Há cerca de 90 anos o povo alemão vivia tempos de miséria depois da depressão económica de 1929, com grande medo da fome, da doença e de outros problemas. Manipulando esse medo, o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães conseguiu incutir na mente do povo alemão que os judeus eram culpados de todos os males da sociedade. Depois das eleições de 1932, embora minoritário, esse partido fez um arranjo parlamentar e conquistou o poder em 1933. O líder do partido – Adolf Hitler – não vacilava perante nada quando estava em causa a conquista do poder (1).

Pouco depois a Alemanha trocou a liberdade pela ordem, passando a ter um regime de partido único. Foi trágico. Um dos aspectos lamentáveis foi a perseguição aos judeus, que foram obrigados a usar a estrela de David para que os restantes alemães se pudessem precaver contra eles.

Será possível isto acontecer em Portugal? Por ser tão abjecto, a resposta espontânea é não. No entanto… há apenas dois factores necessários para que algo parecido venha a surgir, o político e o moral.

Quanto ao factor político, ainda não temos um regime de partido único, mas já não somos considerados como uma democracia plena por entidades respeitadas, como descreve a famosa revista The Economist. Alguns exemplos podem ajudar a justificar isso:

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  • Violação sucessiva da constituição pelo Governo, pelo Parlamento e pelo Presidente, impondo restrições à liberdade de circulação das pessoas.
  • Ocupação ilegal pelas autoridades policiais de propriedades privadas, como aconteceu recentemente em Odemira.
  • Uma criança foi tirada pelas autoridades policiais à sua mãe, em sua casa em Vila Real, por não usar máscara na escola apesar de ter um atestado médico para isso.
  • Perseguição do Governo a alunos de Famalicão por não frequentarem a disciplina de cidadania, mesmo contra a decisão de um tribunal.
  • O Parlamento, o Presidente e o Governo aprovaram o que poderá vir a ser um instrumento de censura e de discriminação, por meio da carta portuguesa de direitos humanos na era digital.
  • O Governo apresentou uma proposta de lei para que o Ministério Público possa ordenar a apreensão de comunicações electrónicas sem autorização de um juiz.

A julgar pelas sondagens, a actuação cada vez mais autoritária e inconstitucional das forças políticas que governam o País não tem efeitos negativos na sua taxa de aprovação por parte da população, pelo que não seria uma surpresa a consagração de leis que diminuam os direitos de um certo grupo de pessoas considerado responsável por males da sociedade.

Quanto ao factor moral, está claramente em declínio na sociedade, tendo contribuído para isso os exemplos dados pelo Governo, pelo Parlamento e pelas autoridades do Estado:

  • Um homem foi atropelado na auto-estrada, mas consta que o ministro que ia no carro nem sequer saiu dele para tentar ajudar (2).
  • O nepotismo no Estado é evidente e galopante, mas não gera indignação.
  • Um cidadão foi torturado e morto no aeroporto de Lisboa pelas autoridades policiais, mas a indiferença foi geral.
  • Os concursos para cargos de dirigentes de organismos públicos são sistematicamente contornados com esquemas pelo Governo, mas os meios de comunicação e a oposição não se manifestam.
  • O Parlamento aprovou a eutanásia sem referendo.
  • Vários deputados usaram esquemas para ganhar mais dinheiro, por exemplo mentindo sobre a sua residência permanente para terem ajudas de custo.
  • Vários deputados usaram esquemas para registar a sua presença no parlamento, embora estando ausentes.
  • Um deputado socialista disse que se devia ter destruído o padrão dos descobrimentos e lamentou não ter havido mais sangue na revolução de 1974, denotando desprezo pelos nossos antepassados e pela vida humana.
  • Um ex-primeiro-ministro vive luxuosamente à custa de pretensos empréstimos de um amigo a quem exigia “fotocópias”!

Em suma, em Portugal o factor político (autoritarismo) e o factor moral (amoralidade) parecem propícios para a perseguição a um grupo de pessoas que seja considerado culpado dos males que temos hoje em dia.

O aspecto actual mais marcante da nossa sociedade é o medo da covid. Quem ainda não foi vacinado anseia pela vacinação. Quem já foi vacinado continua com medo, a usar máscara, a desinfectar as mãos com frequência, entre outras precauções. Esse medo é alimentado todos os dias pelos meios de comunicação.

Daqui a alguns meses, restarão poucas pessoas não vacinadas contra a covid. Há dias um dirigente do SNS disse-me que serão menos de 10% dos portugueses.

Desde Março de 2020 e a propósito da covid, as decisões do Governo, do Parlamento e do Presidente tiveram efeitos nefastos:

  • Muitas pessoas morreram desnecessariamente por falta de serviços de saúde.
  • Muitas empresas fecharam e mais fecharão quando acabar a atenuante do “lay-off”, aumentando ainda mais o número de pessoas sem emprego.
  • Muitas pessoas perderam rendimentos e ainda mais perderão quando acabar a atenuante do subsídio de desemprego.
  • Aumentou drasticamente a procura de apoio para alimentação junto das instituições de solidariedade social e vai aumentar ainda mais quando acabar a atenuante das moratórias.
  • Recentemente, um dirigente do SNS disse-me que vários médicos afirmaram nunca ter visto tantos casos de cancro de estágio 3 e 4 a aparecerem no consultório pela primeira vez, o que vai provocar grande sofrimento e mortes prematuras.

Estes efeitos nefastos vão piorar quando acabarem as atenuantes. Teremos mais desemprego, mais fome, mais doença, mais pobreza. Sendo uma prática corrente do Governo não assumir responsabilidades por nada, será que alguém se vai lembrar de acusar os não vacinados de serem os culpados desses males?

Moralmente já há disposição para isso, porque as pessoas não alinhadas com a cartilha da covid são apodadas de negacionistas, perseguidas e ostracizadas.

Politicamente, basta um “focus group” dar indicação de que é um bom caminho…

Encontro frequentemente pessoas de máscara com idade para já terem tomado a vacina contra a covid. Às vezes pergunto-lhes se já foram vacinadas e a resposta é sempre sim. Depois pergunto porque usam a máscara e a resposta é quase sempre por medo de serem contagiadas. Em seguida pergunto se gostam de usar máscara e a resposta é quase sempre não. Finalmente pergunto se não seria melhor obrigar apenas as pessoas não vacinadas a usar máscara e – lamentavelmente – a resposta é quase sempre sim!

Na Alemanha havia a estrela de David, em Portugal temo que poderá haver a máscara de covid. Basta o Governo querer seguir novamente o exemplo nazi.

(1)   Tem havido alguns seguidores dessa prática usada pelos nazis.
(2)   O homem morreu a seguir ao atropelamento.