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Em 2014 Lisboa foi atingida por fortes chuvadas, provocando inundações em vários pontos da cidade
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Em 2014 Lisboa foi atingida por fortes chuvadas, provocando inundações em vários pontos da cidade

© Hugo Amaral/Observador

Em 2014 Lisboa foi atingida por fortes chuvadas, provocando inundações em vários pontos da cidade

© Hugo Amaral/Observador

Sete estaleiros e obras durante três anos para tentar proteger Lisboa de inundações. Plano tem custo total de 250 milhões de euros

A proteção de Lisboa contra as cheias no próximo século terá um custo imediato de congestionamento de trânsito e zonas interditas durante vários anos. Câmara admite que pode haver atrasos.

A obra de construção de túneis de drenagem em Lisboa vai finalmente dar mais alguns passos para a concretização total. Com o objetivo de proteger a cidade de Lisboa nos próximos 100 anos de inundações, a autarquia liderada por Carlos Moedas estima que o projeto venha a ter um custo total de 250 milhões de euros (metade dos quais financiados pelo Banco Europeu de Investimento).

A próxima fase da obra — que inclui a drenagem de terra de sete pontos de trabalho e dita a concretização do plano geral de drenagem de Lisboa — prevê a retirada de terra num volume equivalente a 13 vezes o edifício dos Paços do Concelho.

No total, existirão sete pontos de intervenção, da Avenida da Liberdade a Santa Apolónia, passando por Chelas, Beato ou Campolide (de onde sairá 62% do total de terra).Os próximos três anos serão de congestionamento em alguns pontos da cidade.

A autarquia admite desde já que “a conjuntura nacional e internacional pode interferir nos preços e disponibilidade de materiais de construção e mão de obra”. Ou seja: as obras podem derrapar. Na sexta-feira a Câmara de Lisboa convocou alguns responsáveis políticos na cidade e associações de moradores para uma apresentação e divulgou no YouTube um vídeo com mais informações sobre a concretização do plano de drenagem.

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Considerando que se trata de uma “obra invisível que vai proteger a cidade para os impactos das alterações climáticas”, a autarquia diz que ela vai permitir criar “infraestrutura que permite a reutilização de águas para lavagem de ruas, rega de espaços verdes e reforço de redes de incêndio”. Existe já uma página online dedicada ao tema, que estará disponível esta quarta-feira.

A realização da fase final do plano é uma herança de executivos anteriores uma vez que o projeto remonta ao início do milénio — algumas fases da obra já estão totalmente concluídas. Do total dos 250 milhões de euros que a obra custará (a 15 anos), 8,4 milhões já foram executados. No que diz respeito a bacias de retenção foram já concluídas três: na Ameixoeira (em 2018), no Alto da Ajuda (em 2019) e no Parque Eduardo VII em 2021.

Em 2020, no Parque das Nações e na Avenida Infante D. Henrique concluíram-se as obras de um micro-túnel (com 325 metros e 1,2 metros de diâmetro) e cinco descarregadores e foi feito também já “levantamento do cadastro da rede de saneamento”.

Em dezembro de 2020, ainda sob a liderança de Fernando Medina, a autarquia comunicou a adjudicação da “maior empreitada de sempre” para a execução dos túneis de drenagem de Lisboa, considerando-os “estruturas centrais para a resiliência da cidade aos impactos das mudanças climáticas”, como forma de preparar Lisboa “para cheias que ocorram em eventos pluviais elevados.”

O túnel mais comprido terá mais de cinco quilómetros o outro cerca de um quilómetro

Que obras vão avançar agora?

Segundo o Plano Geral de Drenagem de Lisboa, os pontos nevrálgicos do plano são a criação de dois túneis com cerca de 5,5 metros de diâmetro (semelhantes em diâmetro aos do metropolitano) que irão permitir escoar as águas da cidade até ao rio Tejo.

Os túneis de drenagem, assim se chamam, deverão começar a ser escavados nos próximos meses. Fonte da autarquia garantiu ao Observador que essas intervenções só terão arranque “no final do verão“, mas os trabalhos preparatórios de campo devem começar ainda neste primeiro semestre, segundo se pode ler num documento da autoria da Câmara de Lisboa a que o Observador teve acesso.

