“A primeira-ministra Meloni reivindica o direito ancestral da Itália a toda a Europa, Norte de África e Ásia Ocidental numa rara entrevista com Tucker Carlson”, destaca-se na imagem de uma publicação no Instagram com milhares de visualizações e gostos.
Em causa parece estar uma manchete de um jornal, com o grafismo e tipo de letra idênticos ao da Agência Reuters. A página que dissemina a alegada notícia refere que as declarações da governante italiana aparentam ser um “ato de poder ou um ato de fascismo”. Além disso, Meloni surge na fotografia vestida e caracterizada com um traje romano.
Será mesmo verdade que a primeira-ministra e líder do partido Irmãos de Itália manifestou esta intenção de anexar territórios ao país que governa, com base num alegado “direito ancestral”?
Além do Instagram, também no Facebook está a ser disseminada a mesma manchete, falando-se até na criação de uma versão do Império Romano “2.0”, mas tudo não passa de uma falsidade. A manchete que está a ser partilhada foi manipulada a partir de uma notícia real da Reuters. O título verdadeiro dá conta de que a primeira-ministra de Itália considerou os “comentários do CEO da Stellantis sobre subsídios ‘bizarros'”.
Em causa está a crítica da marca de carros elétricos à insuficiência de incentivos em Itália para a aquisição de veículos elétricos. A notícia relata a reação da governante à crítica que lhe foi lançada. Ou seja, em nada se assemelha à frase utilizada para criar o conteúdo manipulado a circular nas redes sociais.
A Reuters confirmou oficialmente à plataforma de verificação de factos norte-americana Snopes que a manchete falsa nunca existiu, da mesma forma que não tem qualquer fundamento. A mesma pesquisa foi feita pelo Observador, que não localizou qualquer indício de que a primeira-ministra italiana tenha proferido as afirmações que lhe são atribuídas.
Nos meses que se seguiram à sua eleição, em outubro de 2022, Meloni apresentou propostas de lei com o objetivo de promover a identidade nacional, defender a família tradicional, proteger o património cultural e conter a entrada de migrantes no país, as principais bandeiras que deram a vitória ao partido de direita radical em Itália. Apesar de o nacionalismo ser imagem de marca do governo de Meloni, a primeira-ministra tem feito o caminho na União Europeia na tentativa de cooperação e apostando no nacionalismo ocidental.
Conclusão
É falsa a manchete que mostra Giorgia Meloni, líder do governo italiano, trajada como se estivesse no Império Romano e segundo a qual a primeira-ministra teria declarado que Itália tem um direito histórico a territórios que incluíam toda a Europa, o Norte de África e a Ásia Ocidental. Trata-se de uma imagem manipulada que tenta replicar uma notícia da Reuters.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:
FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.