As carteiras dos portugueses são frequentemente esvaziadas por representantes públicos que, na sua ânsia por internacionalismo, acabam por vender a nação a interesses externos. E não me refiro apenas à União Europeia. As ligações diplomáticas entre Portugal e a Federação Russa revelam um relacionamento ideologicamente próximo e perturbador.

Não é segredo que a esquerda portuguesa, especialmente o Partido Socialista, tem mantido relações com regimes despóticos. Basta lembrar a visita do Marechal Tito a Belém e os abraços calorosos de Mário Soares a Samora Machel, na sombra de católicos e evangélicos moçambicanos que eram torturados em campos de concentração. Mais recentemente, António Costa firmou acordos com Xi Jinping enquanto este prepara a invasão de Taiwan.

Foi precisamente Mário Soares, como Ministro dos Negócios Estrangeiros no primeiro governo provisório, quem estabeleceu relações com a URSS, o bastião do comunismo. Soares proclamou o socialismo em liberdade – um oxímoro trágico que amordaçou a democracia portuguesa até hoje – enquanto entregou o Ultramar ao imperialismo soviético. O “anticomunista” que não desejava a proibição do PCP após o 25 de Novembro, propôs mais tarde a dissolução da OTAN. O mesmo político ligado à “descolonização exemplar” ignorou as ameaças colonialistas russas contra a Geórgia em 2002, a guerra na Chechênia e outras ações agressivas.

Outro (antigo) membro do Partido Socialista, José Sócrates, defende Putin contra a baioneta “imperialista” dos EUA. Em uma entrevista à Carta Capital (de índole esquerdista), logo após a invasão da Ucrânia, afirmou: “Nunca vi com bons olhos uma expansão para o leste… opusemo-nos justamente em nome de uma certa consideração russa”. Consideração por quem exatamente? Pelos russos que consomem produtos ocidentais voluntariamente, ou pelo Estado russo? Esta retórica de um ex-governante socialista preso por corrupção expõe uma falta de moral para defender o que é “justo” enquanto ele foge da justiça. Em 2007, o então primeiro-ministro evitou criticar as ações antidemocráticas de Putin.

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Em 2018, após o envenenamento de Sergei Skripal e sua filha Yulia no Reino Unido pelo GRU, a maioria dos países europeus expulsou diplomatas russos. Portugal foi uma exceção. Na época, o governo composto pelo PS, BE e PCP recusou-se a condenar o atentado. Ana Gomes elogiou o executivo por não ter expulsado diplomatas, enquanto Marisa Matias afirmou que “Portugal fez o suficiente” nesta matéria. O Trotskista Augusto Santos Silva (santo não é), então Ministro dos Negócios Estrangeiros, mostrou especial alinhamento com o Bloco e o PCP, que sempre votam contra ou se abstêm em propostas de paz, enquanto direcionam seu ódio contra os EUA.

Os esquerdistas parecem ter um talento para o esquecimento seletivo. Mesmo condenando a invasão russa da Ucrânia, António Costa mantém uma relação amigável com Maduro, que considera Putin um irmão mais velho, e com o regime chinês, que (além do ódio à Índia, a ironia) fornece armas à Rússia. Neste ponto, muitos acusam a OTAN de prolongar a guerra, mas em relação à China mantêm-se silenciosos. Enquanto isso, o Presidente Rebelo de Sousa tirou selfies com Díaz-Canel, que inaugurou uma estátua de Fidel Castro em Moscovo no final de 2022, e António Guterres defendeu mudanças na governança global numa cimeira do BRICS em 2023.

Mas ainda há lucidez. O CHEGA foi o primeiro partido a propor o reconhecimento do Estado Russo como patrocinador de terrorismo, votando favoravelmente a esta iniciativa, que foi subsequentemente derrubada pela esquerda, justificando as “tradições diplomáticas” mantidas desde 1974. Essa postura revela o desprezo da elite política pelos ucranianos e pelos portugueses que sustentam essas práticas desonrosas, ao mesmo tempo demonstrando a força e a coragem da direita (genuína) para defender as pautas da liberdade, propriedade e tradição contra a maioria!

Este fenómeno esquerdista não se limita a Portugal. Na Inglaterra, George Galloway (antigo deputado Trabalhista), conhecido por seu posicionamento filorusso e antissemita, atuou como apresentador na RT ou Russia Today. Na Duma, os comunistas liderados por Zyuganov apoiam fervorosamente o Presidente Putin. Na França, Mélenchon minimizou a ameaça russa no continente. A lista continua.

Não são os mísseis russos que me assustam, mas sim este conluio entre partilhadores desta mesma crença gnóstica. Durante a Guerra Fria, os serviços secretos soviéticos desenvolveram táticas de infiltração cultural e subornos, habilidades que o atual FSB herdou.

Este conflito, fundamentado numa missão escatológica proposta por Alexander Dugin e executada por Vladimir Putin, visa destruir o Ocidente e instaurar um império eurasiano totalitário que mistura o sovietismo com o czarismo. Para alcançar esse objetivo, colaboram com forças coletivas hasteando bandeiras islâmicas, nacional-socialistas, fabianos e comunistas. Eric Voegelin escreveu: “Não imanentize a escatologia”, um apelo contra a destruição da vida humana em busca de utopias.

O presidente russo não busca salvar os incautos que ingerem o veneno progressista. Ele é um lobo (revolucionário) disfarçado de cordeiro, enganando as fileiras da direita. Libertários e Conservadores que se opõem aos globalistas pela matança dos valores ocidentais recorrem a uma figura igualmente perigosa ao pintar Putin como uma figura tradicionalista. Em Moscovo, residem cerca de 2,5 milhões de muçulmanos, mas a Federação Russa colabora alegremente com líderes políticos que buscam criar um califado. E este mês, o governador de Kaliningrado fixou preços administrativos nos alimentos, um claro sinal da persistência da tirania soviética.

O socialismo é uma guerra contra a realidade, uma revolta contra Deus por gente grosseira remediando supostas injustiças. Incongruências no paraíso vermelho não existem; há apenas uma oposição ao resto do mundo.

Portugueses, tenham cuidado com o Partido Socialista e seus acólitos, pois eles pretendem impor práticas neo-soviéticas em Terreiro do Paço. Não se colabora com a esquerda, porque ela nunca tem razão. Vai contra a natureza humana!