A base de fãs de Cristiano Ronaldo é gigantesca e, porventura, a maior em todo o mundo. Basta dizer que o capitão da Seleção Nacional tem 630 milhões de seguidores só no Instagram — mais de três quartos da população europeia e recorde da rede social. Multiplicam-se assim as páginas dedicadas ao “astro” português, sendo que todos os dias são replicadas notícias e informações sobre Ronaldo, muitas a hiperbolizar os feitos do avançado do Al-Nassr.
Um desses casos aconteceu já este ano. No final de janeiro, uma página de Instagram dedicada a Cristiano Ronaldo publicou um vídeo que passa a ideia de que o remate do futebolista português é tão potente que partiu a perna a um guarda-redes adversário.
O vídeo começa com imagens de Ronaldo a partir várias camadas de vidro com um só remate, para demonstrar a potência do mesmo. Esse excerto é verídico e CR7 conseguiu mesmo esse feito, num documentário promovido pela famosa marca de lubrificante automóvel Castrol. Nesse documentário, chamado “Ronaldo Testado ao Limite”, o jogador português fez vários testes físicos para se estudarem os motivos do sucesso de Cristiano. Um deles foi esse teste à potência do remate do capitão da seleção, que atingiu os 129 km/hora.
É aqui que começam a surgir as incongruências: as primeiras imagens são depois associadas a um vídeo de Ronaldo a bater um penálti, defendido com as pernas pelo guarda-redes, indicando que o remate saiu a 350 km/h. A alegada potência foi tanta que o guardião saiu lesionado da defesa — como se vê na filmagem — e teria mesmo partido a perna. Vamos por partes.
A potência de remate? Falsa. Ainda que remate com força, nunca um remate de Cristiano Ronaldo atingiu 350 km/h. Aliás, nunca um remate de um jogador de futebol atingiu tal potência. O recorde da Liga Inglesa, por exemplo, é de 183 km/h, registado em 1996, por David Hirst. Sendo que, por toda a imprensa desportiva, é até comum ver ser atribuído o recorde mundial a Ronny, antigo jogador do Sporting, num golo que marcou à Naval 1º de Maio, na época 2006/2007. Na altura, o jornal Record fez os cálculos e considerou que a “bomba” saiu dos pés do brasileiro a 222 km/h. Bem longe, portanto, dos alegados 350 km/h atribuídos pela publicação a Ronaldo.
Quanto à sugestão de que o guarda-redes teria sofrido uma fratura do osso da perna com o remate: falso. Porém, sem tirar respeito ao remate de Ronaldo, porque… o guardião adversário lesionou-se mesmo a defender o penálti do português. O lance remonta ao jogo da jornada 36 da Liga Espanhola, edição 2012/2013. Ao minuto 21′ do jogo Real Madrid-Málaga, Willy Caballero defendeu com a perna esquerda o castigo máximo de Cristiano. Assim que o faz, nota-se o esgar de dor. Ainda ficou mais 21 minutos em campo, mas aos 42′ teve mesmo de ser substituído.
Resultado: Caballero lesionou-se mesmo, mas não partiu a perna, fez sim uma entorse do ligamento lateral interno do tornozelo esquerdo, ao defender o remate de 127 km/hora, como explicava o jornal La Opinión de Málaga. O guarda-redes até falhou o jogo seguinte, mas 18 dias e duas jornadas depois, já estava novamente a defender a baliza dos “albicelestes”.
Conclusão
É falso que Cristiano Ronaldo tenha partido a perna a um guarda-redes que defendeu um penálti seu. O guardião adversário ficou lesionado, sim, mas fez apenas uma entorse. Para além disso, CR7 não rematou — nunca ninguém o fez — a 350 km/hora. O remate em questão saiu a 127 km/hora.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:
FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.