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Ministério Negócios Estrangeiros Espanha

Ministério Negócios Estrangeiros Espanha

Sudão. O conflito escalou e vários países desenharam megaoperações para retirar cidadãos — portugueses já saíram

Reino Unido ainda está a avaliar a melhor forma para garantir a saída dos seus cidadãos, Espanha delineou a retirada via aérea e a Turquia teve de adiar o seu plano. E só um português não quis sair.

O Reino Unido enviou mais de 1200 militares para regatar diplomatas e planear a saída dos cidadãos que vivem no Sudão, Espanha coordenou uma operação para garantir a segurança da saída de cerca de 100 pessoas — incluindo uma portuguesa — de Cartum, a capital do Sudão. E, à exceção de um português que quis ficar, os restantes 21 já não estão no país. A Turquia, no entanto, adiou a sua missão devido aos bombardeamentos. Desde o dia 15 de abril que a tensão em Cartum tem escalado, com as Forças Armadas do Sudão, apoiadas pelo governo sudanês, de um lado e com as Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) do outro. E, desde esse dia, os europeus começaram a desenhar as respetivas operações para resgatar os cidadãos que vivem naquele país, que está agora mergulhado num conflito e onde já morreram, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 400 pessoas.

Um dos principais problemas para os países que pretendem garantir a segurança dos respetivos cidadãos é precisamente o aeroporto de Cartum, que está inoperacional e fez com que os países tivessem de desenhar diferentes planos de resgate. E nem todos optaram pela mesma solução — uns utilizaram os aeroportos situados nas proximidades, outros arriscaram as vias terrestres para chegar a países vizinhos, como o Egito.

Outra dificuldade foi a falta de segurança na hora da saída de Cartum, uma vez que as duas forças de combate tinham anunciado, na passada sexta-feira, um cessar-fogo durante três dias, mas a promessa não foi cumprida e continuaram os bombardeamentos. Por exemplo, segundo o Guardian, a Turquia definiu que os seus cidadãos saíssem de Cartum pelas estradas, mas uma explosão perto do local de passagem obrigou ao adiamento dos trabalhos de retirada.

Esta segunda-feira à tarde foi acordado novo cessar-fogo de 72 horas a partir da meia noite local (23h em Lisboa) confirmado, já à noite pelo secretário de Estado dos Estados Unidos da América, Antony Blinken.

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Antony Blinken confirma cessar-fogo no Sudão durante 72 horas, que começa à meia-noite (local) desta segunda-feira

16 quilómetros de estrada para fugir

Portugal também já garantiu a saída em segurança dos portugueses que estavam no Sudão — de um total de 22, um quis continuar no país. Assim, 21 cidadãos nacionais foram já retirados daquele país: segundo o Expresso, 11 saíram com as forças militares italianas para uma base militar perto de Cartum e voaram até Djibuti e outros foram para Porto Sudão e depois para o Egito.

Uma portuguesa, que viajou com as forças espanholas, chegou esta segunda-feira à base de Torrejón de Ardoz, em Madrid, e voou com cerca de 100 pessoas, incluindo espanhóis, polacos, italianos, irlandeses e latino-americanos. Espanha, que ficou responsável pela retirada desta centena de pessoas, começou a planear a operação de resgate de não-combatentes na passada sexta-feira — dia em que foi anunciado o cessar-fogo — e optou por operacionalizar um percurso de estrada até uma base militar situada a cerca de 16 quilómetros de Cartum e, daí, voar até à base do país vizinho, Djibuti, a cerca de 1.300 quilómetros.

Dos 22 portugueses, um deles quis continuar no país e nenhum dos restantes se encontra já no Sudão. 11 saíram com as forças militares italianas para uma base militar perto de Cartum e voaram até Djibuti e outros foram para Porto Sudão e depois para o Egito.

Segundo o El País, foi enviado logo na sexta-feira o primeiro avião A400M para Djibuti e, durante o fim de semana, três aviões viajaram entre este país e Espanha para levar material — como carros blindados — e militares. No total, foram enviados pela operação coordenada pelos ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Defesa espanhóis cerca de 200 militares e, no domingo, os membros do exército espanhol, com o apoio dos carros blindados, garantiram a segurança das cerca de 100 pessoas que esperavam dentro da embaixada espanhola e que percorrem 16 quilómetros de estrada até chegar à primeira base militar. A viagem entre a primeira base militar e a base de Djibuti foi feita por dois aviões, sendo que um deles se atrasou depois do pedido feito por cidadãos italianos, que quiseram sair com os militares espanhóis.

