Ficamos a saber que o governo socialista terá, em algum momento deste ano, contratado uma prestação de serviços para uma nova representação gráfica mais contemporânea da imagem do Governo da República Portuguesa e, até aqui, nada estaria mal não fosse a mesma ter simplificado até à descaracterização total da história de um povo e de uma Nação a bandeira de Portugal.
Mas vamos por partes. Vejamos afinal o que significam os símbolos e cores da bandeira de Portugal?
- O retângulo verde (ocupa 2/5 do comprimento total) representa a forma geográfica de Portugal, mas também a esperança e os campos verdejantes do nosso país.
- O vermelho simboliza a coragem e o sacrifício, homenageando os portugueses que lutaram pela pátria.
- A esfera armilar simboliza o mundo que os navegadores portugueses descobriram nos séculos XV e XVI é um tributo à nossa história de exploração e relação com povos de todo o mundo. A esfera armilar apresenta seis arcos de relevo, incluindo círculos máximos – representam a eclíptica, o equador e dois meridianos e círculos menores.
- Os sete castelos simbolizam as sete cidades conquistadas por Dom Afonso Henriques conquistou aos Mouros.
- O escudo branco está enfeitado com cinco escudos azuis dispostos numa cruz grega. Simboliza a defesa, lembrando a arma de Dom Afonso Henriques nas suas cruzadas.
- Os cinco escudos azuis representam a vitória sobre os cinco reis mouros.
- Os cinco pontos brancos dentro das quinas representam as cinco chagas de Cristo, refletindo a forte ligação de Portugal com o cristianismo.
A bandeira nacional assenta num cromatismo verde-rubro e os seus símbolos foram uma das primeiras prioridades do Governo provisório (formado na sequência do 5 de Outubro de 1910) tendo sido aprovado o seu projeto pela Assembleia Nacional Constituinte (cfr. Decreto 19 de junho de 1911, in Diário do Governo, n.º 141, de 20-06-1911, p. 2601).
Nesta medida, a bandeira portuguesa é muito mais do que um simples pano. Ela é uma representação rica da nossa história, cultura e crenças. Ela simboliza e representa uma Nação.
E assim foi e durante muitos anos ela teve uma representação gráfica através de um logotipo oficial utilizado pelos diversos governos da República Portuguesa antecessores e, até então, pelo governo socialista. Como se pode verificar, essa representação não belisca nem desvirtuava o sentido da Portugalidade:
Já o novo logotipo, aprovado pelo governo pouco antes de terminar funções, é representado por três figuras geométricas: um retângulo verde, um círculo amarelo e um quadrado vermelho. Então importa perceber o que simboliza para Portugal uma representação gráfica de um retângulo, um círculo e um quadrado?
O logotipo “é um símbolo novo e distinto, representativo do Governo da República Portuguesa, que responde de forma mais eficaz aos novos contextos, determinados pela sofisticação da comunicação digital dinâmica e por uma consciência ecológica reforçada”, de acordo com as declarações do governo, ao mesmo tempo que pretende ser uma imagem “mais inclusiva, plural e laica”.
E de fora ficaram os castelos, as quinas, as chagas e a esfera armilar, em prol de uma valorização da “consciência ecológica” e da “sofisticação”. Acontece que sendo a esfera armilar e o escudo símbolos da bandeira, não deviam estar representados por qualquer cor. E se a opção foi retirá-los, então que saiam da simplificação. As cores da bandeira portuguesa são o verde-rubro.
O que o Senhor Primeiro-ministro António Costa não deixou por mãos alheias foi a mudança do nome da marca do poder executivo em Portugal alterando-a de ‘Governo de Portugal’ para ‘República Portuguesa’.
Em suma, um retângulo verde, um círculo amarelo e um quadrado vermelho é, pois, no entendimento deste governo, a versão simplificada e estilizada da bandeira de Portugal.
Ai Portugal, se queres repensar os teus símbolos, fá-lo com coerência e respeito porque não se compreende que por um lado se defenda uma nova marca da República Portuguesa e por outro lado se afirme que ela não precisa de representar a bandeira. Entendamo-nos!
