Uma publicação no Facebook alega que o diretor do Hospital das Clínicas (HC), em São Paulo, Brasil, está “preocupado com a nova gripe” H3N2 e faz uma série recomendações como lavar as mãos, evitar locais com muitas pessoas, comer fígado de boi ou beber chá de erva-doce duas vezes ao dia.
A insinuação não é nova. Publicações com mensagens como esta, com uma lista de recomendações para combater uma “nova gripe”, circulam nas redes sociais desde 2018 — e este ano voltaram a ser partilhadas.
Contactado pela imprensa brasileira, há quatro anos, o hospital negou que qualquer diretor tenha feito as recomendações presentes na publicação. “O HCFMUSP [Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo ] esclarece que o áudio e o texto que estão a circular nas redes sociais, nos quais, supostamente, a Diretoria Clínica do HC faz um alerta sobre a gripe H3N2, não foram feitos pelo hospital”, lê-se em comunicado, citado pelo site G1.
A mensagem sugere ainda que o medicamento Tamiflu, utilizado no tratamento da gripe A-H1N1, é feito de erva-doce. “Um infecciologista do Hospital São Domingos recomenda tomar de 12 em 12 horas o chá de erva-doce, pois ele mata o vírus da Influenza”, está escrito na publicação.
O laboratório Roche, que fabrica esse medicamento, negou que o mesmo seja feito de erva-doce. O Tamiflu “é composto por fosfato de oseltamivir (…) além de alguns excipientes, que são substâncias que complementam a massa ou volume nos medicamentos/produtos farmacêuticos. Deste modo, não há, na composição de Tamiflu, o anis estrelado ou a erva doce”, diz a nota, segundo o AFP Checamos.
O mesmo site refere que, por sua vez, o Hospital São Domingos, em São Luís, Brasil, informou que “nenhum infecciologista da sua equipa recomenda o seu uso [do chá de erva-doce], como tem sido comunicado em publicações nas redes sociais”.
Além do laboratório e do hospital, o Ministério da Saúde brasileiro também veio desmentir as alegações explicando que “as orientações de que o chá de erva-doce tem a mesma substância do medicamento Tamiflu são falsas. O chá de erva-doce não possui o princípio ativo do Tamiflu (fosfato de oseltamivir)”.
Conclusão
Não é verdade que o diretor do Hospital das Clínicas, em São Paulo, no Brasil, tenha feito recomendações contra a nova gripe H3N2. As alegações que circulam no Facebook foram negadas pelo próprio hospital que reiterou que a sua “Diretoria Clínica” não difundiu a mensagem partilhada nas redes sociais.
A publicação sugere ainda que um medicamento Tamiflu, utilizado no tratamento da gripe A-H1N1, é feito de erva-doce. Esta afirmação também não é verdadeira e foi negada pelo laboratório Roche, que fabrica o medicamento, pelo Hospital São Domingos e ainda pelo Ministério da Saúde brasileiro.
Assim, segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.