A notícia começou por ser publicada no jornal de sátira e contra-informação alemão, Der Postillon, que adianta que o piloto Christoph W. avançou com um processo no Tribunal de Nuremberga, na sequência da sua demissão por se ter recusado a espalhar rastos químicos sobre a população durante um voo. No entanto, a informação rapidamente se espalhou pelas redes sociais, a começar pela própria conta do jornal no Facebook, partilhada depois por vários utilizadores com mensagens maioritariamente de apoio ao profissional por ter tido “a coragem” de se negar a cumprir tal ordem — e omitindo a origem satírica daquele conteúdo, contribuindo assim para a difusão de informações falsas.
No artigo, pode ler-se que “em maio de 2023 o piloto foi demitido sem aviso prévio”, depois de a Lufthansa ter percebido que Christoph W. não tinha “ativado o interruptor de pulverização química durante um voo de Frankfurt para Barcelona”, assim que o avião atingiu a velocidade cruzeiro. Como consequência, “milhões de pessoas em toda a Europa permaneceram saudáveis, férteis e não autistas”, o que permitiu que a atmosfera “em muitas regiões” não tivesse sido “manipulada a tempo” de afetar a população ali residente.
O mesmo artigo refere que foi conduzida uma investigação interna, que chegou à conclusão de que o piloto se tinha recusado a fazer o mesmo noutros 30 voos da companhia aérea. Só que há um detalhe: o jornal Der Postillon, onde o artigo foi publicado originalmente, não tem notícias verdadeiras. São informações fabricadas com humor, cuja semelhança com factos reais é apenas pura coincidência.
Na secção de perguntas frequentes, no site do jornal, a mensagem é bem clara: “Estas notícias e histórias são verdadeiras? Não. Tudo o que pode ler aqui é sátira e, portanto, tudo inventado. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas, ou eventos reais é mera coincidência”.
Em resposta ao Observador, o Der Postillon confirma que todos os detalhes desta notícia são falsos, e que é apenas uma sátira, “tal como todos os artigos publicados” no site. Logo, a informação de que um piloto da Lufthansa teria sido despedido por se recusar a pulverizar a população com químicos é falsa. Além do mais, a fotografia do piloto que aparece no artigo pertence a um banco de imagens disponível na internet.
Conclusão
É falso que a Lufthansa tenha demitido um piloto da companhia aérea por se ter recusado a espalhar químicos sobre a população. O próprio site onde a informação foi originalmente partilhada — e que se dedica à publicação de conteúdos satíricos — confirmou ao Observador não estarem em causa dados factuais.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.