Rui Jorge Rego nunca tinha estado numa televisão antes de ir à CMTV a 8 de agosto, véspera de encerrar de forma oficial o prazo para a entrega de candidaturas às eleições do Sporting. E não teve propriamente muito tempo para se mostrar aos sócios do clube: a 3 de agosto anunciou que iria entrar no sufrágio; no dia seguinte deu a primeira entrevista num jornal desportivo; a 7 voltou a falar; a 8 saiu do hall VIP de Alvalade (onde formalizou a sua lista) para comer qualquer coisa e seguir para os estúdios, naquele que foi anunciado como o primeiro debate entre os sete candidatos mas onde só esteve com José Maria Ricciardi, Dias Ferreira e Pedro Madeira Rodrigues. Aí, começou a intervenção inicial lançando o repto para os restantes concorrentes: irem à Luz ver o dérbi juntos. Ninguém foi.
“Esta aconteceu ontem [domingo] no núcleo do Sporting do Magoito. Estava lá na sessão de esclarecimento e de repente há um sócio que me diz o seguinte: ‘Sabe, uma pessoa pode ter muitas ideias mas o que conta é a popularidade’. Nem sabia ao certo o que pensar porque, na verdade, se sou candidato à presidência do Sporting, mesmo sabendo que fui o último a chegar e a apresentar-me, é por considerar que tenho um projeto que considero ser o melhor para o clube e para a SAD. E admito que todos os dias e em todos os debates vou sempre aprendendo mais qualquer coisa que vai melhorando”, explica, reforçando ainda a impossibilidade de deixar cair a sua candidatura em favor de José Maria Ricciardi ou qualquer outro.
[Veja o vídeo em que Rui Jorge Rego responde às perguntas do Observador — e dá uns toques na bola]
À exceção de Fernando Tavares Pereira, que viu o jogo na Marinha Grande, todos os candidatos assistiram ao dérbi na Luz. Uns chegaram depois do cortejo por compromissos profissionais, outros foram para camarotes, alguns partiram com os restantes adeptos de Alvalade para o trajeto de pouco menos de uma hora a pé. Rui Jorge Rego foi um deles. No final, aceitou o convite de Ricciardi e foi jantar com o adversário ao Gambrinus. E não faltaram aqueles habituais croquetes “de primeiríssima qualidade” numa conversa onde se falou do empate com o Benfica, das coisas do passado que levaram o Sporting a este patamar e de tudo o que pode melhorar no futuro. Fusões de listas, essas, ficaram de fora. Por uma razão simples: em relação aos órgãos sociais não podem existir alterações; em relação a desistências acabava por ser uma “desilusão” para os restantes membros. “O nosso projeto tem uma marca que difere de todas as outras: a profissionalização da SAD. E esse tem de ser o futuro”, diz.
Nas últimas duas semanas, a agenda dos candidatos à presidência do Sporting acaba por ser uma experiência ziguezagueante que pode mudar num curto lapso de horas. Ou de minutos. Inicialmente, tudo apontava para que fosse o dia de apresentação de um dos principais parceiros estratégicos do projeto, Júlio Brant. Ou seja, havia dois pontos de encontro possíveis com o Observador: ou no escritório do advogado, em Loures; ou na própria unidade hoteleira em Lisboa, onde se realizaria a conferência. Por questões de agenda, o empresário brasileiro não conseguiu vir a Lisboa e essa cerimónia teve de ficar adiada por mais dois dias. Uma paragem na Casa da Moeda, onde o Observador se encontrou com o mandatário da lista E, José Manuel Diogo, e depois a Herdade da Aroeira, ao encontro de Rui Jorge Rego.
12h-16h
Os jornais da manhã, duas “bombas” ao almoço e o núcleo de Portimão
Quando passamos pela placa da Marisol recordamos os nomes do futebol tantas vezes falados por residirem nesta área: Luís Filipe Vieira, antes de rumar a Oeiras; Jorge Jesus, que está agora na Arábia Saudita; Rui Vitória, Luisão ou Jardel. Íris, uma labradora preta, acompanha o dono à porta da moradia onde se vai concentrar durante o dia o quartel-general do candidato. Ainda não é hora do fato e gravata, isso só mais logo. Rui Jorge Rego está de polo verde e escuro e calças de ganga, enquanto os três filhos e alguns amigos aproveitam os últimos minutos de piscina antes de almoço. Na mesa ali ao pé, junto das espreguiçadeiras, estão os jornais desportivos do dia; os outros, esses, estão lá dentro. O advogado não se cinge apenas às páginas de Sporting, vai folheando por outros clubes e modalidades. Logo terá dois debates quase seguidos em canais diferentes. “Preparação? Nesta altura a única coisa que tenho de saber é se não se passou nada de muito importante na véspera, porque entre núcleos não conseguimos seguir tudo; de resto, já tenho tudo mais do que sabido e arrumado”, admite.
