O futebol é (também) sinónimo de polémica. Em Portugal, mas não só.

No Brasil, estão a circular alertas no Facebook, com vários utilizadores estão a alertar para um alegado risco de “paralisação” do futebol brasileiro: “O Campeonato Brasileiro corre o risco de ser paralisado.” Esta suposta paralisação acontece por causa de uma investigação a envolver 120 jogadores, já identificados, por estarem envolvidos num suposto “esquema de apostas”.

Publicação no Facebook que assegura que o futebol brasileiro está em risco de ser paralisado, por esquema de apostas.

Publicação no Facebook que assegura que o futebol brasileiro está em risco de ser paralisado, por esquema de apostas.

A operação tem até nome: “Penalidade Máxima II.” E as publicações garantem que a informação vem de uma pessoa: o jornalista brasileiro Marcelo Barreto. Os utilizadores lamentam que os jogadores “se vendam por nada” e descrevem o momento como “desastroso e triste para o país do futebol”. Esperam que os envolvidos sejam “severamente punidos e banidos do futebol”.

Vamos por partes. Existe ou não uma “Operação Máxima II”? Sim, existe. A operação está a ser coordenada pelo Ministério Público de Goiás e está a investigar um esquema que envolve jogadores e grupos “criminosos”, que “ganhavam dinheiro com apostas relacionadas com lances específicos em partidas das Séries A e B do Campeonato Brasileiro”. Vários meios de comunicação social brasileiros, como a CNN Brasil, partilham informações sobre os jogos e os jogadores que estão sob investigação das autoridades judiciais.

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No total, são sete os jogadores que estão a ser investigados e, no total, há onze futebolistas referidos no processo. De acordo com as contas feitas pela ESPN Brasil, sete atletas já foram afastados pelos próprios clubes e dois atletas viram os seus contratos serem rescindidos por causa desta polémica. Um dos casos envolveu Romário, jogador do Vila Nova, que terá aceitado 150 mil reais (28 mil euros) para cometer um penálti, num jogo da Série B. Nessa ocasião, o atleta recebeu 10 mil reais (1800 euros) de imediato e o resto seria entregue mais tarde, se a aposta acabasse por vencer.

Portanto, a operação “Penalidade Máxima II” existe e, até agora, levou o Superior Tribunal de Justiça Desportiva a pedir que oito dos jogadores envolvidos na operação fossem suspensos de forma preventiva.

Mas regressemos à publicação. Os números aqui não batem certo. As publicações em análise dizem que o futebol brasileiro pode sofrer uma “paralisação”, uma vez que mais de 120 jogadores já foram “identificados” pela justiça brasileira, como resultado desta operação. Apesar de o número ainda poder vir a crescer, em função das investigações que continuam a ser realizadas, para já são onze os jogadores identificados.

Além disso, a possibilidade de haver uma paralisação do Campeonato Brasileiro já foi rejeitada pela Confederação Brasileira de Futebol. O presidente do organismo, Edanaldo Rodrigues, reconheceu que o caso mancha a imagem do futebol brasileiro, mas rejeita a paralisação do campeonato.

A publicação diz que foi Marcelo Barreto, jornalista da SporTv, quem deu o primeiro alerta sobre este desfecho, mas isso também não é verdade. Quem o desmente é o próprio jornalista, num vídeo partilhado no Instagram. Marcelo Barreto foi claro ao afirmar que não tem “nenhuma informação” sobre a paralisação do campeonato brasileiro. “O que está a ser repassado no seu grupo de Whatsapp é falso.”

Conclusão

A Operação Máxima II existe, sim. Está a investigar um esquema que envolve jogadores e grupos “criminosos”, que “ganhavam dinheiro com apostas relacionadas a lances específicos em partidas das Séries A e B do Campeonato Brasileiro”. Tudo o resto que está a ser partilhado nestas publicações é falso. A Operação não envolve 120 jogadores do campeonato e o jornalista Marcelo Barreto já veio rejeitar alguma vez ter partilhado informação sobre uma possível “paralisação” do futebol no Brasil.

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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