O dia 9 de junho aproxima-se. Em Portugal, ficámos a saber as listas candidatas e as pessoas que as encabeçam, mas ainda não vimos destes candidatos, dos partidos, do Presidente da República, das instituições e de outras entidades, que para 10 de março se mobilizaram em prol da participação, uma campanha essencial ao voto nas Eleições Europeias.
Não é novidade que as Eleições Europeias são as que mobilizam a menor participação eleitoral portuguesa. Em 2019, a abstenção foi de quase 70%. Gravíssimo! Imagine-se num grupo com outras 9 pessoas, contando consigo, apenas três pessoas desse grupo foram votar nas últimas eleições. Ao mesmo tempo, somos o Estado-Membro com a maior percentagem de pessoas que tem uma visão positiva da União Europeia e das suas instituições (64%) e que tem maior orgulho de ser um cidadão europeu (86%).
Segundo o último Eurobarómetro, 57% da população portuguesa desconhece a data das eleições europeias. Estes dados deveriam preocupar qualquer candidato nas listas ao Parlamento Europeu, qualquer instituição governamental ou não, qualquer partido político, qualquer representante da República, mas não se denota correria, preocupação ou qualquer tipo de ansiedade. Aliás, muito mais têm feito as organizações estudantis ou relacionadas com o tópico europeu!
A campanha publicitária publicada nas redes sociais das instituições europeias é completamente desoladora. Avós, que viveram numa Europa em guerra, a contar histórias pessoais aos seus netos. Histórias que, para muitos jovens cidadãos, não encaixam com a ideia de Europa que eles, hoje, conhecem. A meio do pequeno vídeo, existe um momento de transformação, no meio de tanto sofrimento, vemos a insurreição de um povo que queria viver livre e democraticamente, que sonhava com um futuro próspero e melhor, que sonhava com a Paz.
A parte que mais me tocou foi quando os avós passaram a ler cartas aos netos: “Fico feliz de saber que viveste numa altura de paz e prosperidade, lembra-te que nem sempre tivemos Liberdade e Democracia e que podemos perdê-las muito facilmente.” E que acabavam com apelos realmente comoventes, como “Toma bem conta da Democracia, quando eu já não estiver aqui!”. Acredito que é uma campanha de comunicação bem conseguida e que nos ensina a todos uma lição.
A verdade é que nos aproximamos de um futuro não muito longínquo em que já não viverão mais pessoas que viram a guerra de perto. E isso é perigoso. Se tantas vezes nos fizeram ouvir relatos de quem sobreviveu à guerra, serviu para nos ensinar que a guerra é má, que devemos sempre preferir a paz. Por isso, é que estas eleições, no momento histórico, político e social pelo que passamos, são tão importantes e nós temos de fazer mais por elas.
Não nos deixemos cair na tentação de, mais uma vez, nos contentarmos com uma abstenção superior a 60%! Façamos pressão aos partidos, às nossas câmaras municipais, às nossas juntas de freguesia e aos nossos órgãos de comunicação e de poder locais, que apelem ao voto. Que o 9 de junho seja tão importante como foi o 10 de março, porque é!
A Paz é tão frágil, o 9 de junho está tão perto, não percamos a oportunidade de lutar por ela! Votem!