A fotografia mostra um homem com uma longa barba branca e com uma máscara semelhante à do super-herói Batman, a personagem fictícia criada pelo escritor Bill Finger e pelo artista Bob Kane. A acompanhá-la está um longo texto que conta como este homem foi o “Batman da vida real”, chamava-se Bill Smith e emigrou para Nova Iorque em 1870 onde combateu o crime. Mas não só esta história foi copiada de um site satírico como a imagem que a acompanha é uma produção de dois artistas italianos.
A falsa história de que Batman e Bill Smith são a mesma pessoa é detalhada ao longo de um texto de oito parágrafos que foi na verdade copiado de um texto publicado há cinco anos pelo Suffolk Gazette, um site criado por Simon Young, um ex-jornalista da Sun que mora no condado britânico de Suffolk. Não só não se trata de um jornal, como é explicado claramente no site que as histórias publicadas, tal como a do “Batman da vida real”, são “claramente uma sátira”:
O Suffolk está repleto de histórias estranhas e maravilhosas e, embora sejam claramente uma sátira, são repetidas pelos grandes e ingénuos órgãos de comunicação social, incluindo Sky News e jornais nacionais.”
A própria BBC já fez até uma reportagem sobre este site e a facilidade como muitos leitores e até jornalistas são enganados por histórias que “podem parecer ridículas ou plausíveis, dependendo do ponto de vista”. A BBC conta um episódio específico que aconteceu no dia da morte do cantor David Bowie: o Suffolk Gazette publicou um texto a dizer que, no dia antes da sua morte, tinha estado a jantar num restaurante indiano em Bungay, uma cidade no condado de Suffolk, onde acabaria por atuar para os clientes. Esta história, que não era verdadeira, acabou por ser lida por um apresentador da Sky News, enquanto o canal fazia a cobertura da morte.
O mesmo aconteceu com a história do “Batman da vida real”. Além de ser partilhada por utilizadores de todo o mundo nas redes sociais, foi também publicada em julho de 2020 como sendo verdadeira pelo jornal mexicano El Heraldo, que citava “uma investigação do Suffolk Gazette“. O próprio site satírico acabou por reagir. “A internet é um lugar estranho. Há quatro anos, publicámos uma história a afirmar que o Batman foi inspirado num velho gordo com barba que se mudou de Suffolk para Nova Iorque. Aleatoriamente, a história está a circular na América do Sul esta semana e agora foi publicada por um jornal do México”, publicou no Facebook.
Então e de onde vem a imagem que acompanha o texto? Simples: trata-se de uma produção artística dos “Irmãos Marvellini”, dois amigos italianos que, no projeto, se apresentam como irmãos. Tal como explicam no seu site, os dois artistas “brincam com o absurdo” para criar “antepassados credíveis” e “personagens imaginárias e ícones pop pós-morte” de forma “fiel”.
No site dos “Irmãos Marvellini”, entre várias produções artísticas está a que tem sido usada nas redes sociais como sendo o “Batman da vida real” — e que já foi até vendida. São explicadas as características da mesma como, por exemplo, ser “impressa em câmara escura”, estar “montada numa estrutura de madeira” e ter um tamanho de 45 por 55 centímetros.
Conclusão
Publicação afirma que o Batman existiu mesmo, se chamava Bill Smith e emigrou para Nova Iorque em 1870 onde combateu o crime. As publicações são acompanhadas por uma fotografia quemostra um homem com uma longa barba branca e com uma máscara semelhante à do super-herói.
Para já, esta história foi copiada de um texto publicado há cinco anos pelo Suffolk Gazette, um site satírico criado por um antigo jornalista. Depois, a imagem é produção artística dos “Irmãos Marvellini”, dois amigos e artisticas italianos.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.