Na passada sexta-feira cheguei a casa e perguntei o que queriam para o jantar? Todos tinham vontades diferentes. Acabámos por nos decidir por uns simples bifes de porco! Tivemos então que decidir o acompanhamento, e como há cá por casa quem não goste de batatas fritas, acabamos por optar pelo arroz! Éramos quatro e foi uma negociação para chegar a um entendimento.

No sábado organizei um almoço de família! Cerca de 20 pessoas. Fiz algumas sugestões e, de entre aquilo com que a maioria concordou, acabei por preparar uns bifes de novilho e cozinhei um bacalhau. Para acompanhar fiz arroz, salada, batatas cozidas e alguns legumes! Mesmo assim, duas primas acabaram por comer pouco, porque não gostavam nem de novilho nem de bacalhau, mas acho que se safaram com as entradas e a sobremesa.

No domingo tive que organizar uma almoçarada para as 150 pessoas da associação recreativa a que pertenço! Neste caso, nem perguntei… Frango assado, bacalhau com natas e uma lasanha vegan, pareceu-me o indicado para agradar à maioria! A realidade é que três pessoas nem sequer apareceram, e algumas das que foram, ficaram com fome, porque não gostavam de nenhum dos pratos! Na verdade, num grupo tão grande, já sabia à partida que seria impossível agradar a todos, por isso tive que me organizar para tentar agradar à maioria.

Ora, comer, dormir ou beber água são bases essenciais da nossa existência! E mesmo nestas é sempre muito difícil agradar a todos! Imaginem agora isto num partido político. Obviamente, quanto maior fica o partido, o seu número de membros e a sua base eleitoral, mais difícil é agradar a todos. São as chamadas dores de crescimento…

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Fazer a transposição da opinião de três pessoas que não apareceram para o almoço de domingo para uma opinião de grupo, é um enorme passo! 147 pessoas foram almoçar, e dessas, apesar de algumas não gostarem da comida, foram na mesma pela companhia e convívio. Fiz ou não uma boa escolha? Os números não mentem, obviamente que fiz, a esmagadora maioria gostou do que tinha para almoçar…

O mesmo se passa num partido! Existirem membros de partidos que não se sentem em algum momento representados é algo perfeitamente normal, e quanto maior for o partido, mais serão as vezes em que existirão membros com discordâncias! E isso não é um problema, é a normalidade. Problema é um partido onde todos falam a uma só voz! A inexistência de discordâncias só tem uma justificação, a falta de liberdade.

Quando se trata de servir refeições para grupos grandes é sempre impossível agradar a todos! E aqueles que não gostam têm sempre outras opções. Podem ir comer fora, comer em casa ou até irem apenas para estarem junto daqueles com que mais se identificam. Certamente nunca ninguém voltou costas a alguém por essa pessoa não gostar da mesma comida!

O que é certo é que já me convidaram para organizar o almoço seguinte, e parece que desta vez será para 200 membros da associação a que pertenço, a associação recreativa dos amantes da liberdade económica, política e social!