Se deixarmos morrer a economia em nome do combate à pandemia, estaremos a condenar a população a viver em grande sofrimento. A solução estará, como quase sempre, no bom senso.

Todos elogiam o civismo e a capacidade de adaptação do povo português perante a alarmante situação que a pandemia veio provocar, nas longas filas de espera para testes e vacinas e no longo tempo de espera para as outras especialidades, nomeadamente nos rastreios, que pode provocar o aceleramento da gravidade destas ou até a morte. Mas teremos condições para continuar a manter a mesma atitude durante as próximas semanas ou meses?

A pressão da opinião pública contra o desnorte nas constantes medidas de restrição que se vão alterando e implementando, de acordo com algumas “agendas” eleitoralistas, são claramente mal-entendidas.

Para além da situação individual de cada família, assistimos ao desmoronar da economia em resultado do encerramento de muitas empresas, ainda que mitigada pelas experiências de teletrabalho que facilitam a comunicação, mas que pouco acrescentam, em regra, à produtividade industrial. Sabendo que o tecido empresarial português é particularmente frágil, as dificuldades que todos antevemos estão-se a sentir no bolso de cada um.

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A contestação está a subir de tom e a ansiedade das pessoas manifesta-se com formas que não podemos prever ou antecipar.

O Governo escolheu a via do gradualismo, respondendo às necessidades das empresas por linhas de crédito e adiamento de obrigações contributivas na economia e nas finanças.

Mas nada disto chegou para acalmar a tesouraria das empresas e a conta bancária de cada um, a instabilidade e incerteza perdurarão se não se reforçar a dotação orçamental em linhas de apoio já encerradas, fruto de se acabar a sua dotação.

Não nos devemos esquecer dos muitos milhares de trabalhadores independentes, dos que têm contratos precários ou de todos aqueles que trabalham em micro ou pequenas empresas que não terão qualquer capacidade para continuar a resistir. Não é uma crítica, é uma constatação!

Urge assegurar rapidamente uma injeção de fundos na economia que permita que o dinheiro continue a circular e por esta via chegue ao maior número possível das empresas que mais precisam, aquelas que realmente criam empregos e produzem. Não nos podemos deter na inútil discussão sobre se iremos morrer da doença ou se, pelo contrário, morrer da cura, uma vez que já estamos vacinados.

Mas tão importante como combater o vírus, é não permitir a continuidade de nomeações nepotistas ou de “amigos” nas empresas geridas por dinheiros públicos, para que haja boa gestão da coisa pública, mas sobretudo mais transparência, de modo a que não se ande sempre a injetar dinheiro público para as mesmas sobreviverem.