeira que não via há 30 anos. Depois, ficou no quarto de um colega de trabalho.

“Não tenho consciência de quando acordei. Nem tenho memória desse momento. Lembro-me de coisas depois. De estar completamente fora de mim, sem saber… Porque para mim aquilo foi estalar um dia. O ligar e desligar de um botão. Desligaram e eu desapareci; ligaram e eu estava cá outra vez. Para mim, não houve tempo. Perdi o Natal, a passagem de ano, perdi os 18 anos do meu filho, que era uma data importante”.

Hélder Gomes está sentado junto à janela do quarto que agora ocupa no Centro de Reabilitação do Norte. É um dos doentes que recupera das sequelas deixadas pela Covid-19. Testou positivo a 10 de novembro. Os sintomas agravaram-se e, no dia 15, foi internado no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos. Dali, foi transferido para o Hospital de Santo António, no Porto. Mas o estado de saúde continuou a agravar-se e os médicos determinaram que precisava de ECMO, uma máquina que substitui a função dos pulmões e do coração.

[Ouça aqui a reportagem da Rádio Observador sobre Hélder Gomes]

Recuperados. Hélder reencontrou a colega de liceu antes de entrar em coma. “Deu-me força”

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Na altura, no Porto essa máquina não estava disponível e, por isso, foi transferido para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Ainda no Hospital de Santo António foi induzido em coma. Mas a última memória, antes de ficar inconsciente, é de um encontro inesperado nos Cuidados Intensivos. “Há coincidências na vida… Na altura em que me estavam a adormecer, entrou uma enfermeira que eu reconheci de estudar comigo no Secundário”.

Não se viam há quase 30 anos. A vida tinha mudado muito desde os tempos de Liceu. Mas foi o conforto dessa voz conhecida que o ajudou naquele momento complicado. “Ela disse-me, e isso foi marcante: ‘Hélder, tens que lutar com todas as forças. Agarra-te àquilo que mais gostas’. Eu respondi que são os meus filhos. ”Então agarra-te a isso porque vai precisar. O teu estado não está fácil. Se fores forte, vais conseguir ultrapassar isso’. As palavras dela deram-me força”. Não se lembra de mais nada. Só voltou a ficar consciente 52 dias depois.

"Desligaram e eu desapareci; ligaram e eu estava cá outra vez. Para mim, não houve tempo".
Hélder Gomes

A colega de escola: “A diferença entre estar de um lado e de outro é muito pequena”

Susana Costa é enfermeira de anestesia do bloco operatório no Hospital do Santo António, no Porto. Já trabalha há 27 anos. Na primeira vaga da pandemia, foi chamada a integrar uma unidade específica para cuidar de doentes Covid-19.

Estava fora da sua área de conforto. Os enfermeiros do bloco não acompanham a evolução dos doentes: “É raro morrerem-nos doentes. Tivemos de aprender a lidar com essas situações”.

Na altura em que Hélder Gomes foi hospitalizado, em novembro do ano passado, esta unidade já estava a funcionar há algum tempo, mas o Norte enfrentava mais um pico de infeções e o trabalho não parava. No meio deste turbilhão, um dia, Susana ouviu um doente a chamar por ela.

"Estou aqui e, por isso, estou de baixa. Mas as contas continuam a aparecer e os rendimentos baixaram consideravelmente", lamenta Helder Gomes

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Reconheceu o Hélder nessa altura?
Não. No dia em que ele entrou na unidade, eu estava de serviço mas ele não era um doente que me estivesse atribuído. Eu por algum motivo entrei na sala onde ele estava a ser admitido. Estava equipada com máscara, os óculos de proteção e um barrete a proteger o cabelo e disse qualquer coisa a uma colega. E o Hélder, do lado de lá, falou comigo: “Olá, estás boa?”. Eu não estava a reconhecê-lo. E ele disse: “Não me estás a reconhecer? Andaste no Liceu Rodrigues de Freitas? Eu sou o Hélder”. Ele reconheceu-me logo. Deixou-me perplexa, porque no meio daquela confusão, ele doente, com dificuldade em respirar e reconheceu-me de imediato.

