A história tem mais de dois anos, a autora da mesma já a desmentiu, mas nem por isso deixou de circular nas redes sociais com o contexto errado. A imagem que continua a ser partilhada milhares de vezes como sendo a “ressonância magnética de amor” entre a mãe e um filho, mas a informação é falsa.

Publicação falsa no Facebook

A explicação nas redes sociais é de setembro de 2019, partilhada através do Twitter, mas a explicação original é bastante anterior. Em dezembro de 2015, a neurocientista do MIT Rebecca Saxe publicava na revista Smithsonian a imagem com o título “Porque é que registei em imagem uma ressonância magnética a uma mãe e filho”.

O exame foi realizado em abril de 2015 e Rebecca Saxe diz que a criança, alheia aos barulhos que a máquina de ressonância magnética emite, consegue adormecer junto ao peito da mãe. A imagem só é conseguida se ambos estiverem “totalmente imóveis” já que um pequeno movimento faria a imagem ficar “completamente desfocada”, explica a autora.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Sobre o motivo para ter registado a imagem, Rebecca Saxe diz que “não foi feita para fins de diagnóstico ou ciência”, mas apenas porque o laboratório onde trabalhava queria “ter a imagem de uma mãe e filho”.

“Para algumas pessoas, essa imagem era um lembrete perturbador da fragilidade do ser humano. Outros foram atraídos pela forma como as duas figuras, com roupas, cabelos e rostos invisíveis, se tornaram universais, podendo ser qualquer mãe e filho, em qualquer época ou lugar da história. Outros ainda ficaram simplesmente cativados pela diferença entre o cérebro do bebé e o da mãe; é menor, mais suave e mais escuro — literalmente, porque há menos matéria branca”, descrevia a autora em 2005.

Já a explicação para as manchas que se vêem na imagem, diz a neurocientista que “não têm nada que ver com ocitocina, hormonas, beijos ou amamentação” — algumas das teorias que circularam nas redes sociais a acompanhar a imagem. Saxe explica que mostram “respostas no cérebro do bebé e da mãe” num estudo que investigava “a organização da atividade funcional em cérebros infantis”.

Conclusão

É falso que a imagem mostre o efeito da “hormona que produz sentimentos de amor e afeto”. Trata-se de uma ressonância magnética realizada por neurocientistas do MIT, em 2005, para tentar perceber “respostas no cérebro do bebé e da mãe” e, segundo uma publicação do mesmo ano da autora, é a primeira ressonância magnética de mãe e filho registada em simultâneo numa imagem.

Assim, segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

IFCN Badge