O vídeo não é atual, é fácil encontrar primeiras referências com a data de agosto de 2023, mas recentemente foi recuperado por diferentes contas em redes sociais também distintas. Estas publicações alegam que se trata de um mercado na Síria que vende escravas sexuais, a mando do Estado Islâmico. As protagonistas do vídeo são mulheres, de cara tapada e corpo totalmente coberto, amarradas umas às outras. As imagens são acompanhadas por mensagens de repúdio e acusações.

Ao mesmo tempo, outras publicações com imagens muito semelhantes mostram a mesma situação mas com um enquadramento totalmente distinto. Um que se assemelha aos bastidores de uma preparação artística, entre a performance e o teatro.

A mais óbvia e a esclarecedora é a conta de instagram assinada por Aryan Rafiq, que na página de Facebook se apresenta como artista, performer, a partir da cidade iraquiana de Kirkuk e formada na Salahaddin University College Of Fine Arts, em Erbil, também no Iraque. No Instagram de Aryan Rafiq há mais imagens das mesmas mulheres tapadas e presas, fotos retiradas do que parece ser o mesmo vídeo e reproduções das mesmas noutras situações.

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Percebemos também que há uma figura que surge no vídeo viralizado como mostrando “escravas sexuais à venda” que no Instagram se apresenta enquanto ator, Sami Alali.

O esclarecimento final surge por parte da agência noticiosa France Press, que já em junho de 2023 explicava que o vídeo espalhado pelas redes sociais está errado, que não são imagens do Estado Islâmico e que são, isso sim, excertos descontextualizados de uma instalação artística de título The Unheard Screams Of The Ezidkhan Angels, de Aryan Rafiq, e que aconteceu em março de 2023 na cidade iraquiana de Erbil, inspirada, isso sim, pelo abuso exercido sobre mulheres em diferentes partes do Médio Oriente.

Conclusão

O vídeo não foi feito pelo Estado Islâmico, as imagens não mostram um mercado com escravas sexuais e não aconteceu na Síria. Trata-se de um excerto descontextualizado de uma performance artística em Erbil, no Iraque.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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