Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mil milhões de pessoas no mundo sofriam, em 2019, de problemas visuais evitáveis ou ainda não sinalizados e 2,7 mil milhões de pessoas tinham má visão por deficiente ou nenhuma correcção visual. Segundo a estimativa da OMS, 80% das causas de deficiência visual são evitáveis ou podem ser tratadas com uma intervenção atempada. A prevenção, através de cuidados e de vigilância regular, é fundamental e vale a pena lembrá-lo nesta quinta-feira, 8 de Outubro, Dia Mundial da Visão.
Os principais factores da deficiência visual são os erros refractivos (mal corrigidos ou não corrigidos) e a catarata. Ambos são evitáveis, especialmente em países desenvolvidos, onde a população tem acesso a cuidados específicos de Saúde Visual. Nas regiões de médio e baixo rendimento estima-se que a prevalência deste problema seja quatro vezes superior.
Apesar da redução contínua na prevalência padronizada de cegueira e da deficiência visual nos países desenvolvidos, o envelhecimento da população está a causar um aumento substancial no número de pessoas afectadas por estas doenças. Esta situação, aliada à elevada prevalência da presbiopia não corrigida (dificuldade em ver objectos próximos – comummente referida como “vista cansada”), evidencia a necessidade de aumentar os esforços de alívio da deficiência visual a todos os níveis.
As urgentes medidas decorrentes da estratégia de prevenção e de contenção da pandemia, com o confinamento e as limitações de presença em espaços públicos, trouxeram novos impactos no nosso sistema visual. A realidade do dia-a-dia de grande parte das pessoas mudou drasticamente e vimo-nos obrigados a fazer dentro de casa aquilo que fazíamos em ambiente exterior. Sair para ir comprar pão ou para o trabalho, almoçar com colegas e amigos, as reuniões presenciais, as formações, a escola… tudo mudou. Adoptámos posturas e hábitos com impacto directo na nossa Saúde Visual: ao reduzir os tempos de actividades ao ar livre – menor exposição solar – com implicações directas no desenvolvimento precoce de miopia, especialmente em crianças. Passámos a ter mais exposição prolongada a radiação nociva, especialmente à luz azul-violeta nociva, emitida pelos ecrãs e dispositivos digitais, com consequências cumulativas a longo prazo. Incrementámos, também, as tarefas em visão de curta distância (ler, escrever e utilizar ecrãs), com consequente esforço de todo o sistema visual e de potencial progressão de miopia. Adoptámos, ainda, uma má postura com iluminação deficiente, com impacto directo no esforço postural, provocando stress e fadiga visual por exposição prolongada à radiação nociva e sem pausas. E há ainda o embaciamento das lentes causado pela necessidade de uso de máscara de protecção.
É fundamental ter em conta que a má visão tem um impacto fortemente negativo na sociedade, com um custo económico associado à fraca produtividade, ao insucesso escolar, aos acidentes de trabalho, rodoviários e outros. Acresce a manifesta perda de qualidade de vida associada à visão deficiente e não corrigida.
Por tudo isto, é urgente tomar consciência e alertar a população para a necessidade de realizar regularmente consultas com um especialista de Saúde Visual para detecção e eventual correcção de anomalias visuais e utilização de dispositivos protectores do sistema visual.
Conseguindo isso, estamos a contribuir para a qualidade da nossa visão e para uma sociedade mais saudável e capacitada.