O conceito ‘Internet das coisas’ (Internet of Things – IoT) foi proposto em 1999, por Kevin Ashton, no Laboratório de Auto-ID do MIT, onde se realizavam pesquisas no campo da identificação por radiofrequência em rede (RFID) e tecnologias de sensores.  Atualmente, a expressão ‘Internet das coisas’ designa a conexão avançada de dispositivos, de sistemas e de serviços.

Numa revisão de Chataut et al (2023) intitulada “Libertar o poder da IoT: A Comprehensive Review of IoT Applications and Future Prospects in Healthcare, Agriculture, Smart Homes, Smart Cities, and Industry 4.0” é apresentado um esquema que indica que o número de dispositivos IoT superou o número de pessoas entre 2003 e 2010:

Em 2020 foram registados 50 biliões de dispositivos conectados, perfazendo um rácio de 6,58/pessoa. É previsível que em 2028 o rácio seja de 25,21/pessoa nas diversas áreas como saúde, educação, agricultura, ambiente, entre outras.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

IoT na Indústria

O setor da indústria está a passar por uma transformação revolucionária com o “advento” da Indústria 4.0, dando início a uma era de sistemas inteligentes e interligados. Os novos dispositivos incorporados permitem que máquinas, equipamentos e produtos recolham e transmitam dados em tempo real. Os dados gerados pelos dispositivos IoT são inestimáveis para a manutenção preditiva, permitindo aos fabricantes identificar e resolver proactivamente potenciais falhas dos equipamentos, reduzindo assim o tempo de inatividade e melhorando a eficiência operacional.

A inteligência artificial (IA) e a aprendizagem automática (ML) estão a desempenhar papéis cruciais para o avanço da Indústria 4.0.

IoT nos Sistemas de Saúde

Bovenizer et al (2023) elaboraram uma revisão sistemática exaustiva dos sistemas de saúde baseados na IoT. Foram estudados os artigos sobre sistemas de saúde inteligentes baseados na IoT publicados até dezembro de 2022 e são sugeridas algumas linhas de investigação para os futuros investigadores.

Acima de tudo, referem que a IoT simplificará a transição, ajudando os médicos a acompanhar de perto os pacientes, permitindo uma recuperação rápida. As pessoas idosas devem ser objeto de um controlo intensivo e os familiares devem estar periodicamente a par do seu bem-estar. Os resultados revelaram que a IoT é benéfica para os governos reforçarem a saúde e as relações económicas da sociedade.

Outras aplicações também aplicáveis a profissionais que passam horas de pé e em más posturas serão IoT para deteção de assimetria de postura em tempo real para apoiar a monitorização e evitar o aparecimento de perturbações músculo-esqueléticas comuns relacionadas com a persistência de posturas incorretas durante o horário de trabalho.

Um artigo de Costanzo et al (2023) analisa algumas realizações recentes no domínio dos sensores vestíveis, destacando os benefícios que estas soluções introduzem em contextos operacionais, como a localização em interiores e a deteção por micro-ondas. A transferência de energia sem fios é um requisito essencial a cumprir para permitir que estes sensores sejam não só vestíveis, mas também compactos e leves, evitando baterias volumosas. Os materiais flexíveis e os polímeros de impressão 3D, bem como o vestuário quotidiano são amplamente explorados, permitindo o conforto e a usabilidade sem renunciar à robustez e à fiabilidade do sensor vestível incorporado. Também numa prospeção futurista prevê-se que as roupas poderão dar novas características aos individuos, sugerindo que existirão calças do tipo leggings que tornarão os atos de correr ou andar mais fáceis.

As tecnologias de RF e micro-ondas, associadas à transferência de energia sem fios são candidatos interessantes devido às suas capacidades espectrométricas sem contacto inerentes e à transmissão sem fios de dados de deteção. Há petabytes de dados a correr na internet, mas atualmente só conseguimos aceder a essa informação num telemóvel ou num ecrã de computador. E se tivéssemos a possibilidade de transmitir dados em tempo real ao nosso corpo para que essa informação se tornasse parte da nossa experiência, por outras palavras e se conseguíssemos sentir os dados?

IoT domésticos e terapêuticos

Por volta de 2030 os robôs poderão fazer parte do dia-a-dia de uma habitação. Entre inteligência artificial e robótica, nós teremos muitos assistentes tecnológicos. Prevê-se que os robôs funcionarão até como companhia.

Um exemplo já utilizado é a Paro uma foca-robô bebé utilizada para fins terapêuticos, com a intenção de ter um efeito calmante, despertando respostas emocionais em pacientes hospitalizados ou em casas de repouso, semelhante a terapia assistida por animais. Tem sido usado especialmente como uma forma de terapia para pacientes com demência. Paro é baseado em focas Shibata que habitam num campo de gelo no nordeste do Canadá.

IoT – desafios futuros

No entanto, a IoT também traz consigo o seu próprio conjunto de desafios únicos. Num artigo publicado por Abualigah et al em 2023, referem que no ambiente IoT é gerado um elevado tráfego de rede para a transmissão de dados. A redução do tráfego de rede através da determinação do percurso mais curto entre a fonte e o objetivo diminui o tempo de resposta global do sistema e os custos de consumo de energia. Isto traduz-se na necessidade de definir algoritmos eficientes. Muitos dispositivos IoT são alimentados por baterias com um tempo de vida limitado, pelo que, para garantir o controlo remoto, contínuo, distribuído e descentralizado e a auto-organização destes dispositivos são altamente desejáveis técnicas que tenham em conta a energia. Outro requisito é gerir grandes quantidades de dados que mudam dinamicamente. Ainda são desafios que persistem e que irão (e/ou já estão) a ser alvo de pesquisas.

A chamada “Geração C”, também conhecida como geração conectada, inclui aqueles que nasceram num mundo digital e ocupam grande parte do dia online. Alguns dizem que eles serão os sucessores dos millennials e outros especialistas consideram que esta classificação não está relacionada com a idade, mas com o nível de produção de conteúdos digitais nas redes. Talvez a dita ‘geração C’ venha a assisitir e participar ativamente na reinvenção do trabalho, nomeadamente em alguns dos exemplos refletidos neste texto. Cá estaremos para assistir!