Aproxima-se a passos largos a eleição para as cinco CCDR (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional) do nosso país.
Primeiramente, uma declaração de interesses: não detenho qualquer cargo político municipal, portanto, não intervindo na votação, o meu voto não existirá e não terá qualquer impacto no acto eleitoral.
Isso porém, não me impede de, democraticamente, tecer a minha opinião sobre o processo em questão.
Não concordo com este tipo de eleição, que de democrático tem pouco por causa dos seus fundamentos. Veja-se o triste exemplo daquilo que verdadeiramente se tem passado, das negociatas entre os dois maiores partidos, o PS e o PSD, para apresentar/ impor candidatos previamente escolhidos pelo próprio Governo e o opositor conivente. Sem o mínimo respeito pelos eleitos e pelas populações, apresenta os candidatos como facto consumado.
Onde param os anseios da regionalização, anos atrás manifestados pelos políticos e toda a sociedade civil do nosso Alentejo?
Hoje aceitamos sem refilar as directrizes e os dirigentes que o Governo nos quer impor na CCDR Alentejo, os eleitos locais (presidentes de Câmara, deputados municipais e presidentes de juntas de freguesia) só têm que, ordeiramente, validar o acto da pseudo-votação.
Até a própria oposição ajuda, com as directrizes aos seus eleitos para não votarem, ou votarem em branco, o que apenas representa uma forma de apoio ao que o Governo pretende. E é bom ter em atenção, que assistimos a um verdadeiro assalto por parte do poder central a todas as instituições, sejam regionais ou nacionais. Para que fique claro: quem votar em branco nestas eleições está a votar no candidato do PS, que é o partido autor deste embuste e que, obviamente, tem que ser penalizado.
No caso do nosso Alentejo assistimos à salutar apresentação de um candidato que ousa furar o unanimismo imposto pelo Governo. Roberto Grilo, o actual Presidente da CCDR, um homem experiente e conhecedor do cargo que ocupa, dos grandes projectos que interessam à nossa região, e profundamente dialogante com todos os municípios, sem olhar a cores partidárias.
Sou amigo de ambos, entendo que António Ceia da Silva tem feito um excelente trabalho à frente da ERT Alentejo, mas também reconheço que Roberto Grilo, por estar dentro dos dossiers em curso e na gestão dos fundos comunitários, sabe a que portas bater para resolver os problemas da região no âmbito da CCDR.
Onde ficaram os grandes anseios da população da nossa região, onde ficou o aeroporto de Beja, o novo Hospital Central do Alentejo e a melhoria da restante rede hospitalar, a ferrovia, a recuperação das estradas e acessibilidades do nosso descontentamento? E tantos outros projectos estruturantes para o nosso futuro?
Será que a regionalização ficou para as calendas?