Numa altura em que estão fechadas as datas chaves para as eleições internas e o Congresso do PSD, Rui Rio, em entrevista à RTP, voltou atrás no calendário para afirmar que não foi o próprio a marcar eleições internas dentro do PSD para o dia 4 de dezembro. Será verdade?

No dia 13 de outubro de 2021, a direção do PSD enviou uma nota oficial aos militantes do partido, que seria depois divulgada pela comunicação social, onde propunha a realização de eleições diretas para 4 de dezembro. De resto, Rio estava até a antecipar o calendário interno — em teoria, as eleições internas só deveriam ocorrer em janeiro de 2022.

A convocatória que foi enviada pela Comissão Permanente do partido (o núcleo mais restrito da direção do partido) aos conselheiros nacionais sugeria ainda que as candidaturas deveriam ser entregues até ao dia 22 de novembro e o Congresso ficaria entre 14 e 16 de janeiro.

Em poucas horas, no entanto, tudo mudou. Exatamente no mesmo dia em que a direção social-democrata comunicou esta decisão, Rui Rio agendou uma conferência de imprensa de urgência para dizer que iria colocar à consideração dos conselheiros nacionais o adiamento das eleições internas até que a situação de governabilidade do país ficasse clarificada.

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“O que entendo que seria de bom tom era que este Conselho Nacional fizesse a análise das autárquicas, não marcaria diretas, e ficaria marcado um Conselho Nacional para depois da aprovação ou não do OE. Se o OE for aprovado, há condições para diretas, se não for não vejo como o partido pode fazer internas e legislativas ao mesmo tempo”, afirmou Rui Rio na altura, alertando para a possibilidade de o OE não passar — o que acabou por acontecer.

A proposta do adiamento das eleições acabou por ser chumbada no Conselho Nacional e as eleições permaneceram — tal como tinha sido inicialmente proposto pela direção — marcadas para o dia 4 de dezembro. Só mais tarde, depois de correr muita tinta entre Rui Rio e Paulo Rangel é que as datas foram alteradas.

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Conclusão

É enganador que Rui Rio diga que não marcou internas. De facto, o líder do PSD, em conjunto com a sua direção mais restrita, propôs aos militantes a realização de eleições a 4 de dezembro. Rio mudaria de ideias por causa do prenúncio de crise política e ainda tentou que o Conselho Nacional adiasse as diretas para depois das legislativas. Todavia, é factualmente errado dizer que Rio não marcou eleições diretas — num primeiro momento, mesmo que depois tenha tentado evitar que o partido fosse a votos, foi o líder do PSD quem pensou e definiu o calendário.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ENGANADOR

PARCIALMENTE FALSO: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta.

Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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