Esta manhã, mostrando fotografias do interior do avião e do momento do embarque destes cidadãos que viviam no Sudão, o ministério da Defesa espanhol anunciou que a missão foi concluída “com êxito”. “Depois da escala em Djibuti, já voam para Madrid num avião da Força Aérea”, escreveu este ministério nas redes sociais. E a informação de que uma cidadã portuguesa estava neste voo foi, aliás, avançada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, que referiu também esta manhã que o Governo está a “trabalhar em articulação, juntamente com outros países aliados, com vista à retirada, em segurança, dos cidadãos nacionais que se encontram no Sudão”.

Mas Espanha não é o único país a garantir a saída de cidadãos de outras nacionalidades. Além de Itália, que deu lugar a 11 portugueses, também França conseguiu tirar do Sudão quase 500 pessoas de 36 países.

Reino Unido. Navios de guerra e um embaixador de férias

As operações britânicas no terreno não são fáceis, mas a saída dos britânicos está também a criar alguma tensão no Reino Unido. Como avançou o Times, o embaixador Giles Lever estava de férias quando começou o conflito entre as duas forças, que já levou ao encerramento da maioria dos serviços e ao corte de eletricidade, sobretudo na capital. O diplomata tirou férias durante o Ramadão e, neste momento, os cerca de quatro mil britânicos que vivem neste país ainda não conseguiram sair.

Até agora, apenas diplomatas e respetivas famílias conseguiram sair do Sudão, graças a uma operação militar especial feita no passado domingo. O Reino Unido está ainda a avaliar a melhor forma para garantir que os cidadãos — pelo menos dois mil já pediram ajuda — conseguem sair em segurança e diz estar a considerar todas as opções: levar os cidadãos até uma base militar próxima, ou arriscar as caravanas até ao Porto Sudão.

Até agora, apenas diplomatas britânicos e respetivas famílias conseguiram sair do Sudão, graças a uma operação militar especial feita no passado domingo. O Reino Unido está ainda a avaliar a melhor forma para garantir que os cidadãos -- pelo menos dois mil já pediram ajuda -- conseguem sair em segurança e diz estar a considerar todas as opções: levar os cidadãos até uma base militar próxima, ou arriscar as caravanas até ao Porto Sudão.

Mas as polémicas não se esgotam. De acordo com o Guardian, o ministério dos Negócios Estrangeiros britânico terá aconselhado os cidadãos a permanecerem em casa, mas existem relatos de que, enquanto essa informação era divulgada, as equipas diplomáticas dirigiam-se para as caravanas protegidas pela ONU, para abandonarem Cartum. Sob várias críticas, o ministério dos Negócios Estrangeiros tem dito que não é possível comparar as operações de outros países com a aquela que é necessária ao Reino Unido, uma vez que o número de pessoas é muito superior. Os movimentos na capital “permanecem extremamente perigosos e nenhuma opção de retirada surge sem elevado risco de vida”, disse o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, Andrew Mitchell.

Arábia Saudita e Estados Unidos. Os primeiros a começar a sair

Ao contrário daquilo que aconteceu na operação desenhada por exemplo por Espanha — que preferiu utilizar a base militar de Djibuti — a Arábia Saudita ordenou a retirada dos seus cidadãos em veículos, que seguiram em caravana, até ao Porto Sudão, no Mar Vermelho, a mais ou menos 800 quilómetros da capital, apesar de já terem sido lançados vários alertas a propósito da possibilidade de sequestro durante esta viagem. Deste porto, foram depois de barco até ao seu país de origem. E a Arábia Saudita foi o primeiro país a garantir a saída de pessoas da cidade sudanesa, ainda no sábado.

A Arábia Saudita ordenou a retirada dos seus cidadãos em veículos, que seguiram em caravana, até ao Porto Sudão, no Mar Vermelho, a mais ou menos 800 quilómetros da capital, apesar de já terem sido lançados vários alertas a propósito da possibilidade de sequestro durante esta viagem.

E, ainda na noite de sábado, os Estados Unidos seguiram o mesmo caminho, escolhendo, no entanto, a via aérea para proceder à retirada de cerca de 100 diplomatas e família. Os cidadãos norte-americanos ainda continuam à espera de poder sair do país e os Estados Unidos já alertaram para o perigo e influência que o grupo Wagner pode ter neste conflito, uma vez que estes mercenários russos estarão a enviar armas para o Sudão. “Estamos muito preocupados com o envolvimento do grupo Wagner no Sudão”, disse esta segunda-feira o chefe da diplomacia norte-americana, Anthony Blinken.

Texto atualizado às 23h10 com o novo cessar-fogo

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