Sobre os constrangimentos que a cidade enfrentará nos próximos anos, a autarquia assegurou ao Observador que “estão a ser analisados pelos Serviços Municipais de Mobilidade, em articulação com a EMEL e com a Carris, as medidas a tomar para, em cada local, minimizar restrições, garantindo as melhores condições de mobilidade seja ao nível do trânsito, mas sobretudo do transporte público, manutenção das formas de mobilidade suave, acessos pedonais confortáveis e seguros e manutenção das condições de acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida”, não estando ainda de momento definidas totalmente as alternativas.

A autarquia acrescenta ainda que “a ser iniciado algum estaleiro no decorrer do mês de junho será apenas o de Campolide”: “Este estaleiro tem impacte reduzido no quotidiano da cidade sendo realizada a retirada de terras diretamente para o eixo Norte-Sul e sem entrada na cidade.”

Para a escavação dos túneis será usada uma “tuneladora” chamada “H2O Lisboa”. A máquina tem “100 metros de comprimento” e poderá avançar “mais ou menos 10 metros por dia” nos túneis que serão escavados. O mais extenso dos túneis terá cinco quilómetros e será escavado entre o Monsanto e Santa Apolónia. O segundo, mais curto, com cerca de um quilómetro surgirá também abaixo do nível do solo entre Chelas e o Beato.

A autarquia diz que a “minimização dos impactes passa também pelo estudo aprofundado de alternativas viáveis para o trânsito, colocação de sinalética visível com indicação clara das opções existentes, com divulgação nos meios de comunicação social, nos próprios meios da câmara municipal e nas Juntas de Freguesia de forma a que os munícipes possam planear as suas deslocações tendo em conta as restrições que vão existir.”

Imagem da tuneladora que será usada nas obras, vísivel no vídeo divulgado pela câmara municipal

Onde é que haverá alterações?

Nos próximos três anos, de acordo com o cronograma divulgado pela autarquia na reunião para a obra dos túneis de drenagem existirão “sete frentes de trabalho” as quais, reconhece o executivo, “terão, inevitavelmente, algum impacte negativo na cidade, pelos constrangimentos na circulação/tráfego que irão causar”. Que pontos são estes?

  • O principal — e de onde sairá quase 70% do total de terras — é Campolide, cuja data prevista para o decorrer da obra é entre este mês de maio de 2022 e janeiro de 2025.
  • Também na Avenida da Liberdade haverá obras: entre setembro deste ano e maio de 2024;
  • Na Rua de Santa Marta/Barata Salgueiro as obras estão previstas entre os meses de julho de 2022 e junho de 2024;
  • Na Avenida Almirante Reis/rua Antero de Quental serão entre setembro deste ano e julho de 2024;
  • Em Santa Apolónia, Chelas e no Beato o início das obras estava previsto para o próximo mês de junho e o final em janeiro de 2025.

Ao Observador, a autarquia esclarece que os estaleiros “estão precisamente localizados nas zonas onde se prevê recolher as águas dos principais ‘vales’ – antigas ribeiras – (Avenida da Liberdade, São José /Santa Marta e Almirante Reis) e desviar essas águas para o túnel – evitando dessa forma o potencial de cheias e inundações na zona baixa da cidade. Nesses estaleiros serão construídos vórtices que recolhem as águas dessas condutas e, já com a energia dissipada, são encaminhadas para o rio.”

Em cada um destes pontos o nível de impacto no dia a dia dos lisboetas será diferente. Desde a instalação de estaleiros provisoriamente, ao corte à circulação em alguns pontos durante a totalidade do decorrer previsto da obra, a autarquia já apresentou alguns detalhes do que acontecerá. Na apresentação feita, coube à engenheira responsável pelo plano de drenagem, Celia Penedo explicar o que acontecerá, na prática, em vários pontos da cidade onde as obras serão realizadas.

Avenida Almirante Reis: obras entre setembro de 2022 e julho de 2024

No cruzamento entre a Avenida Almirante Reis e a rua Antero de Quental será montado um estaleiro para a obra que, segundo a previsão irá retirar 7 mil metros cúbicos de terra do subsolo. O túnel mais comprido, que tem origem no Monsanto, passará por ali e aquele local foi escolhido para instalar um dos estaleiros da obra.

A rua Antero de Quental será encerrada à circulação automóvel durante toda a obra e será de estacionamento exclusivo para os moradores. Mantém-se a circulação pedonal entre a Antero de Quental e a Almirante Reis.

O elétrico 28 continuará a passar na Almirante Reis e a circulação automóvel ficará limitada a uma faixa em cada sentido naquele local.

