Está a circular uma imagem que parece mostrar três mensagens trocadas no WhatsApp em que uma alegada apoiante do antigo Presidente do Brasil Lula da Silva — é identificada como “Fernanda do PT” — assume haver trabalhistas a fazerem-se passar por bolsonaristas para “tocar o terror na rua”.

“Estamos xingando negro, mulheres e gays, distribuindo cartaz falando mal deles e com imagens de arma e símbolo do nazismo, escrito Bolsonaro”, dizem as mensagens. E prosseguem: “Isso vai repercutir e vai fazer o Bolsonaro não ganhar, também tem uma galera criando conta fake xingando nordestino, gay, etc. Vai dar certo.”

Acontece que a suposta captura de ecrã das três mensagens não passam de uma montagem. E isso é evidente desde logo por algumas características do grafismo da imagem. Um dos detalhes que denunciam a montagem destas mensagens é o modo como a palavra “Bolsonaro” está escrita na primeira mensagem, que diz: “Compramos camisas do Bolsonaro e do Brasil, bandeiras, e estamos tocando o terror na rua fingindo ser eleitores dele”.

Na imagem, por falta de espaço, a palavra “Bolsonaro” foi dividida com um hífen, mas isso não acontece no WhatsApp: quando já não há espaço para mais uma palavra na mesma linha, ela é transferida para a linha seguinte de forma integral. O hífen só é utilizado para palavras extremamente compridas, com dezenas de letras, ou se a própria necessitar de um hífen para ser escrita.

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Alguns elementos da imagem denunciam que é uma montagem.

A qualidade da imagem também levanta dúvidas. Quando um utilizador faz uma captura de imagem do ecrã do seu telemóvel, a imagem não fica distorcida, não perde qualidade, nem adquire o aspeto granulado do print screen utilizado nesta publicação.

O facto de, no topo do ecrã, as mensagens estarem assinadas como sendo de uma “Fernanda do PT” — sugerindo que a suposta autora do conteúdo pertence ao Partido dos Trabalhadores brasileiro — também não serve de prova à veracidade delas. Basta trocar o nome de qualquer contacto para “Fernanda do PT” e essa será a designação a aparecer na aplicação WhatsApp.

Além disso, estas informações não surgem em quaisquer meios de comunicação social fiáveis: apenas circulam nas redes sociais. Ou seja, embora a acusação em si possa ser real, não há quaisquer evidências de que, factualmente, haja apoiantes de Lula da Silva a fazerem-se passar por apoiantes de Jair Bolsonaro para sabotar a campanha eleitoral do atual Presidente brasileiro.

Há, isso sim, histórias reais e comprovadas de verdadeiros apoiantes de Bolsonaro envolvidos em conflitos na via pública. Foi o que aconteceu, por exemplo, a 24 de setembro, quando o G1 noticiou o caso de um bolsonarista que agrediu e ofendeu com comentários homofóbicos uma jovem de 19 anos, apoiante de Lula, enquanto esta conversava sobre as eleições com as amigas num bar.

Conclusão

Não são verdadeiras as mensagens em que uma mulher supostamente admite que há apoiantes de Lula da Silva a fazerem-se passar por bolsonaristas para agredir e ofender pessoas na rua. O grafismo da imagem denuncia que tudo não passa de uma montagem. De resto, não há evidências concretas de que essa sabotagem da campanha de Bolsonaro esteja efetivamente a acontecer, mas há notícias de bolsonaristas que atacaram apoiantes de Lula nas ruas.

Assim, segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de factchecking com o Facebook.

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