Dois podem ganhar, os outros cinco decidem a vitória: a primeira sondagem das eleições no Sporting
A parte profissional da agenda está bloqueada e recebe apenas uma chamada para resolver uma coisa rápida para a qual basta uma assinatura digital. Até sair de casa para os debates, vai apenas mais três vezes ao telefone que vai deixando a carregar na sala quando está na parte de fora da casa, junto à piscina. Para início de conversa, o jogo da Luz, o jantar com Ricciardi e uma volta pelo estudo de opinião publicado na semana passada pelo jornal A Bola que o colocava apenas com 0,3%. “Se acreditasse nisso nem valia a pena, não era?”, atira. Mais tarde, já depois do almoço, mostra uma sondagem feita num blogue do Sporting. “Aqui são um bocado menos de pessoas até agora, mas estou em terceiro com os mesmos votos do Dias Ferreira. Ainda vai haver muito para fazer e falar até dia 8”, garante. No entanto, há uma coisa que admite no desenrolar da conversa – tal como já aconteceu em 2011, os números apresentados tendem a bipolarizar o sufrágio eleitoral por uma questão de perceção.
“No outro dia li uma coisa por causa disso, que havia dois que podiam ganhar mas eram os outros cinco que iam decidir a vitória e é mesmo por aí”, atira o irmão Paulo Rego, vice-presidente da Global Media que tinha estado com Dias Ferreira em 2011, então como diretor de campanha e vice com o pelouro da comunicação, e que vai também almoçar com a família (aqui não se recordando que esse mesmo texto tinha sido escrito no Observador). É aqui, quando começa a confusão de carros e de quem vai onde e com quem para o almoço, que se percebe um ponto sobre Rui Jorge Rego: mesmo que não venha a ser eleito presidente do Sporting, o advogado que poucos conheciam veio para ficar e vai continuar a defender tudo o que defende se não for colocado em prática. “É aquilo que acredito ser o melhor para o Sporting e defendo o que acredito”, explica.
A divisão de mesas é a coisa mais fácil à chegada ao Clubhouse da Aroeira, com vista para o último buraco do campo de golfe: os mais novos para uma mesa, os mais velhos para outra e está resolvido. Agora começamos a falar de finanças. “Continuo a achar que as pessoas ainda não perceberam bem o que é o Sporting, acham que podem chegar sem ter já soluções preparadas para os compromissos que vão ter de enfrentar mal agarrem no clube. E isso preocupa-me. O Sporting vai ter dificuldades de tesouraria a curto prazo e só decidi avançar com uma candidatura quando reuni os parceiros financeiros e estratégicos para ter essa parte assegurada”, começa por dizer. Esta parte da conversa fica por aqui para voltar durante a tarde. Na zona de buffet, opta pela lasanha e acompanha com uma salada. Nas notícias, Bruno de Carvalho continua a ser tema. E Rui Jorge Rego consegue “perceber” o porquê de terem associado a sua candidatura ao antigo líder do clube. “Foi tudo uma questão de perceção errada, sendo que só à décima perceberam que isso não fazia sentido. O anúncio da suspensão de sócio dele foi num dia, eu disse que ia ser candidato no dia seguinte, referi que defendia o modelo de chairman para a SAD, uma pessoa [Manuel Moura dos Santos] atirou isso para o ar nas redes sociais… Mas com o tempo perceberam que não fazia sentido”, refere. Na verdade, a ligação entre ambos é ténue – conheceram-se no período das eleições de 2011, cruzaram-se três ou quatro vezes, viram-se pela última vez numa Assembleia Geral da SAD em 2013, quando o advogado era secretário do órgão. “Para acrescentar a isso, votei a favor da destituição dele na Assembleia Geral, em junho. Até por aí se vê”, acrescenta.
