- Sinto-me muitas vezes ansioso/a. Isso é uma doença?
- Quer então dizer que a ansiedade pode ser uma coisa normal?
- Quais são os principais sintomas?
- 4. Há vários tipos de ansiedade?
- Existe alguma relação entre a ansiedade e outras doenças?
- O que posso fazer para prevenir?
- E se isso tudo não chegar, como posso tratar a ansiedade?
Explicador
- Sinto-me muitas vezes ansioso/a. Isso é uma doença?
- Quer então dizer que a ansiedade pode ser uma coisa normal?
- Quais são os principais sintomas?
- 4. Há vários tipos de ansiedade?
- Existe alguma relação entre a ansiedade e outras doenças?
- O que posso fazer para prevenir?
- E se isso tudo não chegar, como posso tratar a ansiedade?
Explicador
Sinto-me muitas vezes ansioso/a. Isso é uma doença?
A ansiedade é uma resposta normal e saudável ao stress. Habitualmente, sinaliza alguma coisa importante – como falar em público ou preparar-se para um exame – ou surge em resposta a uma situação difícil – como ter um acidente ou receber um diagnóstico de uma doença. Nessas situações, a ansiedade surge como um mecanismo de defesa, “uma estratégia de sobrevivência quando estamos diante de uma ameaça ou um perigo, activando o nosso sistema nervoso autónomo simpático, responsável por preparar o corpo para esse perigo ou ameaça que percepcionamos, de modo a conseguirmos lutar ou fugir”, explica a psicóloga clínica Sílvia Coutinho.
Quer então dizer que a ansiedade pode ser uma coisa normal?
“A ansiedade é considerada normal quando tem uma causa aparente, quando dura pouco tempo e quando não exige um esforço demasiado intenso para que se seja capaz de controlá-la e superá-la”, esclarece a psicóloga. Habitualmente, só se fala de uma perturbação de ansiedade – e, portanto, de doença – quando existe uma ansiedade desproporcionada, que perdura no tempo e que tem um grande impacto na vida quotidiana, limitando-a.
Quais são os principais sintomas?
Tremores, palpitações, sensação de falta de ar ou de desmaio, tonturas, batimentos do coração acelerados, suor excessivo, ciclo do sono alterado, náuseas, pensamentos negativos, falta de concentração, falta de apetite ou fadiga, entre outros sintomas, são considerados comuns. Mas as reações podem ser diferentes de pessoa para pessoa ou até na mesma pessoa, de situação para situação.
Quando estes episódios se repetem, gera-se outro sintoma muito incapacitante: um constante “medo de ter medo” com grande impacto no dia-a-dia e no bem-estar.
4. Há vários tipos de ansiedade?
Sim. Os principais manuais de classificação de doenças distinguem diferentes tipos de perturbações de ansiedade, dependendo dos sintomas, causas e outras doenças associadas. A psicóloga clínica Sílvia Coutinho, detalha os vários diagnósticos possíveis:
Perturbação de Ansiedade Generalizada: “É o tipo mais comum e frequente. Caracteriza-se pela preocupação excessiva em relação a coisas relacionadas com a rotina normal. Causa enorme sofrimento, acabando muitas vezes por incapacitar as atividades diárias e, portanto, a qualidade de vida da pessoa.”
Ansiedade Social: “Caracteriza-se pelo medo e ansiedade exagerados em situações de convívio social, nas quais a pessoa se possa sentir sob avaliação ou julgamento, temendo o julgamento. Vai muito além do medo ou nervosismo em falar em público: muitas vezes a pessoa sente-se constrangida e desconfortável em situações comuns do dia-a-dia, como comer em público ou pedir uma informação.”
Perturbação de Pânico: “É caracterizada por ataques de pânico repentinos e inesperados – episódios súbitos e intensos de medo que desencadeiam um conjunto de reações físicas que podem assemelhar-se a um enfarte ou gerar a sensação de morte iminente. Por serem episódios muito assustadores, conduzem a pessoa a um medo intenso da sua repetição, levando-as ao evitar situações em que o pânico possa ocorrer.”
Fobias Específicas: “São caracterizadas por medo ou ansiedade marcados e não racionais em relação a um objecto ou contexto específico – que são habitualmente evitados ou enfrentados com medo e ansiedade intensos.”
Perturbação Obsessivo-Compulsiva: “É caracterizada pela junção de pensamentos que se tornam obsessivos, com ou sem compulsões. As obsessões podem manifestar-se através de ideias, imagens ou pensamentos que ocorrem de maneira repetitiva, gerando ansiedade.”
Perturbação de Stress Pós-Traumático: “Esta perturbação faz com que a pessoa tenha crises de ansiedade ao confrontar-se com um gatilho – um som, um movimento, palavras ou cheiros, associados ao evento traumático por que passou.”
Existe alguma relação entre a ansiedade e outras doenças?
Pode existir. Por um lado, de acordo com a psicóloga Sílvia Coutinho, “é comum existirem queixas físicas, como dor, gastrites, doenças de pele ou úlceras motivadas pela ansiedade excessiva”. Por outro, a perturbação de ansiedade pode abrir espaço para a depressão e/ou para o abuso de substâncias (como o álcool). E cerca de metade das pessoas com depressão podem sofrer também de ataques de pânico ou crises de ansiedade.
O que posso fazer para prevenir?
Sim. Há várias estratégias que podem ajudar a prevenir a ansiedade ou a aliviar os sintomas. Estas são sugeridas pela psicóloga Sílvia Coutinho:
- Técnicas de relaxamento: exercícios de respiração profunda e imaginação guiada por imagens (por exemplo, imaginar um jardim repousante ou a praia favorita);
- Meditação e yoga: aumentam a capacidade de autocontrolo e autoconhecimento, com diminuição do stress associado às crises de ansiedade e uma maior capacidade de apreciar o momento presente;
- Dieta saudável, descanso e exercício físico: evitar cafeína ou álcool, privilegiar o sono e praticar desporto para diminuir as hormonas associadas ao stress;
- Partilhar sentimentos e preocupações: falar com as pessoas de quem gostamos, para termos a sensação de que não estamos sozinhos e assim fortalecer a ligação emocional aos outros;
- Manter um diário: a escrita diária é útil para ter consciência das nossas emoções e pensamentos.
E se isso tudo não chegar, como posso tratar a ansiedade?
Quando há uma perturbação de ansiedade já instalada, é necessária ajuda psicoterapêutica. “Primeiro é preciso intervir nos sintomas e nos comportamentos, de modo a que a pessoa se sinta menos limitada e incapacitada no dia-a-dia, retomando um estado funcional”, diz Sílvia Coutinho. Depois dessa estabilização, é preciso trabalhar a raiz do problema, “que pode inserir-se em aspetos da história de vida da pessoa, como a educação, dinâmica familiar, aprendizagens e crenças, traumas, abusos ou negligências vivenciados e o estilo de vida presente, entre outros”.
Em muitos casos é também necessária medicação específica para controlar a ansiedade – que pode ser prescrita por um psiquiatra ou médico de família que conheça bem a situação do paciente.