A narrativa já é antiga, mas voltou a ser partilhada nas redes sociais nas últimas semanas. Conta a história de um condutor que, como estava a tentar vender o seu carro, tinha no vidro traseiro um anúncio com um número de telemóvel. E, certo dia, terá recebido uma chamada que atendeu, mesmo estando a conduzir. Só que, ao atender, percebeu que quem lhe estava a ligar era a GNR a avisá-lo de que não podia falar ao telefone enquanto estava a conduzir, tendo-lhe sido pedido inclusive que parasse o carro. Na publicação, é relatado o que o militar terá dito ao telefone:
Bom dia. Fala de uma unidade móvel da Brigada de Trânsito da GNR e estamos atrás de si. O senhor não sabe que é proibido atender o telemóvel enquanto conduz? Encoste por favor!”
Na história, o autor alega que a polícia só lhe ligou porque o número dele estava no vidro do carro. “Nunca me passou pela cabeça que a GNR estivesse a ficar tão esperta”, lê-se. No entanto, ao Observador, a GNR nega que esta situação alguma vez tenha acontecido.
Desde logo, há vários elementos que permitem perceber que esta história não passa de um rumor. Primeiro, a publicação não dá detalhes sobre onde e quando é que ocorreu. Depois, não se sabe quem é o verdadeiro autor da história, quem é o condutor a quem a GNR teria supostamente ligado. Isto porque já várias pessoas fizeram publicações com exatamente o mesmo texto — o que leva a crer que a história não passa de um rumor que surgiu e ganhou força nas redes sociais. O Observador contactou algumas das pessoas que fizeram as publicações na tentativa de perceber se esta situação aconteceu com elas, mas não obteve resposta, até ao momento.
Também numa análise feita ao comentários deixadas a estas publicações, é possível perceber que, embora alguns utilizadores afirmem que esta história é antiga e não passa de um rumor, uma grande parte acredita no que está a ser contado e critica a atuação da GNR.
O Observador questionou a GNR para saber se tem registo de alguma situação semelhante a esta. O porta-voz da GNR, o tenente-coronel João Fonseca, garantiu que “não há registo da ocorrência descrita na publicação” e que “a forma de atuação descrita não corresponde aos procedimentos e normas em vigor para os militares” da GNR. Também o Chefe da Divisão de Trânsito e Segurança Rodoviária, o major Paulo Gonçalves, explica que a prática descrita na publicação “não se coaduna com as normas internas em vigor”.
Conclusão
Circulam nas redes sociais várias publicações iguais que contam a história de um condutor que terá recebido uma chamada que atendeu, mesmo estando a conduzir. Só que, ao atender, percebeu que quem lhe estava a ligar era a GNR a avisá-lo que não podia falar ao telefone enquanto estava a conduzir, tendo-lhe sido pedido inclusive que parasse o carro. O condutor percebeu que a GNR lhe teria ligado porque, como estava a tentar vender o seu carro, tinha no vidro traseiro um anúncio com um número de telemóvel.
A GNR nega, em resposta ao Observador, que esta situação alguma vez tenha acontecido. Além disso, o facto de a publicação já ter sido feita por vários utilizadores diferentes mostra que a história não passa de um rumor.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.