Um olhar à volta e naquela mesa com seis pessoas apenas duas, as que estão a falar, não estão a olhar para o telemóvel: o áudio que era falado há mais de 24 horas no universo leonino através da blogosfera, e que ninguém saberia ao certo o que trazia, tinha chegado à comunicação social. “Pedimos para colocar aqui na CMTV? Eles dizem que têm o som”, lê a mulher do advogado. Nem chega a ser necessário, a gravação do vogal do Conselho Diretivo de Frederico Varandas já está acessível à distância de um clique. Dias Ferreira é o primeiro a emitir um comunicado sobre o assunto. “O que achas, comentamos também?”, questiona José Manuel Diogo. Rui Jorge Rego considera ser algo interno de outra candidatura e adia qualquer posição: “Hoje à noite tenho dois debates, se for tema em alguma pergunta respondo”. Pouco tempo depois, Pedro Silveira renuncia ao cargo. E, quando o advogado já estava a partir para uma pequena fatia de bolo e um doce antes do café, Patrício desmente também que tenha falado com José Maria Ricciardi, que na véspera dissera que o ex-diretor clínico se tinha fechado no gabinete durante o ataque à Academia (sendo que a mesa dos mais novos ajuda a descodificar onde se consegue ver as Insta Stories).
Durante a refeição, extra polémicas e picardias nos debates a sete ou a dois, aquilo que aconteceu foi um golpe grande em duas candidaturas adversárias, com maior ou menor impacto consoante a capacidade para criar um spin no que aconteceu. Reação de Rui Jorge Rego? “Sim, se me perguntarem isso em algum dos debates de hoje posso comentar. Mas e os projetos, o que cada um defende? É o que mais me interessa”. E esta é uma postura que nunca deixa cair. “Hoje se calhar vou ter de ligar ao Frederico”, solta depois. Surpresa à vista? “Parece que o núcleo do Sporting de Portimão estava a organizar um debate para amanhã [terça-feira] à noite e não sei se ele vai lá abaixo ou se vai ao debate comigo à Sporting TV”. Reconfirmado: polémica zero. E começa aí uma espécie de despertador com o mandatário até saber a que horas é esse debate no Algarve.
16h-18h30
Preparar um debate a explicar os grandes pilares da candidatura
Nascido em Luanda, Rui Jorge Rego foi viver para o Brasil com apenas dois anos, na altura do 25 de abril, e rumou para Portugal em dezembro de 1980. Um dia, um tio convenceu-o a ir ver um jogo com o Sporting e a coisa nem correu da melhor forma, com os leões a perderem em Alvalade com o Ac. Viseu. Mesmo assim, ficou no clube, onde passou pela natação. Quando tinha 12 anos, os responsáveis verde e brancos ainda chamaram a mãe para convencê-la a que desse o outro passo e entrasse numa zona de competição que obrigava a duas horas de treino diárias mais as provas ao fim de semana — mas isso acabou por fazer com que fosse jogar futsal para a Portela. Formou-se em Direito, colocando sempre os estudos à frente do desporto, mas aquele “bichinho” ainda fez com se inscrevesse numa equipa de futebol de 11 na Encarnação. “Lembro-me que estava num treino, numa bola mais dividida, e quando ia cortar de cabeça, pum! Levei com uma bota na cara, deste lado [apontando para o direito]. Já estava a trabalhar e não podia chegar assim todo marcado ao escritório. Acabei por deixar”, recorda.
Chegou a ser dirigente na ginástica e no ténis, mas são as histórias de quando estava à frente do futsal da Portela que o enchem de orgulho. “E ficámos três vezes a morrer à beira da praia na última jornada, com grandes equipas e orçamentos mais baixos que nos permitiam não ter problemas a esse nível”, lamenta. “Essa é uma das coisas que vou ter de tocar no debate com o João [Benedito] e em que não estou de acordo com ele: o pedir mais aos sócios. Se fizermos as contas, quem tenha Gamebox do futebol, das modalidades e seja sócio paga quase mil euros, que podem ser à volta de 600 se o lugar no estádio for outro. No meu caso, tenho três filhos, quero levá-los a um jogo no pavilhão – a minha mulher não liga, vou com os miúdos – e pago bilhete para todos, já são uns 20 euros. E para ver o quê? Jogos de futsal em que vamos lá para ver aos quantos acaba? E nem estou a falar das coisas normais de merchandising, camisolas e cachecóis… Até poderia admitir isso mas o mais importante, se a ideia é essa de encher os recintos, que acho que deve ser, temos de trabalhar para aumentar a competitividade”, comenta.
