A publicação com uma captura de ecrã de um vídeo de 2107 é uma réplica de outra que surgiu no Brasil e foi amplamente partilhada em julho deste ano. Desmentida pela agência de notícias France Press, voltou agora na versão “bom exemplo para Portugal”, mas como é natural continua a ser falsa. Bastava olhar para o homem na imagem para se perceber que nem se trata sequer do atual presidente Pedro Castillo.

Não há no Peru qualquer lei aprovada que determine a “pena de morte” para quem seja apanhado em esquemas de corrupção —  e seja por eles condenado. Aquilo que foi aprovado foi uma “pena de morte civil”, mas desde o primeiro momento (ainda em outubro de 2016) foi esclarecido o intuito da legislação.

Numa mensagem tornada pública a 17 de outubro de 2016, o então presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, anunciava que o conselho de ministros aprovaria, a 19 de outubro, “um projeto de lei para morte civil dos corruptos”. E explicava: “O mesmo é dizer que quem foi condenado por casos de corrupção nunca mais poderá voltar a trabalhar no Estado, seja no governo central, regional ou local.”

Esta lei fazia parte de um pacote de cinco medidas que foi criado depois de José Labán e Jorge Villacorta, assessores do presidente Carlos Moreno, terem sido implicados por corrupção. Longe estava Pedro Pablo Kuczynski de saber que dois anos mais tarde seria ele mesmo a renunciar ao cargo.

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Ironicamente, o homem que surge associado à mensagem da publicação, Pablo Kuczynski, a quem os peruanos chamam de “PPK”, tornou-se o primeiro presidente em exercício no Peru a renunciar em março de 2018, na sequência de casos de suborno da Odebrecht no país. E, em abril de 2019, recebeu ordem de prisão preventiva.

Justiça peruana ordena prisão preventiva de mais um ex-Presidente

Conclusão

É falso que o Presidente peruano tenha anunciado a pena de morte para corruptos no governo. O homem presente na imagem partilhada no Facebook é o ex-presidente peruano Pablo Kuczynski, que anos mais tarde acabaria inclusivamente condenado por corrupção no caso da Odebrecht. Aquilo que existe é uma “pena de morte civil” que impede quem tenha sido condenado por corrupção de voltar a exercer cargos públicos. Já a pena de morte, no Peru, está prevista apenas para os crimes de traição à pátria, em caso de guerra, e de terrorismo.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

Nota : este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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