Não muito longe, no largo do Intendente será necessário criar um poço de ventilação, estando prevista que a obra nesse local seja realizada entre novembro de 2023 e abril de 2024. Haverá desvios pedonais no passeio naquela zona, mas sem qualquer impacto no trânsito, prevê a autarquia.

Santa Apolónia: obras entre junho de 2022 e janeiro de 2025

Quatro fases da obra na zona de Santa Apolónia entre junho de 2022 e janeiro de 2025

Em Santa Apolónia, onde terminará o túnel que começa em Monsanto, há quatro fases diferentes do projeto. O objetivo, segundo foi explicado na reunião, é que “a fluidez do tráfego automóvel não seja posta em causa”.

Na primeira fase, que durará um ano, entre junho de 2022 e junho de 2023, haverá estreitamento de vias e redução de faixas. Estão garantidos os acessos ao museu militar (que inclusivamente já alterou a porta de entrada para ajudar nas alterações) e à esquadra da PSP que existe no local, dedicada ao turismo. Haverá alterações nos passeios da zona, nas ciclovias e na própria circulação automóvel, mas ainda não foi divulgado o projeto final para a futura Praça de Santa Apolónia.

Na rua do Museu de Artilharia, não foi no entanto possível garantir que se manterá aberta no decorrer da obra. Ficará encerrada durante as quatro fases da obra, durante os três anos.

Chelas e Beato: obras entre junho de 2022 e janeiro de 2025

Na zona junto à calçada da Picheleira será garantida a passagem a veículos pesados de transporte e a circulação dos autocarros da Carris. Naquele local, de onde a autarquia prevê retirar 64 mil metros cúbicos de terras continuarão a circular veículos pesados.

Já no Beato, à semelhança do que acontece em Santa Apolónia, a obra será dividida em quatro fases para evitar que a avenida Infante D. Henrique fosse totalmente cortada à circulação durante todo o decorrer da obra.

Entre agosto deste ano e março de 2024 estará encerrada a circulação entre o cruzamento da rua do Açúcar e a rua dos amigos de Lisboa. A avenida Infante D. Henrique será estreitada uma vez que a tuneladora começará a escavar o túnel precisamente naquele local. O estaleiro será instalado numa zona atualmente usada para parque de estacionamento e irá trabalhar 24 horas por dia.

Já este verão, entre junho e julho, está previsto o corte da avenida Infante D. Henrique. A alternativa encontrada pela autarquia, em diálogo com a Administração do Porto de Lisboa (APL), foi desviar o trânsito por uma zona privada, do domínio da APL. “Corte total era impensável, a avenida é um escape da cidade”, reconheceu a engenheira que lidera o plano durante a apresentação.

Local onde ficará instalado o estaleiro na zona de Santa Apolónia

Mais de 520 mil metros cúbicos de terra serão retirados, o equivalente a 13 vezes o edifício dos Paços do Concelho

Para ilustrar o volume de terra que será necessário retirar de Lisboa para criar os dois túneis a autarquia usou as dimensões do edifício dos Paços do Concelho para criar o paralelo: serão retirados 520 mil metros cúbicos, o equivalente a 13 vezes o edifício dos Paços do Concelho.

Segundo a apresentação feita na última sexta-feira, mais de metade das terras serão retiradas a partir de Campolide: serão 322 mil metros cúbicos de terra, 62% do total da obra. Do Beato sairão 85 mil metros cúbicos (17% do total), de Chelas 64 mil (12%), de Santa Apolónia 31 mil (6%). Das zonas no centro da cidade onde haverá também estaleiros: Almirante Reis, Santa Marta e Avenida da Liberdade sairão apenas 3% do total das terras que serão retiradas do subsolo.

Área em Campolide onde será instalado o estaleiro

Essa decisão prende-se essencialmente com a localização dos estaleiros, na zona central da cidade e a dificuldade que traria fazer movimentar diariamente vários camiões na zona para levar as terras para fora da cidade. Na exposição feita do plano, a responsável acrescentou também que as areias serão “levadas para sul” pela ponte Vasco da Gama (a partir do Beato, Chelas e Santa Apolónia) e os restantes pela Ponte 25 de Abril.

O objetivo é “não haver atravessamentos do carros pesados e minimizar o impacto do tráfego automóvel da obra no tráfego automóvel da cidade”, detalhou Celia Penedo. Dos estaleiros da avenida Almirante Reis e da Avenida da Liberdade sairão 14 mil metros cúbicos de terras (sete de cada) e da Barata Salgueiro apenas quatro mil.

Zonas no centro da cidade onde serão instalados também dois dos estaleiros

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