É assim nas modalidades, é assim no futebol. Recuando o filme três semanas, Rui Jorge Rego foi o último candidato a anunciar a intenção de ir a sufrágio e defendia quatro grandes pilares: 1) gestão profissional na SAD: líderes de topo focados em ganhar títulos, gerar receitas e afirmar um clube global, competente na indústria do futebol; 2) parcerias estratégicas: dinheiro para investir em jogadores, novas receitas e geografias de expansão; 3) internacionalizar: mercados preferenciais – Brasil, China e África; 4) revisão dos estatutos: sarar feridas internas, devolver o clube aos sócios e ao associativismo. A isto, acrescentou ainda uma lista de dez mandamentos, que ficaram como uma espécie de carta de apresentação para o que se seguiria:
- A Direção pede ao presidente da Assembleia Geral que elabore o projeto de revisão dos estatutos, com autonomia e independência. O presidencialismo não faz sentido. É preciso devolver autonomia a todos os órgãos sociais do clube;
- A Direção nomeia um chairman para a SAD: profissional de topo com forte ligação ao Sporting. Zela pela eficácia e transparência da gestão, mas também pelos valores do clube;
- O presidente do clube lidera o Conselho de Administração da SAD. Conduz o plano estratégico e representa o acionista maioritário;
- O presidente recruta para a SAD um CEO entre os melhores profissionais da indústria, com três objetivos claros: ganhar títulos, gerar lucros e globalizar o Sporting;
- Baixar custos e crescer a partir do patamar de sustentabilidade. As parcerias estratégicas permitem ao Sporting fazer mais e melhor, gastando menos;
- Ter os melhores jogadores. O plantel tem de integrar as promessas da formação e as estrelas contratadas com apoio dos parceiros. Isto reduz custos e aumenta a competitividade;
- Aumentar a receita, as redes de contactos e investir onde o Sporting pode crescer mais, e mais depressa. Criar uma plataforma internacional de negócios, com parceiros na China, Brasil e África;
- Investir no scouting e na Academia, que tem perdido energia e competitividade. É preciso rever o percurso de afirmação dos jogadores e sua valorização. A identidade formadora do Sporting é o seu maior ativo nos mercados internacionais;
- A modalidades – ditas amadoras – gerem orçamentos acima dos 20 milhões de euros. É preciso gestão profissional, alicerçada nos mesmos princípios da SAD: formação; contas saudáveis; internacionalização; gestão e crescimento. Queremos mais modalidades, sucesso desportivo, mas também desporto para todos e serviços para os sócios, simpatizantes e cidadãos em geral;
- Realizar programas escolares, em Portugal e nas comunidades espalhadas pelo mundo, promovendo o amor ao Sporting nas novas gerações em todas as geografias.
Hoje, a realidade mudou. Ou melhor, cresceu. Ganhou forma através de nomes, ganhou tamanho pelos debates e pelos muitos contactos com núcleos. “Não há um único debate onde não retire mais qualquer coisa para melhorar a minha proposta. E em vez de quatro posso dizer que tenho seis grandes pilares, porque as modalidades e os núcleos também o devem ser a nível de proposta global para o Sporting”. Mas há dois nomes incontornáveis nesta candidatura, aqueles que mais se falam.
“Como cheguei ao Roberto Carlos? Acreditando [risos]. A profissionalização da SAD é o grande paradigma que defendo e a maior diferença para os restantes candidatos. E dentro dessa estrutura existe uma figura muito importante que é a do diretor desportivo e que necessita de preencher alguns requisitos. Tive uma reunião com um empresário e apontou-me três nomes: este, este e o Roberto Carlos [n.d.r. Rui Jorge Rego diz em off quem são os outros dois para explicar que se tratavam de figuras bem conhecidas do futebol mas pede para que os nomes não sejam escritos]. Escolhi o Roberto Carlos e, por coincidência, ele até estava de férias no Algarve nessa altura. Tivemos uma primeira reunião de sete horas em que não tive dúvidas de que era aquilo que procurava, depois a segunda foi tornada pública e houve imagens nossas mas isso só aconteceu quando já tínhamos um acordo. E não pagámos nada, ele acredita neste projeto, acha que faz todo o sentido e está connosco, da mesma forma como quando senti a reação dos sócios do Sporting quando o viram e o impacto que teve a nível de alcance nas notícias lá fora tive a certeza de que estava certo. ‘Presidente, lá acima só chegam as coisas boas, tudo o resto é resolvido cá em baixo entre nós’, disse-me numa conversa. Tem perfeita noção do que é um balneário e ajuda a internacionalizar o nome Sporting”, ressalva.