Eram próximos no Liceu?
Nem por isso. Não tenho noção de ele sequer ser da minha turma. Nunca mais o vi. Não mantínhamos contacto. Mas por alguma razão, ele reconheceu-me.

O que é que se recorda desse encontro?
Nesse dia não falámos muito. Lembro-me que no turno seguinte que fiz fui à sala onde ele estava e que ao lado dele estava um doente já em fase terminal. Tinha sido permitida a visita dos familiares para se poderem despedir. E eu achei que o Hélder estava muito incomodado com a situação, que aquilo estava a mexer com ele. E então, equipei-me e falámos um bocadinho. Disse-lhe que aquela não era uma situação com a qual ele se devesse identificar. Ele era jovem, saudável e tinha todos os motivos para que as coisas lhe corressem bem e que a doença era a mesma, mas as circunstâncias variavam com os doentes. Ele devia lutar e esforçar-se por ficar bem porque tinha todas as condições para isso acontecesse. Na altura, lembro-me que ele, muito emocionado, mostrou-me umas fotografias dos filhos, o rapaz e uma rapariga, com um orgulho enorme, apesar da dificuldade que tinha em falar. E eu disse: “Aí está o motivo a que tu tens de te agarrar e tens de lutar por isto”. Depois, o Hélder pediu-me que falasse com a mãe dos meninos para lhe dizer o que é que se estava a passar. E eu assim fiz.

"Eu estava a tratar e ele estava a receber cuidados e percebi que a diferença entre estar de um lado e de outro é muito pequena"
Susana Costa, enfermeira e colega de escola de Hélder

E depois a situação dele agravou-se...
As coisas precipitaram-se. Ao fim desse dia ele teve de ser entubado. Propusemos-lhe que falasse com a família. Nós temos noção da realidade de que muitos destes doentes, quando são entubados, depois podem não recuperar. Muitas das vezes, é a última oportunidade que têm para falar com a família. Eu identifiquei-me um bocadinho com a situação. Tem a mesma idade que eu, dois filhos de idade aproximada aos meus, vínhamos da mesma escola. Eu estava a tratar e ele estava a receber cuidados e percebi que a diferença entre estar de um lado e de outro é muito pequena.

O que é lhe disse na altura? Explicou-lhe o que podia acontecer?
Sugeri que ele falasse com a família. Não lhe disse que podia ser a última vez, mas que ia estar entubado não se sabia por quanto tempo. Ele assim fez. Ligou aos filhos, à ex-mulher e à irmã. Disse-lhe: “Agora a tua parte está feita. Lutaste. Agora vais descansar que nós vamos lutar por ti. Vamos fazer tudo para que fiques bem”. Há poucas palavras para se dizer nestas alturas. É muito difícil para eles. E é difícil para nós também! Custa sempre, mas quando é uma pessoa jovem e saudável, faz-nos realmente pensar na fragilidade disto tudo. O Hélder foi um dos doentes mais jovens que tivemos com esta gravidade. E não estava a correr bem.

Depois disso, ele teve de ser transferido para Lisboa. Continuou a acompanhar o estado de saúde dele?
Fui falando com a ex-mulher. Ainda hoje, trocamos mensagens.

E com o Hélder? Já falaram entretanto?
Troquei duas mensagens no Facebook. Ele ainda tem tem alguma dificuldade na autonomia com o telemóvel. Numa dessas mensagens, ele agradeceu-me. Realmente marcou-me muito. Como pessoa e como profissional.

As palavras de Susana, pouco antes de entrar em coma, são a última memória nítida de Hélder. Depois disso, foi transferido para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde esteve 46 dias em ECMO. No total, passou 52 dias em coma.

