Um vídeo que está a circular nas redes sociais mostra a jornalista norte-americana Rachel Maddow, que apresenta o The Rachel Maddow Show no canal MSNBC, incapaz de acabar de ler um notícia em direto. A jornalista emociona-se, pede que seja apenas mostrado o “grafismo” correspondente à notícia e acaba mesmo por concluir que vai ter de terminar por ali o segmento que estava a apresentar, despedindo-se dos telespectadores.
No vídeo que está a circular nas redes sociais, a frase que aparece por baixo da imagem da jornalista, e que explica qual a notícia a que se refere, diz o seguinte: “Elon Musk publica meme perigoso”. Além disso, no momento em que Rachel Maddow pede, à beira das lágrimas, que o grafismo referente à notícia seja mostrado no ecrã, é exibido uma imagem em tom de paródia, que mostra um padre a tentar não focar a sua atenção numa mulher semi-despida. O padre, identifica o meme, seria Elon Musk, e a mulher representaria a sua “tentação” de comprar a MSNBC.
O meme é verdadeiro e foi partilhado pelo próprio Musk, o bilionário que recentemente foi convidado por Donald Trump para integrar a próxima administração norte-americana. Já no final de novembro, Musk partilhou a imagem na sua conta na rede social X, provocando risos entre os seus seguidores — sobretudo porque a MSNBC, e o programa de Maddow em particular, são conotadas com a esquerda norte-americana — e provocando respostas de Donald Trump Jr. e do protagonista de um dos podcasts mais ouvidos no país, Joe Rogan.
And lead us not into temptation … pic.twitter.com/0FG24fdwUc
— Elon Musk (@elonmusk) November 24, 2024
No entanto, apesar de o meme ser verdadeiro, é falso que a jornalista tenha chorado ao noticiar que Elon Musk se estaria a preparar para comprar a MSNBC (uma alegação que o próprio só fez, até agora, em tom de piada) ou a mostrar a imagem em causa.
Desde logo, o vídeo é manipulado: tanto a frase que diz que “Elon Musk publicou meme perigoso” como o trecho em que a imagem satírica aparece foram inseridos posteriormente e não fazem parte do vídeo original.
É possível confirmar esta manipulação porque o vídeo original do programa de Rachel Maddow foi publicado em junho de 2018 e ainda está disponível. Na verdade, a jornalista estava à beira das lágrimas e incapaz de ler uma notícia da Associated Press sobre bebés e crianças, filhos de imigrantes, que estavam a ser enviados para abrigos para “crianças de idade tenra”. A frase verdadeira que acompanhava a notícia, escrita com o tipo de letra da estação de televisão, dizia isso mesmo: “Crianças mais pequenas separadas e enviadas para abrigos para ‘idades tenras’ no Texas”.
Rachel Maddow chokes up and cries on air as she struggles to deliver news that migrant babies and toddlers have been sent to "tender age" shelters pic.twitter.com/O6crm8cvyR
— Justin Baragona (@justinbaragona) June 20, 2018
A própria jornalista recorreu depois ao Twitter, na altura, para explicar o que se tinha passado e pedir desculpa por aquele momento — “o meu trabalho é ser capaz de falar enquanto estou na televisão”. E colou o resto do texto da notícia da Associated Press na sua conta naquela rede social, garantindo mais uma vez que não era sua “intenção” emocionar-se em direto.
Ugh, I'm sorry.
If nothing else, it is my job to actually be able to speak while I'm on TV.
What I was trying to do — when I suddenly couldn't say/do anything — was read this lede:
1/6
— Rachel Maddow MSNBC (@maddow) June 20, 2018
Conclusão
O vídeo que mostra a jornalista Rachel Maddow emocionada e incapaz de ler uma notícia foi digitalmente alterado. A jornalista emocionou-se por causa de uma notícia relativa aos abrigos para crianças imigrantes construídos nos Estados Unidos, e não por causa de um meme em que Elon Musk brincava com a possibilidade de comprar a estação na qual Maddow trabalha.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ENGANADOR
No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:
PARCIALMENTE FALSO: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.