A imagem começou a circular no WhatsApp antes de chegar ao Facebook e faz parte de uma série de fake news que contaminaram as redes sociais desde o início da epidemia com o novo coronavírus. No cartaz publicado pela página “Pérolas da Urgência”, é atribuído à Organização Mundial de Saúde (OMS) um aviso para “evitar sexo desprotegido com animais selvagens ou de quinta” (“Avoid unprotected contact with live wild or farm animals”, na publicação original) como forma de prevenir a infeção com o novo coronavírus. Trata-se, no entanto, de um conteúdo falso, que resulta da manipulação de um cartaz da OMS.

A imagem que começou a ser difundida pelas redes sociais

Da cor ao logotipo, o panfleto é em tudo semelhante ao que foi distribuído pela OMS na sequência do surto. Mas foi adulterado. No cartaz publicado no Twitter no dia 27 de janeiro com as recomendações para reduzir o risco de infeção com o vírus, a Organização Mundial de Saúde aconselha a que se “evite o contacto com animais selvagens ou de quinta” (“Avoid unprotected contact with live wild or farm animals”, em inglês).

Ora, a palavra “contact” (contacto, em português) da publicação original foi trocada pela palavra “sex” (sexo) na imagem que nos últimos dias se tornou viral nas redes sociais.

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Quando fez a publicação no Twitter, a OMS deixou o seguinte aviso na legenda: “Em surtos de outros tipos de coronavírus (MERS e SARS), a transmissão de pessoa para pessoa ocorre através de gotículas, contacto e fómites, o que sugere que o modo de transmissão do 2019-nCoV possa ser semelhante”.

Na imagem, a OMS propõe várias medidas para reduzir o risco de infeção pelo coronavírus: “Lave as mãos frequentemente com água e sabão ou com um antiséptico; quando tossir e espirrar, cubra o nariz e a boca com um lenço ou com o cotovelo; evite o contacto próximo com qualquer pessoa que tenha febre ou tosse; coza cuidadosamente a carne e os ovos e evite contacto desprotegido com animais selvagens ou de quinta”. E foi esta última recomendação que foi modificada.

À medida que o surto avança, espalham-se cada vez mais fake news sobre o assunto. Tal como o Observador verificou recentemente, existe também um vídeo a circular que alegadamente mostra um mercado de animais na China onde teria surgido o foco da epidemia do novo coronavírus. Mas é uma publicação falsa: as imagens foram capturadas na Indonésia.

Fact Check: Vídeo mostra a origem do coronavírus?

Conclusão

A imagem atribuída à Organização Mundial de Saúde foi manipulada digitalmente. No lugar da palavra “contact” foi colocada a palavra “sex”. A recomendação é para que se evite o contacto desprotegido com animais selvagens e de quinta.

Assim, de acordo com a classificação do Observador, este conteúdo é:

Errado

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

Nota 1: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook.

Nota 2: O Observador faz parte da Aliança CoronaVirusFacts / DatosCoronaVirus, um grupo que junta mais de 100 fact-checkers que combatem a desinformação relacionada com a pandemia da COVID-19. Leia mais sobre esta aliança aqui.

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