Acordar do coma: “Olhei para as minhas pernas e não me reconhecia”

Hélder Gomes não se recorda de ter regressado ao Porto. Tem alguns flashes da ambulância e uma memória vaga dessa viagem. Só alguns dias depois voltou a estar totalmente consciente. E descobriu as limitações que tinha.

“Não consegui coçar o nariz. Não mexia as pernas, estavam completamente presas. O braço mexia uma coisa muito mínima. Lembro-me que estava sem calças de pijama, olhei para as minhas pernas e não me reconhecia. Era só mesmo pele e os ossos. A massa muscular desapareceu toda. Eu não conseguia estar sentado, manter o pescoço direito. Um desespero total. E a pergunta é: ‘Porquê?'”.

Até esta altura, com 47 anos, nunca tinha tido problemas de saúde. A Covid-19 deixou-o com uma tetraparesia (uma perda de força muscular global). Não tem equilíbrio no tronco, o movimento nos braços é limitado e mal consegue mexer as pernas.

"Não consegui coçar o nariz. Não mexia as pernas. Era só mesmo pele e os ossos. Um desespero total. E a pergunta é: 'Porquê?'"
Hélder Gomes, 47 anos

Recentemente, começou a fisioterapia no Centro de Reabilitação do Norte, em Vila Nova de Gaia. É aqui que chegam os doentes da região Norte do país em estado mais grave, com capacidade de aguentar um tratamento de recuperação intenso. Ana Machado Lima, coordenadora da Unidade de Reabilitação Geral de Adultos, explica que muitos deles são agora doentes pós-Covid.

Quais são as sequelas que estes doentes apresentam quando chegam ao Centro de Reabilitação?
Algumas sequelas estão relacionadas. Uma passagem prolongada nos Cuidados Intensivos pode causar algumas sequelas num conjunto que é denominado “Síndrome Pós-Internamento em Cuidados Intensivos”. Estes doentes Covid caracteristicamente têm uma passagem nestas unidades bastante prolongada e, portanto, são particularmente suscetíveis de sofrerem este tipo de sequelas. Estamos a falar de alterações cognitivas — são doentes que muitas vezes apresentam alterações da atenção, da memória, da velocidade do pensamento e alterações executivas. Além disso, a entubação, as traqueostomias e toda a fraqueza resultante da estadia prolongada, da sedação e dos fármacos, provocam alterações ao nível da deglutição e da voz. E depois são doentes que têm uma fraqueza muscular que vai variar consoante resulte de lesões musculares, lesões dos nervos ou de ambas as estruturas. Estes problemas são mais graves consoante o tempo passado em internamento. Alguns deles chegam totalmente dependentes. Precisam de cadeira de rodas e não conseguem realizar as suas atividades de vida diárias.

Mas há também problemas relacionados diretamente com a infeção de Covid-19?
Sim. Ao longo do tempo temos vindo a perceber que o vírus, embora seja predominantemente respiratório, também afeta outros sistemas. Já tivemos cá internados alguns doentes com um síndrome neurológico sobreposto; por exemplo, doentes com AVC como consequência do vírus. Também alguns doentes com Síndrome de Guillain-Barré (que é uma inflamação e uma lesão dos nervos do corpo todo). Um deles ficou com uma cegueira cortical e com alterações cognitivas das quais não recuperou.

Todos recuperam?
Nós temos alguns doentes que não vão recuperar totalmente dos défices que têm. A maior parte desses casos é que tem lesões neurológicas que depois vão impedir a recuperação completa. Ainda não se sabe tudo. A pandemia tem um ano. Há estudos que estão a ser feitos, mas é cedo para perceber todas consequências.

Mazelas que não se veem. “Hélder, um sorriso. Não estás feliz?”

No Centro de Reabilitação do Norte, cada caso é avaliado à chegada. As necessidades de terapia são identificadas e é traçado um plano com objetivos específicos que vão sendo ajustados ao longo do tratamento.

