Chegou ao fim mais um dia de trabalho. O dia passou a correr, sem nos apercebermos. Estamos mergulhados no trabalho, seja ele a título individual ou a trabalhar para outrem… tão absortos que nos esquecemos do mundo fora das quatro paredes do escritório, sala, etc.

A noite chega e com ela também a ansiedade do dia seguinte. Faz-nos recordar o que deixámos por fazer e que irá acumular-se ao trabalho do dia seguinte ou, então não, e faz-nos apenas pensar: Por que tenho de voltar amanhã para aquele trabalho que sei desde o primeiro dia em que lá cheguei que não é o que realmente quero, que não me vai acrescentar em nada e que não é através dele que vou fazer a diferença, grande ou pequena?

O acumular de trabalho não está diretamente associado à carga de trabalho, mas sim à eficiência de cada pessoa. A obsessão com a palavra eficiência, esta palavra que nos desumaniza e que nos define quase como se fossemos máquinas.

Por que é que deixamos a noite tomar conta de nós e não nós conta dela?

Ansiedade – o “bicho” de 7 cabeças que todos nós temos ou tivemos em algum momento. Porém, ninguém gosta de falar sobre o assunto nem pedir ajuda para o combater, porque é “tabu” e não é “cool” e “antigamente era muito pior”. Se quando temos uma dor de dentes não pensamos duas vezes e vamos ao dentista, por que é que quando o nosso espaço mental não está bem não vamos ao psicólogo?

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Ultimamente, os psicólogos têm alocado vários esforços para que a população os veja como sendo pessoas acessíveis que estão dispostas a ouvir o que as pessoas tenham para partilhar, para que a população em geral perca o receio de falar com os mesmos, pois os psicólogos não são os que tratam dos ‘malucos’, perspectiva que era até muito recentemente partilhada no meio social. Ou será que devemos ser honestos e dizer que ainda hoje são vistos assim? A pandemia do COVID-19 veio ajudar a mudar o paradigma, mas as crenças precisam de mais do que uma pandemia para mudarem, mas algo mudou e está a mudar para melhor.

Então, estamos todos “malucos”? Somos nós os únicos que nunca estamos satisfeitos? Visto que “um em cada cinco portugueses sofreram sintomas de ansiedade e depressão durante a pandemia” (Instituto de Saúde Pública da U. Porto). A resposta é NÃO. Preocupações, tristezas, medo, stress, ansiedade, perdas de entes queridos, entre outras coisas é algo que faz parte vida. Estes sentimentos estão diretamente relacionados com os nossos hábitos. Não devemos guardar tudo dentro de nós até ser um peso demasiado grande. Devemos ter a coragem e o à vontade para comunicar e partilhar como nos sentimos com as pessoas que nos são mais próximas para que nos consigam compreender e ajudar para que possamos sair vitoriosos nesta batalha com o “bicho”.

O Serviço de Aconselhamento Psicológico da Linha SNS24 disponibiliza o acesso, a todos os cidadãos, a um/a Psicólogo/a, especialista em Psicologia Clínica e da Saúde. É um serviço gratuito e garante a confidencialidade.