Uma publicação no Facebook aponta que Portugal está a atravessar “a maior mortalidade de sempre, 10 mil”. É uma das afirmações de um conteúdo que afirma também que o país regista neste momento a maior inflação dos últimos 30 anos, que nunca um incêndio consumiu uma área tão grande na Serra da Estrela e que a mortalidade entre grávidas atingiu um novo máximo.

Publicação foi partilhada pelo menos 13 vezes até às 23h59 de 24 de agosto.

Mas os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE), que transparecem a realidade nacional até ao fim de julho e que foram publicados a 12 de agosto, desmentem a afirmação relativa à mortalidade geral. E basta recordar os números do ano passado para o comprovar: de janeiro a julho de 2021 morreram mais 1.480 pessoas do que no mesmo período deste ano. De acordo com as estatísticas vitais, morreram 74.639 pessoas entre 1 de janeiro e 31 de junho de 2022, enquanto nos mesmos meses do ano passado perderam a vida 76.119 pessoas.

Então, de onde vêm os “10 mil” mortos a que se refere a publicação? O número reporta a um artigo do Expresso, publicado em agosto, onde se noticiava que “desde o início do ano que todos os meses morrem mais de 10 mil pessoas em Portugal”. Mas o mesmo artigo esclarece também que em 1923 registaram-se 75.770 óbitos, segundo o INE. Ou seja, não é verdade que a mortalidade atual seja “a maior de sempre”.

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Também não é verdade que Portugal tenha agora “o maior número de mortalidade de grávidas”. Embora os  20,1 óbitos de parturientes por 100 mil nascimentos registados em 2020 (17 mulheres morreram devido a complicações da gravidez, parto e recuperação) sejam a maior taxa dos últimos 38 anos —, a verdade é que ela continua abaixo da que se verificava em 1982, contou o Jornal de Notícias. Houve 22,5 óbitos por 100 mil nados-vivos.

Conclusão

É falso que Portugal nunca tenha registado tantos óbitos como agora. Isso não se verifica nem na mortalidade geral, nem quando se analisa a mortalidade entre as grávidas, ao contrário do que se afirma na publicação. Morreu mais gente em Portugal em 1923 do que agora. E também houve mais óbitos entre mulheres grávidas em 1982 do que os registados neste momento.

Assim, segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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