O trabalho é intenso. Entre as 8h30 e as 16h30, só há pausa para almoço. Há fisioterapia, terapia ocupacional, terapia da fala, nutrição, cuidados de enfermagem, apoio de psicologia e de assistência social.

Hélder chegou ao centro no final de janeiro, mas tem tido alguns problemas que o impedem de começar a sério o plano de reabilitação.

"Estou feliz porque consegui vitórias. Tive pessoas amigas que me disseram que achavam que não ia sobreviver porque o quadro era tão negro"

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Regressou hoje de mais uma passagem pelo Hospital.
No sábado passado, tinha dores abdominais terríveis. Não se sabia o que era e mandaram-me para o Hospital de Gaia. Regressei hoje. Chegou-se à conclusão que era uma colecistite (uma inflamação da vesícula biliar). Sinceramente, não sei se está relacionado com a Covid. Mas felizmente estou bem. E agora estou pronto para recomeçar amanhã a fisioterapia para a evolução ser mais rápida.

Foi mais um obstáculo…
Mais um problema que apareceu. Infelizmente, já estou aqui há mais de três semanas e não tenho feito muita fisioterapia porque tenho tido problemas que não me deixam cumprir o plano.

Esse atraso desanima-o?
Às vezes. Há alguns dias, alguém dizia-me: ‘Hélder, um sorriso. Não estás feliz?’. É um bocadinho pôr as coisas na balança. É olhar para o copo meio cheio ou meio vazio. Estou feliz porque consegui vitórias. Tive pessoas amigas que me disseram que achavam que não ia sobreviver porque o quadro era tão negro. Estou feliz por estar aqui no centro de reabilitação, mas ao mesmo tempo, uma pessoa pergunta: Porquê? Porquê desta maneira? E isto pode modificar significativamente a nossa vida. Há pessoas que não recuperam e ficam com mazelas. Por exemplo, eu não era diabético e fiquei. Não tinha problemas nenhuns de saúde e agora vou ter um problema de rins que me vai acompanhar para toda a vida. Há mazelas que vão ficar.

As “mazelas”, como lhes chama Hélder, não são a única preocupação. “Estou aqui e, por isso, estou de baixa. Mas as contas continuam a aparecer e os rendimentos baixaram consideravelmente. Isso é outra questão que, quer queiramos quer não, uma pessoa de vez em quando pensa”.

"Há preocupações económicas e agregados familiares a ficarem sem emprego... São alterações que estão a acontecer na dinâmica familiar, a par da situação de doença que, já por si, cria muita ansiedade"
Sara Silva, coordenadora de Psicologia do Centro de Reabilitação

A coordenadora do Serviço de Psicologia do Centro de Reabilitação, Sara Silva, explica que este é um problema comum a muitos doentes: “Há preocupações económicas, há agregados familiares a ficarem sem emprego… É um conjunto vasto de alterações que estão a acontecer na dinâmica familiar, a par da situação de doença que, já por si, cria muita ansiedade”.

Muitos doentes chegam ao Centro em situações agudas de stress e ansiedade. A passagem pelos Cuidados Intensivos é perturbadora: não há dia nem noite, as luzes estão sempre ligadas, não há silêncio, as máquinas não podem parar.

Mas além dessa situação traumática, há o isolamento. A pandemia e as limitações nas visitas não ajudam. “Numa outra altura, se identificássemos que um doente precisava da família ao pé dele, mais que não seja para invalidar aquela perceção de estar sozinho no mundo, fazíamos isso. Hoje em dia, não é possível”.

Todos estes fatores acabam por agravar o estado psicológico dos doentes, diz Sara Silva: “É o medo da doença, o medo de algumas sequelas, o medo de os familiares ficarem infetados, mas depois é todo um outro conjunto de medos e de receios muito válidos de situações paralelas. As pessoas sentem muito o isolamento, o estarem sozinhas e têm preocupações com as questões económicas da família, com o facto de não estarem a contribuir para o sustento da casa”.

