Num tempo ideal, as férias seriam pouco ou nada mais para além do que nos dá gozo, um momento para descansar, repor energias e afastar-nos das pressões diárias. No entanto, quando o pano cai, a realidade é bem diferente:
A não desejada ansiedade do quase-quase: O planeamento das férias é uma fonte adicional de stress. Reservas, itinerários e a necessidade de deixar tudo em ordem no trabalho antes de partir. Quem não?
Não prego o que não faço, mas dizem que a antecipação é uma boa prática.
A falsa ilusão da desconexão: A digitalização prende-nos como um polvo e torna quase impossível a verdadeira desconexão. E-mails, mensagens e notificações seguem-nos para onde quer que vamos, corroendo o tempo de descanso.
Não nos podendo esconder das responsabilidades, talvez alguns limites nos possam ajudar.
A pressão imperativa para “aproveitar”: A pressão social para que as férias sejam perfeitas, em locais dignos de filme e repletas de atividades memoráveis está por todo o lado. E ao invés de relaxarmos, acabamos como participantes deste jogo, numa maratona de atividades extenuantes.
Somos todos diferentes; deixem-nos gostar do que gostamos.
O botão do volume do ruído interno: Pré-ocupações, ansiedades e reflexões pessoais, não desaparece com uma mudança de cenário. Muitas vezes, a mente continua a trabalhar incessantemente, mesmo em ambientes de lazer. Que canseira.
Na minha humilde opinião, mergulhos no mar ajudam!
A nua e crua realidade económica e os nossos bolsos: Nem todos temos o privilégio de tirar as férias adequadas aos olhos dos outros. Para muitos, as férias representam um fardo financeiro, aumentando o stress em vez de aliviá-lo.
Se não dá, não dá. É aceitar e aproveitar onde e como for possível e evitar comparações.
Os preços de um Portugal pouco português: Os preços elevados das acomodações, restaurantes e atrações em muitos destinos nacionais tornam difícil ser um turista em Portugal. Isto limita o acesso ao turismo interno e cria uma desigualdade entre os que podem pagar e aqueles que não podem, reforçando sentimentos negativos.
Há tanto mundo aqui à volta…
A moda tendência das “Férias Produtivas”: A tendência recente de partilhar fotografias de férias nas redes sociais, acompanhadas de mensagens sobre estar a “pensar em novos projetos” e a ter “ideias incríveis”, contribui para a perpetuação da cultura do trabalho.
Não percebo esta prática, que louva a produtividade contínua em momentos de lazer, mas respeito e opto por passar à frente.
Postcards from heaven: A exposição constante de imagens de locais paradisíacos nas redes sociais pode intensificar o sentimento de inadequação e frustração para aqueles que não têm acesso a esses destinos.
Swipe left se esta informação exacerba sentimentos de comparação e insatisfação.
Boas férias, não se esqueçam de se rir das desventuras, de baixar os níveis de exigência e de não sucumbir a imposições ilusórias. Se tiverem dicas para os pontos acima, acrescentem p.f.!