Uma imagem de Cláudia Azevedo, CEO da Sonae, e uma frase em que sugere o aumento do salário mínimo nacional ao invés de haver apoios nas questões da habitação está a circular nas redes sociais, numa altura em que o plano Mais Habitação apresentado pelo Governo tem dado que falar e poucos dias depois de a responsável pela Sonae ter vindo defender o setor da distribuição.
Os temas apenas têm um ponto em comum: medidas do Governo, umas relativas à habitação, outras à inflação. Porém, não há quaisquer declarações públicas de Cláudia Azevedo sobre as primeiras, o que, desde logo, afasta a possibilidade de a publicação em causa ser verdadeira.
No dia 9 de março, a dona do Continente sentiu necessidade de se defender da ideia de que o aumento dos preços dos alimentos está relacionado com uma apropriação das margens por parte da distribuição e fê-lo através de uma carta aos colaboradores.
Cláudia Azevedo considera que existe uma campanha de desinformação sobre as causas da inflação alimentar e assegura nessa mesma carta que “os culpados não são os hipermercados/supermercados”, justificando que o grupo que tem os supermercados Continente baixou as margens “para acomodar o aumento dos custos”, que garante que também é sentido pela empresa.
Nessa mesma carta, deixou ainda claro que o grupo desenvolveu “soluções para ajudar os clientes a mitigar os efeitos do aumento do custo de vida”.
As justificações surgiram depois de o ministro da Economia, António Costa Silva, ter dito que há “indicações claras” de que a inflação está a “diminuir há quatro meses” e de expressar esperança de que “noutros setores” houvesse “tendências claras de diminuição de preços”. O governante explicava que a inflação está na casa dos 8% e que o índice relativo aos alimentos não transformados está nos 21%. “E tem-se acentuado. É uma matéria que nos preocupa muito”, disse numa conferência de imprensa em que o setor da distribuição foi colocado sob pressão máxima.
Já depois da carta aos trabalhadores, a CEO da Sonae garantiu também, durante a apresentação de resultados, que “tentar fixar preços dá sempre mau resultado”, sugerindo que no “final” acabaria por haver “prateleiras vazias”.
Apesar das justificações de Cláudia Azevedo nos últimos tempos, e da acusação de que existe uma “campanha de desinformação”, as mesmas são apenas referentes às questões da inflação e não há qualquer sugestão sobre a necessidade de subir o salário mínimo nacional como forma de ajudar a resolver o problema na habitação.
Conclusão
Não há qualquer afirmação pública de Cláudia Azevedo em que a CEO da Sonae se tenha referido ao aumento do salário mínimo como uma forma de combater o problema da habitação — que está na ordem do dia com as medidas anunciadas pelo Governo. Nos últimos tempos a dona do Continente tem-se defendido das críticas feitas ao setor da distribuição e à ideia de que está a haver um aproveitamento da inflação para aumentar preços, porém não falou sobre o tema da habitação, pelo que a publicação em causa é falsa.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.