“Depois, o Paulo Lopo. Assumidamente, é o meu presidente da SAD e sei de tudo o que se disse… Já estava preparado para aquela conversa de que tinha uma imagem com a camisola do Benfica. Depois apareceu outra, parece que se andava à procura… O Paulo Lopo é sócio do Sporting há 15 anos, fez um bom trabalho no Leixões, no devido contexto e com as devidas proporções mas fez, e acredito que pode trazer o profissionalismo de que precisamos para dar o salto. As pessoas não estão bem a perceber a realidade do futebol europeu, que está a virar-se cada vez mais para uma Superliga. Não podemos ficar fora desse comboio que não demorará assim tanto como se pensa. Eu não gosto de falar dos nossos rivais porque nos devemos preocupar é connosco, mas não há casos assim nos outros? Em posições chave o que mais interessa é a capacidade, sendo que neste caso estamos a falar de alguém que é sócio do Sporting há 15 anos”, salienta.
“Em relação ao futebol, considero fundamental adequarmos aquilo que gastamos às receitas operacionais. Se formos ver os nossos últimos exercícios, estamos sempre dependentes de ir à Liga dos Campeões ou vender jogadores. Temos de inverter essa lógica porque é possível adequar essa parte através do investimento na formação, que se foi perdendo; na melhoria do scouting, porque vivemos numa era global; e no aumento das receitas extra prize moneys europeus e alienação de ativos. Mas temos os nossos parceiros estratégicos também neste projeto, que já anunciámos: um é o Júlio Brant, que é CEO de uma empresa suíça, que poderá investir 120 milhões de euros seja para compras de passes de jogadores, seja para tesouraria nesta fase inicial; o outro é chinês, a KNG (que se tornou acionista da Global Media), com 80 milhões num modelo diferente, só com investimento no futebol. Ainda assim, espero que consiga estar cada vez menos dependente dos parceiros”, remata.
18h30-22h
A maratona começa na Aroeira, passa por Carnaxide e acaba em Lisboa
Uma olhadela para o relógio, um aviso por causa das horas e a roupa mais casual dá lugar ao fato e gravata (verde, claro). “Falta o esticador nesta gola da camisa”, diz José Manuel Diogo. “O fato parece que está sujo aqui”, acrescenta. Rui Jorge Rego, que mudou ligeiramente de visual em relação ao momento em que surgiu, ri-se e pergunta se aquela dúvida do núcleo de Portimão já está resolvida. Seguem ambos no carro do mandatário da lista E para os estúdios da Sporting TV, onde haverá o primeiro debate da noite com João Benedito. À chegada, percebe-se que não é nem a primeira, nem a segunda vez que ali vai, tantos são os diretos que vai fazendo com os restantes candidatos. Passagem pela maquilhagem, algumas palavras com o adversário da noite sempre num tom descontraído, conversa com responsáveis do canal e entra no estúdio, em Carnaxide.
Cá fora, alguns elementos da lista e familiares ocupam uma pequena sala para assistirem ao debate, com uma duração a rondar os 45 minutos. E acaba por não haver cadeiras para o staff de Benedito que vai também ver o direto, despedindo-se a rir com um “Bem, vamos ter de ir ali para outro gabinete mas assim podem falar de nós e nós de vocês”, atira um desses elementos. O que não aconteceu. Aliás, percebe-se que, com o passar dos dias, já não existem propriamente ideias novas – o objetivo é passá-las melhor e a mais pessoas. “Concordo com o Rui Rego, concordo com o Rui Rego, concordo com o Rui Rego… Bem, afinal algumas coisas boas tem”, comenta-se num tom descontraído. Cá fora, Dias Ferreira já está preparado para ocupar a cadeira do debate uns minutos depois, Pedro Madeira Rodrigues surge logo a seguir. Já Rui Jorge Rego, mal acaba o debate, despede-se dos presentes e acelera o passo para rumar à CMTV, onde estará com José Maria Ricciardi. À pressa, porque o relógio não para e estas eleições criaram um ecossistema exigente até nestes níveis, cumprimenta outros candidatos, incluindo Dias Ferreira, de quem foi sócio dez anos num escritório de advogados (esteve na sua lista em 2011, tendo depois ido para secretário da Mesa da Assembleia Geral da SAD com Godinho Lopes na presidência). Entra no carro, segue caminho, aproveita a folga no trânsito e já está a entrar noutra sala de caracterização, cumprimentando o banqueiro, que se encontra na sala de convidados.
Num e noutro debate houve alguns pontos de dissonância, mas sempre num tom calmo, sem atropelos ou interrupções. No fundo, como Rui Jorge Rego quer. O dia que o Observador passou com o advogado prometia ser o dia em que as contas se poderiam alterar, dando mais margem para os restantes crescerem perante o eleitorado verde e branco. É esse o objetivo único da lista E, da mesma forma como tem apenas um caminho único para lá chegar: fugir a tudo o que não seja discussão de projetos.
O Observador vai publicar até às eleições do Sporting reportagens com todos os candidatos à presidência do clube.