Existem várias teorias que tentam explicar o crescimento do populismo nas democracias ocidentais. Dos vários fatores impulsionadores destacam-se o drama do desemprego e a estagnação salarial. A primeira vitória do populismo no século XXI foi o referendo do Brexit em junho de 2016, onde as regiões com maior taxa de desemprego votaram maioritariamente para sair da União Europeia (UE). O alargamento da UE para leste fez com que milhões de emigrantes fossem para o Reino Unido à procura de uma vida melhor, ocupando os mesmos postos de trabalhos que os britânicos com ordenados inferiores, e competindo diretamente com eles. Isto criou uma pressão no mercado laboral que estrangulou os ordenados das famílias britânicas de classes mais baixas.

No Reino Unido existe um grande número de britânicos com baixa qualificação, e que quando enfrentam uma frente de jovens europeus mais qualificados, encontram muita dificuldade em arranjar emprego. Esta baixa qualificação começa, como sempre, no sistema educativo.

A particularidade do sistema educativo britânico é não existirem reprovações. Os alunos avançam de ano de acordo com a sua idade, tudo em prol da integração e o bem-estar dos alunos. Escondido debaixo desta ideologia existe uma consequência nefasta, o prestígio do ensino público.

Ao reduzirmos a avaliação dos alunos criamos um facilitismo perigoso que desincentiva o método de estudo e de trabalho essencial na aprendizagem das gerações de amanhã. Os pais abastados que procurem mais exigência acabam por colocar os seus filhos em escolas privadas que garantam uma melhor aprendizagem.

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O ensino privado é bastante valorizado no Reino Unido devido ao facilitismo do ensino público, destruindo o elevador social que as democracias ocidentais devem promover. Devemos analisar o que se passou no Reino Unido e tirar elações desta experiência educativa.

Defender um ensino público de qualidade é defender um alto nível de exigência nas escolas para garantir que todos partam em pé de igualdade. A exigência não se deverá cingir só aos alunos, sendo que também precisamos de bons profissionais a lecionar. Hoje em dia, em Portugal, a profissão de professor está bastante desvalorizada e envelhecida. Devido à dificuldade de entrada de novos professores nas escolas públicas são os jovens licenciados com menos saídas profissionais que se tornam professores. Se queremos bons professores a lecionar os nossos filhos temos de criar uma carreira docente exigente mas premiadora de acordo com a prestação dos professores.

Não há melhor integração para um aluno que um professor exigente e preocupado que lhe permita aprender e questionar o mundo que muda a uma velocidade estonteante. A capacidade de adaptação, de trabalho, e a autoformação são das ferramentas mais importantes para os empregos do século XXI.

O mercado laboral é bastante competitivo e é necessário preparar as nossas crianças para os empregos de um mundo global. Isso só se consegue alcançar com exigência e trabalho, não com boas intenções.