Desde o início do mês que vários utilizadores do Facebook e do Instagram, incluindo figuras públicas como a atriz Julianne Moore e o ex-jogador da NFL Tom Brady, têm partilhado nas redes sociais um comunicado em que declaram que não autorizam a Meta a recolher os seus dados pessoais e a usar as suas fotografias para treinar modelos de inteligência artificial.

“Adeus, Meta AI [inteligência artificial da Meta]. Por favor, note que um advogado nos aconselhou a publicar isto; a falha em fazê-lo pode resultar em consequências legais. Como a Meta é agora uma entidade pública, todos os utilizadores devem publicar uma declaração semelhante. Se não publicar pelo menos uma vez, presume-se que concorda com o uso das suas informações e fotografias”, lê-se no comunicado, que tem sido amplamente partilhado no Facebook e que já esteve em mais de 600 mil stories do Instagram.

Não dou permissão à Meta ou a qualquer outra pessoa para utilizar os meus dados pessoais, informações de perfil ou fotografias”, escrevem os utilizadores, convencidos de que assim conseguem impedir que a gigante tecnológica tenha, alegadamente, acesso às suas informações para treinar inteligência artificial.

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Além de Julianne Moore e Tom Brady, também a atriz Ashley Tisdale, conhecida por participar em sucessos do Disney Channel como High School Musical, e o ator James McAvoy, célebre pelo papel de Mr. Tumnus em As Crónicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, partilharam o comunicado. Em Portugal, a apresentadora Diana Chaves, a atriz Débora Monteiro e o chef Ljubomir Stanisic estão entre as caras conhecidas que deixaram o ‘aviso’ à Meta no Instagram.

Por sua vez, a influencer Ana Garcia Martins, mais conhecida como Pipoca Mais Doce, brincou com as publicações: “E pessoas que eu considero (mais ou menos) normais a partilharem isto? Meus fofinhos mais queridos, acham mesmo que a Meta anda a ver os stories de cada um de vós e a pensar ‘uhhh, esta não quer que eu use as fotos dela, medo?’ Tende juizinho”, escreveu nas redes sociais. A publicação, feita em tom de brincadeira, tem um fundo de verdade, uma vez que a gigante tecnológica confirmou ao Observador que o comunicado não é “legítimo”, nem “relevante para os utilizadores da União Europeia”.

No início de junho, a Meta disse que ia começar a utilizar publicações, fotografias e legendas de contas públicas do Instagram e do Facebook para testar modelos de inteligência artificial na União Europeia. Porém, dias depois e face à pressão por parte dos reguladores europeus, suspendeu esses planos, mostrando-se ao mesmo tempo “desapontada” e “confiante” de que a sua abordagem está “em conformidade com as leis e regulamentos europeus”.

Numa resposta escrita enviada ao Observador, a tecnológica relembra que “não estão a ser recolhidos dados de pessoas residentes na UE para efeitos de treino de modelos de IA generativa” porque os planos permanecem “em pausa”. Para os utilizadores que estão fora da União Europeia, a objeção à utilização dos dados deve ser manifestada através da alteração das definições das suas contas de Facebook e Instagram — e não através da partilha de um comunicado.

Conclusão

Partilhar um comunicado impede a Meta de utilizar dados pessoais e fotografias dos utilizadores para treinar modelos de inteligência artificial? Não é verdade, uma vez que a objeção ao uso dos dados deve ser manifestada, nos países que não pertencem à UE, através da alteração das definições das contas de Facebook e Instagram. Na União Europeia, face a pressão regulatória, a gigante tecnológica tem os planos de recolha de dados para treinar a inteligência artificial “em pausa”.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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