No dia 28 de julho de 2024, a Venezuela realizou eleições presidenciais para determinar o seu presidente durante os próximos seis anos. No dia seguinte, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anunciou que Nicolás Maduro tinha sido reeleito com 51,2% dos votos, derrotando Edmundo González e Maria Corina Machado.

A maior parte da comunidade internacional exigiu a divulgação das atas eleitorais, a oposição denunciou fraudes na contagem dos votos e os cidadãos venezuelanos têm se manifestado contra os resultados, resultando em 16 mortes e mais de 1.000 detenções até à data.

Para compreender a situação atual na Venezuela, é importante fazer uma breve retrospetiva, especialmente para informar a minha geração sobre o que foi a Venezuela e o potencial que tem.

Se eu vos dissesse que:

A Venezuela tem a maior reserva de petróleo do mundo, ultrapassando países como a Arábia Saudita, o Canadá e o Irão.

Entre 1959 e 1983, o país teve uma das menores taxas de desemprego e inflação da região, com uma taxa média de crescimento superior a 4% ao ano.

Na década de 1970, a população tinha o maior poder de compra entre os países latino-americanos.

E que agora:

Em 2023, 94,5% da população vivia abaixo do limiar da pobreza.

A inflação em 2020 foi de quase 3.000%.

Os supermercados enfrentam graves carências de abastecimento.
Grandes empresas multinacionais abandonaram o país devido à insegurança jurídica e social.

Mais de 7,7 milhões de venezuelanos deixaram o país desde 2018, de acordo com as Nações Unidas.

Como é que o país com a maior reserva de petróleo do mundo chegou a esta situação?

Em 1992, o partido MBR-200, liderado pelo coronel Hugo Chávez, tentou derrubar o presidente Carlos Pérez através de um golpe de Estado. O fracasso do mesmo levou à sua prisão. No entanto, em 1998, após a sua pena ter sido perdoada, com o apoio dos partidos de esquerda, aproveitando a insatisfação da população com a corrupção e prometendo mais justiça social através da exploração do petróleo, Chávez foi eleito presidente com 56% dos votos e a promessa de implementar o “socialismo do século XXI”.

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O governo de Chávez foi marcado pelo populismo, pelo enfraquecimento do sistema democrático através de inúmeras reformas constitucionais, mas também por políticas de distribuição de riqueza que lhe concederam popularidade entre as classes mais baixas.

Em 2013, após a morte de Chávez, Nicolás Maduro assumiu a presidência. Nessa altura, a Venezuela já enfrentava um sistema democrático gravemente enfraquecido e uma crise económica emergente.

Desde então, o cenário só piorou. A administração de Maduro foi marcada por:

Um colapso económico em 2014, com uma queda acentuada nos preços do petróleo que levou a um declínio de quase 4% no PIB do país.

Uma administração pública atroz e políticas que devastaram os sectores industrial e agrícola, deixando o país completamente dependente da importação.

As sanções impostas pelos EUA em 2017 por Donald Trump em resposta ao autoritarismo do regime, que agravaram a situação económica e obrigaram o país a reduzir as suas exportações de petróleo.

Atualmente, a Venezuela vive a mais grave recessão económica e crise sociopolítica da sua história. A instabilidade deu lugar ao totalitarismo, com a perseguição e a prisão de opositores, mais reformas constitucionais com o objetivo de permanecer no governo indefinidamente e a repressão violenta de qualquer tipo de protesto.

Citando Franklin D. Roosevelt: “A verdadeira liberdade individual não pode existir sem segurança e independência económica. Pessoas com fome e sem trabalho são o material de que são feitas as ditaduras”. Isto explica por que razão Nicolás Maduro enfraqueceu ainda mais o país, pois quanto pior estiver a situação do povo, mais tempo poderá perpetuar o seu domínio.

A Venezuela está a viver uma repressão e uma tirania inimaginável. No entanto, há esperança. Mesmo depois da fraude eleitoral, acredito que os venezuelanos voltarão a ter liberdade de expressão, que as entidades privadas poderão retomar as suas actividades, que o país voltará a cooperar internacionalmente com nações não comunistas, que os alimentos voltarão aos supermercados e que haverá empregos e oportunidades para todos. Acima de tudo, acredito que o regime tirânico pode terminar finalmente.

Há que acreditar, há que fazer a nossa parte também!

A sensibilização da opinião pública é fundamental, mesmo que não possamos fazer mais. Falar, espalhar a palavra e mostrar que nos preocupamos, que estamos com o povo venezuelano e que queremos a sua liberdade é essencial.

Escrevo para apoiar da forma que posso, e por isso peço-vos que partilhem e espalhem a mensagem. Mostrem que se preocupam!

Abaixo a ditadura! #FreeVenezuela