A variante da varíola Mpox é uma doença viral que pode ser facilmente transmitida por contacto próximo entre duas pessoas, sem necessidade de contacto sexual. A transmissão pode ocorrer através de contacto físico prolongado ou contacto com superfícies contaminadas. Uma publicação nas redes sociais afirma que a Mpox apenas se transmite por via sexual, mas essa ideia está errada.
Um utilizador de Instagram divulgou um vídeo no qual se vê uma pessoa alegadamente infetada com Mpox e uma descrição a defender que a varíola “apenas se transmite por contacto sexual”.
De acordo com informação divulgada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a Mpox pode ser transmitida de várias formas.
A Mpox transmite-se de pessoa para pessoa principalmente através do contacto próximo com alguém que tenha varíola, incluindo membros de um agregado familiar. O contacto próximo inclui o contacto pele a pele (como o toque ou através de relações sexuais) e o contacto boca a boca (como o beijo), e também pode transmitir-se ao estar frente a frente com alguém que tenha varíola (como falar ou respirar perto de alguém infetado, o que pode gerar partículas respiratórias infecciosas)”, lê-se no site oficial da OMS.
Além disso, a transmissão pode também ocorrer através de “materiais contaminados” ou pelo contacto com “animais infetados”. Também durante uma gravidez, “o vírus pode ser transmitido para o feto, ou para o recém-nascido depois do parto”.
Conclui-se assim que a doença não é transmitida apenas por via sexual, apesar de essa também ser uma via de transmissão. A OMS alerta mesmo que “pessoas com vários parceiros sexuais têm maior risco de contrair Mpox”.
Fact Check. Mpox é uma “doença nova” e vacina foi criada agora?
Em declarações ao Observador, o presidente da Associação Portuguesa de Médicos de Saúde Pública também explica que há muitas formas de transmissão, além da via sexual.
O contacto indireto com roupas, roupas de cama, toalhas ou objetos como utensílios de cozinha/pratos, que foram contaminados por uma pessoa infetada, também podem infetar outras pessoas”, exemplifica Gustavo Tato Borges.
A Mpox é uma doença viral que foi descoberta nos anos 70, na República Democrática do Congo. É endémica nos países da África Central e Ocidental. O vírus tem duas linhagens diferentes (Clade I e Clade II) e cada uma tem duas variantes conhecidas (Clade Ia e Ib e Clade IIa e IIB). O surto de 2022, que progrediu para vários países do mundo, foi causado pela Clade IIb e o surto deste ano é causado pela Clade Ib.
A doença é caracterizada por sintomas semelhantes aos da gripe e provoca lesões cutâneas. Embora a maioria dos casos seja ligeira, a infeção pode ser fatal para certas pessoas, especialmente crianças, mulheres grávidas e pessoas com o sistema imunitário enfraquecido.
Os dados mais recentes da Direção-Geral da Saúde (divulgados no início de setembro) mostram que Portugal identificou três surtos de Mpox desde 2022, com nove casos confirmados até 31 de agosto de 2024.
Mpox: Portugal identificou três surtos desde 2022 com 1.206 casos confirmados
A Organização Mundial de Saúde declarou em agosto o vírus Mpox como uma “emergência de saúde pública global”.
Today, the Emergency Committee on #mpox met and advised me that in its view, the situation constitutes a public health emergency of international concern. I have accepted that advice.@WHO is on the ground, working with the affected countries, and others at risk, through our…
— Tedros Adhanom Ghebreyesus (@DrTedros) August 14, 2024
Conclusão
A Mpox transmite-se através de várias formas, como contacto próximo com uma pessoa infetada, via respiratória, contacto com materiais contaminados e até através de contacto com animais portadores do vírus.
A transmissão por via sexual é, de facto, uma causa de infeção, mas não é a única, como sugerem publicações que se tornaram virais nas redes sociais.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.