Mais um encontro inesperado: “Somos o apoio um do outro”

Hélder sente essa falta da família. Não vê os filhos há mais de um mês e a mãe há mais tempo ainda. “A minha irmã diz-me que a minha mãe chora todos os dias e só vai parar quando me vir em casa”.

As saudades custam, mas aqui, no Centro de Reabilitação do Norte, houve mais uma coincidência. Encontrou um colega de trabalho e, agora, partilham o mesmo quarto: “É importante ter um amigo aqui ao lado. Apoiamo-nos um no outro”.

Encontramos António Teles no ginásio. Faz uma pausa na bicicleta para nos contar que é ele o colega de trabalho (e agora de quarto) de Hélder.

Reportagem com Helder Gomes e António Teles estiveram internados com Covid-19 nos Cuidados Intensivos e continuam a tentar a sua recuperação

Os doentes que aqui fazem fisioterapia têm uma fraqueza muscular que varia consoante as lesões e o tempo passado em internamento

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Trabalham numa empresa do ramo automóvel em Vila Nova de Gaia. Foi António uma das pessoas que fez a entrevista de trabalho a Hélder. Trabalharam juntos durante nove meses, até Hélder ter sido transferido para o departamento comercial.

Quando António deu entrada no Centro de Reabilitação, perguntou pelo colega que já ali estava há duas semanas. A equipa médica do centro percebeu que juntá-los no mesmo quarto ia ajudar nesta fase de recuperação.

“Somos o apoio um do outro. Senti a falta dele no fim-de-semana, quando foi para o hospital. Não me custa admitir isso. Independentemente de ele não ser muito falador… Ele não esteve e eu fiquei um bocado abananado. Não tinha ninguém, estava sozinho. Ainda para mais ainda estava em isolamento, nem podia sair do quarto. Fazia zapping constantemente na televisão… Não me apetecia ver nada…. ”

António também está no centro para recuperar das sequelas deixadas pela Covid-19. Antes de ser infetado, já tinha vários fatores de risco cardiovasculares: diabetes, colestrol elevado, hipertensão, excesso de peso e tinha sido fumador.

No início de janeiro, depois do teste positivo ao novo coronavírus, esteve internado no Hospital de Santo António, no Porto, e chegou a ficar quatro dias em coma. Quando acordou, não conseguia andar.

Chegou ao Centro de Reabilitação há cerca de duas semanas e garante que a evolução é contínua. “Tenho atingido os objetivos. Até ultrapassado! Todos os dias consigo mais. É uma coisa extraordinária para mim. Há 15 dias nem andava. Tive de aprender outra vez. Hoje, já caminho nos corredores e acho que já estou pronto a largar a cadeira de rodas. É a minha próxima meta. Deduzo que para a semana vá ter essa prenda”.

António Teles está concentrado em recuperar. E já tem uma meta definida: “Faço 60 anos no dia 12 de março. Gostava de passar o aniversário em casa. Estou a trabalhar para isso”.

"Somos o apoio um do outro", admite António Teles, colega de trabalho de Helder, com quem divide quarto. Ao final da tarde, sentam-se à janela do quarto, virado para o mar

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Celebrar o aniversário com a família é um desejo partilhado por Hélder. “Dia 31 de maio faço 48 anos e era uma prenda bonita poder estar já em casa, na minha vida normal, a trabalhar. Era importante”.

Ao final da tarde, Hélder e António sentam-se à janela do quarto, virado para o mar. Quando acaba o dia, ficam ali, a contar os barcos que chegam da pesca e a tentar adivinhar a vida daqueles homens que desafiam as ondas.

Entre conversas banais, vão puxando um pelo outro, celebrando as conquistas de cada dia. “Na nossa vida damos valor a determinadas coisas que realmente não são importantes”, diz Hélder. “O chegar com o dedo ao nariz parece uma coisa insignificante, mas quando consegui foi uma vitória. Já não tinha de pedir: ‘Olha, coça-me o nariz'”.

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