A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, no passado dia 14 de agosto de 2024, que a propagação da Mpox (doença anteriormente conhecida como varíola dos macacos) estava a ser encarada como uma “emergência de saúde pública de preocupação internacional”, após a instituição ter reunido um grupo de especialistas para avaliar se a propagação da doença (principalmente em África) o justificaria.

Na sua conta pessoal do X, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, escreveu que o grupo de especialistas indicaram que a situação era preocupante e que o etíope tinha decidido “seguir o seu conselho”. Assim, o Mpox passou a ser uma emergência de saúde pública. A organização indicava, assim, que a doença era uma “ocorrência extraordinária ou a ameaça iminente que constituem risco para a saúde pública ou com efeitos graves no funcionamento de sectores críticos da sociedade e da economia e que exige resposta nacional coordenada”.

Ainda assim, semanas depois, algumas publicações nas redes sociais sinalizavam que Tedros Adhanom Ghebreyesus tinha feito “marcha atrás”. Seguindo novamente o conselho de especialistas, o diretor da OMS tinha alegadamente decidido que a Mpox “não representa uma emergência sanitária global”.

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Uma dessas publicações explica “o que se passou” para esta alegada mudança de opinião repentina do diretor da OMS. “Muito simples: os patriotas estão a controlar a situação”. “Não vão deixar que os globalistas roubem outras vez as eleições. Não vai haver mais pandemia”, lê-se num dos posts, que não especifica a que eleições se refere.

Nessas publicações, está ainda um vídeo de Tedros Adhanom Ghebreyesus. O diretor-geral da OMS diz, nesse vídeo, que está “satisfeito” por declarar que “a varíola dos macacos já não é uma emergência sanitária mundial”.

No entanto, apesar do vídeo, não existem nenhumas informações relativas a esta “marcha-atrás” do diretor-geral da OMS. Segundo se lê no site oficial da Organização Mundial de Saúde, “Tedros Adhanom Ghebreyesus declarou a Mpox como emergência de saúde pública de preocupação internacional duas vezes, a primeira vez em maio de 2022 e a segunda vez em agosto de 2024″.

Ainda a 13 de setembro de 2024, semanas depois de as publicações sobre a alegada “marcha-atrás” surgirem nas redes sociais, a Mpox era considerada como uma emergência de saúde pública, segundo uma nota do site da OMS. Tedros Adhanom Ghebreyesus sublinhava, citado naquele documento, que a Organização Mundial da Saúde estava a utilizar “ferramentas poderosas” para “manter os surtos de Mpox em África sob controlo”.

Além disso, o vídeo presente nas publicações nas redes sociais é mais antigo — foi publicado na conta oficial da OMS a 15 de maio de 2023. Naquele mês, a Organização Mundial de Saúde deixou de considerar a doença como uma “emergência de saúde pública”, deixando cair a recomendação de maio de 2022.

Porém, já nessa altura o diretor-geral da OMS alertava: “A Mpox continuava a representar desafios significativos de saúde pública, que precisa de uma resposta robusta, proativa e sustentável.”

Conclusão

Declarada como “emergência de saúde pública de preocupação internacional” a 14 de agosto de 2024, a OMS continua a considerar a Mpox como uma “ameaça iminente que constitui risco para a saúde pública”. Não existem informações oficiais no site da organização que provem o contrário. O vídeo nas redes sociais para provar a “marcha-atrás” foi publicado em maio de 2023, quando a instituição deixou cair essa recomendação relativamente à Mpox.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ENGANADOR

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

PARCIALMENTE FALSO: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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