O presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, está a ser classificado de “mentiroso” em publicações que estão a circular nas redes sociais: “Em 2018 os hospitais não são para vender, em 2023 vamos lá vender hospitais“, acusa um internauta numa publicação no Facebook.
Em causa está a intenção comunicada por Miguel Albuquerque a 2o de fevereiro, quando, à margem da cerimónia de tomada de posse dos novos órgãos regionais da Ordem dos Médicos, disse à Antena 1:
A minha ideia relativamente ao Hospital Dr. Nélio Mendonça é que essa infraestrutura seja desativada e depois o terreno alienado, a estrutura alienada, no sentido de esse dinheiro depois ser incorporado na saúde regional. Não faz nenhum sentido ter os dois hospitais a funcionar. Os Marmeleiros ainda vamos decidir”.
Estas afirmações estão a ser interpretadas como uma contradição em relação ao que o presidente do Governo Regional da Madeira prometeu há cinco anos. Assegurando que o destino do Hospital Dr. Nélio Mendonça e do Hospital Dos Marmeleiros estava nas mãos do Governo Regional, não do Executivo nacional, Miguel Albuquerque disse em dezembro de 2018 que “nunca se pôs em causa vender” os estabelecimentos para construir outro.
Na altura, Amílcar Gonçalves, secretário regional dos Equipamentos e das Infraestruturas da Madeira, referindo-se à construção de um novo hospital, explicou também que a candidatura desse novo estabelecimento como um Projeto de Interesse Comum motivou uma avaliação tanto ao Hospital Dr. Nélio Mendonça como ao Hospital dos Marmeleiros.
Pedro Ramos, na liderança da Secretaria Regional da Saúde, acrescentou que, como essa avaliação tinha acontecido, “o Governo central achou que era para vender” e, por isso, nas contas à comparticipação do Estado para a construção do novo hospital, incluíram o valor da avaliação na equação: “Penso que foi um artifício que o Governo central arranjou para prejudicar, uma vez mais, a Madeira”, acusou em 2018.
Numa visita aos Marmeleiros, o presidente do Governo regional sublinhou que “este hospital há de ser sempre um hospital” e “nunca há de ser vendido” — mas não se referiu diretamente ao Hospital Dr. Nélio Mendonça, que Miguel Albuquerque pretende agora vender. E mesmo esse negócio só será concretizado após a construção do novo hospital da Madeira, garantiu.
Foi precisamente à construção desse novo equipamento de saúde que Amílcar Gonçalves e Pedro Ramos se referiram. Ou seja, ambos pretenderam garantir aos madeirenses que a comparticipação do Estado para a construção de um novo hospital no arquipélago não ia depender da venda daqueles que já existiam e que o destino do Dr. Nélio Mendonça e dos Marmeleiros era responsabilidade do governo regional, não do Governo da República.
Conclusão
É impreciso dizer que Miguel Albuquerque prometeu nunca vender qualquer um dos hospitais da Madeira, mas que agora tem a intenção de o fazer. O presidente do Governo Regional da Madeira assegurou em 2018 que o Hospital dos Marmeleiros “nunca há de ser vendido”, mas não fez a mesma promessa em relação ao Hospital Dr. Nélio Mendonça, que Miguel Albuquerque pretende vender para injetar o dinheiro do negócio na saúde regional. Esse negócio está em cima da mesa porque a Madeira vai construir um novo hospital.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ENGANADOR
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
PARCIALMENTE FALSO: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.